quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Retrospectiva




A leitura dos feitos começa
a veste que resta do tempo é perda
estamos nus nos problemas
tiram nossas roupas e direitos

Nos machucam o corpo
nos mandam embora
pulam em cima e proíbem falar

A dor e sofrimento fecha dezembro
essa agonia é para todos
ninguém a quis mas ela está ai

Eu me defendi do outro
mas causei fatalidade e ausência
eu preferia dele ter me dado a surra novamente
dessa  falta de amizade sem respeito
que nutria pela minha pessoa
vazio de carinho eis a doença humana

Não suporto os falsos dos dias
pseudo super heróis que não voam
os livradores que me querem preso
os amigos que me tratam como inimigo

Cada gota de veneno perdida
no canto do ralo da boca
oh frieza horrível das palavras

Terminamos o namoro loira
perdemos o trabalho preto
vomitamos na cidade branco

Ano perdido numa ilha deserta
ah mundo fora do trilho
o curso é frio está fixo no coração
o homem fica mendigo
a mulher vai parir uma fome
a visão da fumaça não é filosofia
tratamos de descobrir no agora
puramente ela é poluição mesmo

Discutimos política de meia titica
não fazemos nada e gostamos do vazio
truques banais para comer comida do lixo
lances espetaculares para beber
água suja de boteco fétido com rock

Uma flor bonita eu vi
foi a única coisa bela do ano
eu senti o seu perfume
mas não sei se ela vive

Vi perigos
amigos doentes
perdas de casas
culturas de atrasos

Uma notícia de mentira no jornal pra se limpar
de uma comida  feita em mídia
manipulada para ser ruim

A tristeza no coração editada de verdade
o ano acabou com muita da vida

Talvez  o ano não acabe mais
seja assim para os restos
dessas migalhas de vidas

Pobres e tristes
meninas e meninos
choramos o gênero
um espetáculo de horror
essas nossas vidas







( Com dor no coração, Monotelha ) 

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Despedida e Chegada



Minha alegria foi embora
pela porta de entrada
saiu flertando com saudade
me olhou nos olhos e chorou

Oh alegria em alergia
doente e em fuga de mim
eu me despeço e me vou 
todo também triste

Em momentos difíceis
que eu a ajudei de coração 
em batida de carinho
agora esse bate bate sangue
é assim fraco infartado 

Perdi um amor
o trabalho e uma festa
só pude sair  com  lágrima
azeda e amarga da vida

Apenas vou e me despeço
com toda a tristeza lá na frente
me esperando para  namorar

Nessa nova cidade
vou entrando pela saída
existem as placas que devo 
sem vacilo me guiar
sem a mínima vontade de ir
mas que vou seguindo

Pelo caminho o vazio
a cada passo 
dentro do buraco
fica mais pesado
me afundo mais

Minha pegada deixou marca
em corações pisados dentro do frasco
pedaço enquadrado do urbano

Na verdade ninguém vai chegar
e realmente não se vai sair
mas é um rumo que se segue

O novo lugar inútil é triste
tudo se fica de lado
largado numa calçada
esperando a carona de uma comida
um pouco de água e a cama
para ter o pesadelo de toda noite
que sempre resvala para o dia que vai começar

Puramente em direção ao  nada
eu vou chegando
onde não há o amor
ou ódio germinado
nem falsos amigos
muito menos amizade
é apenas a solidão em toda parte



.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Uso Capião



Ocupe meu coração
está desabitado e silencioso
ele é uma casa envelhecida

Há poeira pelas paredes
janelas quebradas
portas que emperram

Não existe morador
está sem água e luz

Havia família e festa
agora só resta o vazio

Uma enorme casa
cheia de cômodos

Área de lazer e jardim
abandonados como lixo

Os anos se foram
deixando apenas cinzas

É uma casa no fim de uma rua
fica numa suja cidade grande
ela é escondida no meio de tudo

Os donos foram embora pra longe
largaram móveis confortáveis e utensílios
queriam mais conforto que essa casa


Por favor venha assim que puder
mansa, pacífica e ininterruptamente


Ocupe meu coração com uso capião



MonoTeLha

domingo, 23 de outubro de 2011

Timidez





Não sabemos o que dizer
mas estranhamente
está tudo escrito por ai

Letras caladas pela gritaria
sem saberem o que fazer

Florestas queimadas são os textos
as poesias as ruas imundas
os seres arremetem as frases
suas dores os sinais de exclamação

Mas as pessoas estão tímidas
sem força para ver o belo

Há pichações nos muros
letras de música e pinturas
além de filmes e peças teatrais

Histórias de contos de fadas
esculturas e danças antigas
mas a timidez não vai embora

Buscamos conversas e diálogos
encontramos internet e celular
nenhum contato físico tido

Fazemos relatos de feitos
sonhos e vontades cheias

Mas é o vazio que enche
o cérebro do coração

A voz sem dúvida está cansada
cheia de força bruta que se esmaga
num anceio de pronunciar ao ouvido
algo muito difídil para se entender
que mesmo parecendo fácil
nem gritando é possível
tudo se reprime e se gela

Estamos todos longes do simples

Uma rádio fora do ar
transmite melhor o que somos
o que fazemos com nossa solidão

A falta de sintonia em existir
fazem os humanos defeitos
que nos desfazem amizades
choramos de verdade sozinhos

Foi para lá num passado imaginário
o futuro querido as coisas do presente

Há só e suave
um gemido que se espreme
entre as coisas da vida

Mortais que somos
nos tornamos bobos

Podemos se defender de nós mesmos
o ataque ao próprio corpo é evitável
trata se de uma defesa legítima
a agressão que a timidez fará é iminente
é preciso se proteger do acanhamento

O gemido come primeiro o cérebro
a história e depois o coração


É preciso amar
é preciso o amor





MonoTeLha

sábado, 10 de setembro de 2011

O Bonde





O bonde vem de longe
quebrado e antigo
descendo a ladeira
com freios de miséria


Motorneiro em desespero
esse barco vai afundar
no poste da curva


Pessoas passageiras
esmagadas pelo Estado
calamidade pública
vidas desprezadas
decepção é a estação


Tragédia estampada
gerência bem paga
sucatas reutilizadas


Fora dos trilhos
a vida vai ao precipício
o francês que cai
o povo que se vai


Os arcos dos fatos
e um bonde em cima
chamado perigo



Monotelha

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Falecimento do Amor



Eu passo mal
só de imaginar
o lance final

Não haverá beijinhos
nem os carinhos

Terminar o sonho
e nosso sono juntos

Não dormiremos
num ninho agarrados
nada de lábios que se molham
é o fim dos orgasmos
e risadas gostosas

Não há o céu e inferno
nem deus e diabo
é só o tchau eterno

A morte que separa
atrapalha o coração
faz a amizade e amor
virar poeira e ilusão

Você diria
grato amigo
Eu diria
obrigado guria

Sentiremos saudade
de discutir relacionamento
vontade de pensar o mundo juntos
de badaladas artes e viagens

Pra quem fica
memória e lágrima

É difícil empurrar
o carro da vida

O tal Eu te amo
é o Eu não te vejo
não te agarro
não há o abraço

Dizemos pra vida
Ah não
A vida só responde
Ah sim

A morte colocará
seu ponto final

Não nos veremos mais






MonoTeLha

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Viagem do Ônibus 485





Entrando pela saída

eis o passeio
lendo o letreiro
seta para baixo
vamos subindo

O motorista não viu
que somos atores
para essas câmeras

A passagem é ir e vir
sem pagar o absurdo

Não se viu o cobrador
eis o moço do ônibus
o trânsito
a máquina
o desemprego

Ator e a atriz
bem assim

sem nem um centavo
burlando e sendo
cada um feliz


Poema em homenagem à poetiza Alice Solto

MonoTeLha

Passeio pós moderno




Não sei o que é

nessa rua apagada
se é amor
ou ódio puro

um inimigo
ou amigo

mas vou seguindo
abrindo o caminho

A rua apagada
é vida pós moderna
volta como pré história

Somos eremitas do passado
sem as velas
Somos seres urbanos
sem as lanternas

Nesse meio dia
quarenta e cinco graus
valoriza a máquina
e não o animal

Há satélites lá em cima
e internet aqui em baixo

Não há como saber
qual empresa vai matar
e o governo a sua lei
na veia do corpo
envenenar no pacote

Parece tudo vendido
para o tio sam
ou um dos chineses
talvez para o europeu

Não há como saber
quem o quer abraçar
sem nas muitas latas do lixo
criar para sua vida um anexo

Segue o caminho
para casa ou precipício
as placas empurram
nessas ruas imundas

oh cheiro no ar de ilusão

Sopra um vento frio
de alta tecnologia
damos abraços para esquentar
em salas de bate papos
altamente virtuais

Ai a gente se despede
andando pela rua apagada
sem saber quem somos



MonoTeLha

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Estudantes de Realengo


Os alunos foram reprovados

nota zero obrigatória

aplicada a inglória

barbárie aos pequenos



Mortos na biologia

apagados da história

subtraidos em matemática

censurados na literatura



Cada tempo de aula

sem os presentes

apenas ausências



Expulsos do colégio

chamado vida


Estudantes de Realengo


Restam apenas saudades

e uniformes vazios



MonoTeLha


quarta-feira, 9 de março de 2011

Fuga do Planeta




Não me sinto alegre nesse porto

vejo que não há nem o seguro
nem o ar de são paulo é puro
o rio de janeiro tá cheio de esgoto
as minas gerais estão desabadas

Não tem essa de espirito santo
e a amazônia tá uma zona
na bahia uma barra pesada
Vi o acre tá sem entrada nem saída
não curto o racismo de curitiba

O recife destrói todo o meu barco
e em florianópolis não nascem minhas flores
Me canso de fortaleza em ruínas
desse rio grande do sul de frieza
Não vejo o tal belo horizonte
em manuaus tá tudo mal

Estou sem lembrar das cidades
seus prédios e indios mortos
as metrópoles que me expulsam

Ando querendo ir viajar
pra fora do brasil e do mundo
os outros países também são imundos

Puxa queria ir voar
partir indo para outro planeta
qualquer que seja diferente o lugar



MonoTeLha

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Motorista Assassino





Declarado a morte do ser amado
por um carro passado em cima
com suas rodas de crueldade
a antipatia como combustível
guiado pelo monstro social

Lágrimas molham bicicletas
entortadas junto aos corações
o chão com sangue derramado
é a desgraça pela rua lavada

O acelerador do carro
é a peste no corpo da vida arrancada
há um vomito de lixo fétido
jogado na direção da esperança

A multidão toda faleceu
a via inteira se perdeu
as pessoas dos prédios
o trânsito de carros ...

O poeta também morre ali
se feri e sai de coração despedaçado
Sobram as carcaças e rastros
os danos espalhados pelos cantos
gemidos de dor e pura revolta

O pessoal da bicicleta atleta
o cara assassino do carro
a rua poluída e cinza
compõem as vias indignas
da triste vida de cidade maldita


MonoTeLha

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A Escolha






Não quero sair do olho do furacão
muito menos da tempestade
quero o frio e o calor extremo
a vida na pele assim batendo

Desejo balançar no terremoto
sentir tudo até os ossos
estar firme e não largar

Entrar de vez no problema
mergulhar nesse esgoto
comer esse saco de lixo
viver essa metrópole

A catástrofe vai me conhecer
receber o cartão de visita
seus estragos me abraçarão
eu a beijarei em sua louca boca

Olho no olho
o furacão e eu
sem parar o olhar
Sem desistir
nem cansar
decidido enfim
de ir até o fim










MonoTeLha

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Poluição Sonora






O sinal está tocando
alarme contínuo na cidade
as sirenes da polícia
o barulho dos motores

Estrondo numa esquina
uma obra em suas vias
as buzinas e os tiros

Avião e o trem sem parar
passando perto do menino
que fica direto a berrar

Gritaria e choros
sons estridentes
máquinas e ruídos

Os barulhos entulhos
dentro do ouvido surdo







MonoTeLha

Visão




Olho o mundo

cada centímetro dele
vendo o coração em ataque

As estradas do horror
os campos pegando fogo
os refugiados para o nada

o sangue derramando
o massacre aplaudido
em todos os dias

a imundíce
a contaminação nuclear
devastando a pele do mundo

o planeta
seus desertos cheios de sede
os mares sendo esgotos
e todo lixo de horror

a Terra
dando seus suspiros
os meninos mendigos
as meninas feridas
as imagens minhas e suas
num álbum de família falecida

Olho o humano

o medo e a dor
o continuo horror

A montanha de mortos
os animais embalados
a esperança destruída
a vida toda indigna

Acho que vejo
até a cegueira

a falta de voz
o nó na garganta

a ausência de sabor

sentido a sede
morrendo de fome

Olho as horras passarem


MonoTeLha

Pontualidade





Está na hora é exato o agora
os estudantes serão reprovados
e salários mal pagos
a hora do machucado
momento de desamparo

Minuto da entrega do lixo
segundos da dor forte
o fim do analgésico
a hora da sede

Esse é o momento certo
a violência é o sucesso
a guerra e sua audiência
mídia de massa que esmaga

Está na hora é agora
o coração parar de bater
da miséria crescer

As lágrimas cairem
junto aos mundos 
num abismo de tudo





sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Canto




Eu paro e desisto
não arrisco o sorriso
estou caido no chão
o tapete foi puxado
de toda boa vinda
ficando apenas a partida

O canto escondido
é agora um bom abrigo
entro devagar e vou ficando
me escondo assim parado
dentro do meu desamparo

O sonho saiu e entrou o pesadelo
a alegria para longe foi viajar
a senhora tristeza mudou pra cá

Vendi meu coração para dona mágoa
abri os braços pra solidão me agarrar
deixei os poderosos me pisarem
os mais fortes me batem com força
eu apenas entrego meu cadáver

Não vejo sentido nas placas da via
minha vida perdeu o sentido
quase que de tudo desisto
mas sobrou o canto
nada mais e nada de menos
apenas esse canto



MonoTeLha

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Despedida




Vejo ao longe
a despedida que vira
meu corpo todo uma
feia e dura ferida

O vazio a única ponte
última visão de flores
ah o cabelo sumindo
via única para o muro

Uma estranha droga
estampada e com fotos
no meu jornal mental

Ah que vida
acaba na fila seguida
vai embora, amarga hora
pegar o trem que já vêm

Sobram os restos
a bomba solidão bebida

Eu sonho dentro do pesadelo
Quero minha cadeia aberta
pensamentos prisioneiros livres
meu choro saindo

Te quero oh vida
mas já é como um cadáver
uma bela suicída menina

Tantas coisas ruins
vazios que enchem a vida
violência nessa demência

Sentimento de fim de mundo
meu mundo nesse luto
rompimento da impenetrabilidade
bate o coração com dor

Quero o hospício solto
loucos todos saindo
minhas lágrimas gritando

Esperança morta a queima roupa
tiros de munição cheia de dinheiro
o corpo em desespero pleno

Queria andar pela rua
mas a cidade sitiada me para
minhas lágrimas caem chorando



MonoTeLha

Desabafo






Eu olho a tela fria
espero sair
entrar pra fora
solidão maldita

Sinto vontade
tendo o desejo
de ir embora
nessa hora
vazio aqui
coração
cérebro

Por favor
analgésico
anestesia

Por favor
chega de sentir
ter raciocínio
ter fome e sede

Não quero dormir
esse frio me gelou

Há gritos em mim
tenho vontade
tenho desejo

morrer

Morrer não voltar
não mais viver

Morrer sair daqui
puxa por favor

deixe-me sair





MonoTeLha

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Família




No olhar para o espelho
há um olá para minha família
sou a foto negada no álbum

O seio é pedaço de mãe
o pênis um pai
cérebro avô
espinha avó

Pernas tia e tio
pés primos
pensamentos filhos
meus irmãos os olhos

Estou doente de saudade
só restou o eu no reflexo



MonoTeLha

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Hino de Necrópolis





Oh cidade sepultura
onde o mar poluído vomita
em areias mortas litorâneas

O sol devasta a terra massacrada
Teus rios regam de venenos

Tu ficás cidade num pesadelo

Censura na história inglória
a cantar teus desencantos
teus céus poluídos
os seus enfermos
o seu desespero

Anos e amos do fracasso
um passado presente e futuro
em puro colapso destroçado

Perto o infortúnio de todos os espaços
a domina pedaço por pedaço

Espalhar se a desgraça em suas vias
coisa normal de seu dia a dia
Nada se ilumina em suas feridas
eis a cidade que arde doente

Os donos a fazem morrer
todo o ser sofrer e apodrecer

Oh cidade mundial
suas ruas ao abismo
sua saída o suicídio


MonoTeLha

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Tédio Funesto







O tédio no coração
com a falta de vida dentro
tendo um cérebro preconceituoso
relações de muros nunca de pontes
na vida disfarçada de luxo
sendo simples e puro lixo

Não recebe pobres
não divide os dólares
o privilégio é mero tédio
solidão amargura e ilusão

As noites vão caindo
os dias seguindo
os minutos são horas
que não passam

Há anos que é assim
ida triste de solitário infeliz
sem falar com nem um bicho

A vida vai acabando
fase adulta já velha virando
a diversão é ficar calado
sem sair de casa

O tempo come a maior fatia
a fome de vida anestesiada
justamente por fazer o nada

Nem a tecnologia anima
a tela fria de computador ou tv
também se esqueceu de você

Sem amigos nem queridos
falta de visitas vida vazia
estadia do tédio de todo dia

Futuro cadáver que vai feder
sozinho até o fim da saída
receber o carro da funerária
para embaixo da terra fria
continuar permanecendo parado




MonoTeLha

Óptica da Realidade




Olhando para os lados
vendo a vida em desamparo
o caminho ao trabalho é um fardo
ver o povo alienado e sem direitos
pagando alto para ficar sempre em baixo

São conduções caras pagas
transportes como correntes
presas no corpo todo

Hospitais públicos cemiteriais
tratando pacientes doentes
como sacos de lixo e entulho

Viciados de crack nos cantos
gemendo suas fumaças
seus corpos em carcaças
arrastam a vida no centro

Escolas puras esmolas
meninas e meninos sem futuro
pra conseguir no máximo ser escravo
ganhando poucos centavos
não conseguindo morar e comer

A poluição invade essa ida
a vida numa espessa neblina
grosso caldo de morte

Antes de entrar para trabalhar
momentos antes de dar meu sangue
para ganhar o mínimo falido
vejo um corpo caindo do prédio rico
Observo que os que passam gostam
uma alegria encantada pela desgraça

Minha mágoa humana bate cartão
numa máquina da tristeza capitalista

Uma lágrima cai para dentro do abismo de mim



MonoTeLha

Hino Nacional



Oh marcha fúnebre nacional
cada ser solitário te ouve
piano tocado como lágrimas
que vão caindo frias
continuando o som triste

Como se a miséria fizesse carinho
ela passeia pelo corpo dos pivetes
a morte prepara o seu berço

Roncos de fome e arrogância
aviões supersônicos com bombas
fazem sua parte a todo instante
nome e sobrenome de melodia
horrível de autor a seguidor

A tinta da sede cravada
escreve sua partitura completa
o ranger do barulho da sepultura

Terra capitalista brutalizada
o estupro é cartilha para as mortes
milhares de soldados brigando
por centavos e nem alimentados

Estouro dos tímpanos sujos
em notas dadas para vidas
esmagadas e pisoteadas

Canção da pura destruição
ensinada de manhã bem cedo
em escolas preparatórias
para extinções mundiais
aprovadas com pontuação máxima








MonoTeLha

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sede


Sentindo sede

Sede apenas

Sem ter onde beber

Viver virou um copo vazio

Beber água é coisa de rico

Sentindo sede

Sede na vida

Não há como caminhar buscar em outro lugar

Engarrafada e cara

Eis a desgraça da falta d´água

esgotos bem cheios

Reservatórios vazios

Sentindo sede

Muita Sede

Apenas sede

sede




MonoTeLha

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Radioatividade




Diga olá para a radiação
veio afinal na sua casa
visita convidada permitida
entra sem bater e no silêncio

Nossas células dizem olá
para um câncer chegar
os filhos do futuro abrem
os parentes também

Árvores de natal se dissolvem
guardadas do cristianismo
cartões postais do islã nem chegam
judeus não comemoram ano novo
novos neonazis sorriem
pátrias patriotas se movem

A radiação sem fronteiras
as medidas de benefícios
todas caem do céu
entram nas terras
até o abrigo sem lar

Lixos nucleares de presente
mesmo para todo esse futuro

Um fala para o outro
um diz para o sufoco
religiões se apavoram
religiosos são mortos
políticos igualmente

O resto se reúne deformado
países em colapso pelos atos
nem pianos nem pianistas



MonoTelha

Polícia Psicopata




Os policiais vieram dizer ajudar
para todas as balas nos inocentes
que são doces dados de graça

A defesa do patrão é garantida
maus salários serão pagos
o brinquedo novo é comprado

Aceite as leis vocês
lambendo a bota
vomitando sangue

A civil vêm ai
a polícia do exercito também
a federal e a secreta
para sempre deixar o povo
pisando na merda

O povo alienado não vai ligar
a corregedoria é do estado
arrasado de família normal
vai entrando na cova
está tudo controlado

Não há nada de errado
sua região será vigiada
o perigo afastado
a polícia é boa
cale a boca

As drogas do sistemas liberadas
pobre pague a conta
sua luz e sua água cara

Mulher sua revista e morte são pagas
defender a si é cavar as covas
mas saiba é proibido atirar em mim

Homem desobediente
as coisas não são bem assim
a polícia veio servir e proteger
a sua morte segura e garantida

Ordem para os pobres
progresso para os ricos
ame a colonização
solidão e desumanização

Os bonecos do estado
vão arrancar todos seus pedaços
não adianta reclamar de maus tratos
Uma cadeia fétida e insalubre
uma proibição de se revoltar
atirar na cabeça policial nem pensar
siga os filmes o inimigo é o pobre
exemplo é o norte americano
um rico europeu tudo dominando

A polícia está trabalhando
junto com os de outra barbáries
amiga dos juízes e estados
sua fome e sede diz simples
morte ao ser de todo você
obedeça tudo ao viver


MonoTelha

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Burocracia





A fila não anda
ela rasteja lentamente
para receber a esmola

As costas sempre tortas
levando privilegiados
a cada passo mais pesados

As vezes recebendo anestesia
colheres de sal e migalhas
trapos coloridos enfeitados

A fila possui televisão
com seus tapa olhos visíveis
um guarda armado orientando

A fila vai seguindo viciada
indo sempre em direção ao nada
ganhando tapas na cara pelo caminho

A fila é para entrar em outra fila
em seguida entra se na próxima
que vira a esquina
a quadra
o bairro
o estado
o pais
o mundo



MonoTeLha

Estadia





Sentado na beira da sarjeta
abismo do mundo moderno
balançando as pernas cansadas
de tantas voltas dadas pela vida
sem nada que alimente a barriga

A mente fica nas pessoas passadas
caixinha de surpresas feias
a despedida forçada
a queda da alegria
o coração se torna frio
e o corpo triste

Todas as coisas erradas do mundo
batem na porta da frente
são marretadas que machucam

Levanto a cabeça da depressão
vejo o cinza da cidade que entra forte
a respiração pesa igual caminhão
sinto arder por dentro a morte

Não tenho o que esperar
só queria que tudo acaba se
que a vida fosse embora
sem tanta dor gratuita
serviços públicos de merda
gente morrendo pela guerra

Ah maldita estadia na vida
problemática e vazia
problemas subindo pelo bueiro
pela sarjeta vejo o caldo
transbordando pelo mundo

Vou me afogando
sem sair do lugar
a vida sem mudança
vai indo virar toda uma ferida
com moscas em cima
rindo da patética vida



MonoTeLha