segunda-feira, 12 de maio de 2014

Agonizando






Vida livro apagando
fogo sombrio suave 
madrugando temor
cegueira iniciada
areia aos olhos nossos
céu cinza sem faxina

Estamos tristes em cifrão
ofendidos em cegueira
feridas no corpo copa
catarro futebol verde amarelo
tv hiv para você hepatite c
escola esmola apenas piora podridão viva
doença hospital de morte

O cão morde gato
a ratazana sorrindo
coração concreto racha
existência terrestre beco sem saída
planeta profundo afogamento

Ignorância ligada
fios na usina nuclear
carícia via boneco robótico
canal aberto solitário
show espetáculo
preço alto e caro

Lambo o chão em beijos
carinho na parede urbana
amarga  loucura açúcar refinado
a fila anda em círculo
dou lugar ao mestre
ridícula escola vida
me agride rotulando de violento
por apenas vivo
ler você
outro eu
humanos somos
proibidos

Me querem voando abismo
queda gravidade
rir de tristeza alheia
assegurado tijolo cela
areia em boca
ódio empurrado
inocência proibida
idem defesa
querem aids

Acabo por pensar
suicídio embrulhado
comer em casa
dormir em rua
corte de navalhas
queda  de prédio
fim da perseguição
doce fim
algodão morte
parquinho









quarta-feira, 7 de maio de 2014

Tempo Perdido







Frio  mendigo
avenida cidade medo
rua esquina perigo
gélido verão 
aquece a ilusão mundial
oh tempos nossos

 Chuva de lágrimas
molha pesadelo acordado
enchentes no sentir e pensar
tristes maios ou dezembros
ano inteiro ânus ao estupro
tanto faz corpo roubado
trabalho  salário todo escravo
longo outono cansaço

Injusta empresa transporta gente
uma presa pressa engarrafada
trânsito  inerte trágico
 animalesca viagem carne dolorida
perversa lida dos dias açougue
imóvel frieza lentidão humana
inverno infernal

Futebol seleciona escola vazia
hospital é um leito corrupto infectante
sempre há guerras biológicas por cifrão
desamparo capital alado
país emoção em ruína
ausência do teto
 primavera sem terra

Planeta virou cidade
triste proibida árvore
frutos negados
 arma assalta vasto pobre
injusta riqueza em cargo
doença civilizada agonia
viva extinção gratuita
horda sobrevivente solitária
vento na fresta na cara do fim mundo
humano bruto
cheio de vazio

Sinal verde aberto da exclusão
classes dominantes e dominadas
governos doando overdoses
drogas na fuga
nulo futuro
entulho

Caminho anti-livro vivo
passeio você e eu
eles em mãos dadas para nos separar 
estão alegres pela tristeza daqui
insanos covardes violentos caquéticos
vomitam sua bílis preconceito
 poder apodrecido vício
deturpa cavalo de aço vital
macabra mentira esfregada
nossos rostos ralados
bocas cortadas em censura
caem em cova rasa
agonia tempo
vento nuclear

Vida passageira eterno rascunho
mapa inacabado pela destruição
aplicam dores no peito quente
bate o coração em parada do ônibus cardíaco
 proibem a todos o amor ir e vir
explícito carinho negado cor cidade
um restaurante chamado fome&sede
saudade e solidão nossa
s.o.s poeiras
nós





Churrascaria






Casa churrasco gira seu perigo
humano mar molho problema
navega gosto plástico caldo
petróleo ao ar fumaça
navio sabor aço tomate
caçando baleias ou bovinos e golfinhos
perseguem galinhas meninas
brigam batendo em carnes pacíficas
gula aparelho de jantar social
 frio inox endereço
planeta

Sem sentido horizonte
sendo carcaças saúde
uma escola sucata papel alumínio
hospital mosca varejeira
faca cortante dos sonos cama de insônia
gritos para música alto grude madrugada
lavagem aos pobres

Metal pesado boca chamuscada com alecrim
línguas alienam petiscos corantes
câncer nosso tempero folhas de processo
alimento prazo de validade vencido
gordura dívida etiqueta
vírus bicho
vós

Vida urbana fétido perfume de comida estragada
visitantes ricos ao restaurante arroz algoz colorido
prédio e viela de veia velha ao organismo colapso
antirural lata do lixo arbóreo salada ausente
queimada amazônica paulista na panela
rios de janeiros do absurdo sal grosso

Batata machista porrada masculina
carne machucada feminina
outros seres machucados legumes
tudo pronto ao forno complexo
alta temperatura testemunha
aquece violência antiga indesejada
fogo aceso no prato predileto
cardápio histórico infeliz
indivíduo biscoito enlameado
paladar enjoativo nada bonito
destempero bruto agridoce
 indigestão da tristeza para todos
banquete depressivo de famílias

Frigideira da farofa mentecapta orgulhosa
cozinha industrial para azeite azedo
pães duros como entrada
pessoas salsichas nadam piscinas líquido dinheiro
poder dono da rede alimentícia
máquinas de moer carne pobre
devorando almas
almoço executivo perverso
vida privilégio
meio dia

Cagam fezes fúteis empregatícias
podridão agoniza o agora
depósito a céu aberto pessoas restos
pano de chão para esgoto
limpeza ao vomito esperança
chamam isso  trabalho
chamo tristeza
nome próprio
garçom
apelido eu

Prato principal animalesco
voando pelo pesadelo sal grosso
céu sol queimadura na pele viva
terceiro grau alucinado avião em queda
carne presa mastigam com ferro
me querem nele estar quando cair
tenho sim tráfego acidente horror filmado
televisão manipula sobremesa sofrimento
querem culpa e condenação com cuspe na cara
sabor ameaça social montada
tristes fatos do cardápio
saudade

Entregam meu coração galinha ao lixo
pisam nele com ódio óleo queimado
gratuita agonia dos dias lanches vazios
palitam os dentes macabros
chefe de cozinha promotoria
toneladas de alimentos presos
latas de detritos campo de extermínio
sociedade restaurante neonazista

Desespera fibra alimentar
perseguem inocência chamando gruindo
 a feia gástrica autoria da legítima defesa
como culpa perversa punitiva pimenta aos olhos
churrasco de minha carne processada
 querem presunto
mortadela injusta
croquete velho
carne doente

Socorro vegetariano
sonho flor
justo livre
são






terça-feira, 6 de maio de 2014

Garganta de Lamina







Febre flor em chá
sempre tarde
noite doença delira 
danço palavra
agonia gripe
dona dores vêm toda
sexo morte

Remédio mais sintoma
 hospital  destruir saúde
fila pedinte ala infectada
limpeza nota zero prova de ciências
caminho corredor lodo invisível
governos atacam o nós

Lixo ano novo
loucura e pesar
balança de carne 
suor frio

Quente temperatura
forno pessoal
ódio frio lá fora
dentro afeto
dor

Febre alucinação
ônibus batida
parada vento sujo
a nova praia banha
estamos doentes
não adianta você fingir
hora do lanche estragado
café de lama
sorriso perigo

Identidade crucificada
querem me prender na cruz
33 anos bons de inventar Cristo
quero ser apenas um ateu
sem visita sofrimento
endereço para a pessoa
querem que abra e coma
o coração dolorido 
poeta 

Socorro febre
pede menos chá do fel
onda ressaca de dor 
desespero largo
 caneta tinta sangue
dedo cortado
viva poesia