quarta-feira, 7 de maio de 2014

Churrascaria






Casa churrasco gira seu perigo
humano mar molho problema
navega gosto plástico caldo
petróleo ao ar fumaça
navio sabor aço tomate
caçando baleias ou bovinos e golfinhos
perseguem galinhas meninas
brigam batendo em carnes pacíficas
gula aparelho de jantar social
 frio inox endereço
planeta

Sem sentido horizonte
sendo carcaças saúde
uma escola sucata papel alumínio
hospital mosca varejeira
faca cortante dos sonos cama de insônia
gritos para música alto grude madrugada
lavagem aos pobres

Metal pesado boca chamuscada com alecrim
línguas alienam petiscos corantes
câncer nosso tempero folhas de processo
alimento prazo de validade vencido
gordura dívida etiqueta
vírus bicho
vós

Vida urbana fétido perfume de comida estragada
visitantes ricos ao restaurante arroz algoz colorido
prédio e viela de veia velha ao organismo colapso
antirural lata do lixo arbóreo salada ausente
queimada amazônica paulista na panela
rios de janeiros do absurdo sal grosso

Batata machista porrada masculina
carne machucada feminina
outros seres machucados legumes
tudo pronto ao forno complexo
alta temperatura testemunha
aquece violência antiga indesejada
fogo aceso no prato predileto
cardápio histórico infeliz
indivíduo biscoito enlameado
paladar enjoativo nada bonito
destempero bruto agridoce
 indigestão da tristeza para todos
banquete depressivo de famílias

Frigideira da farofa mentecapta orgulhosa
cozinha industrial para azeite azedo
pães duros como entrada
pessoas salsichas nadam piscinas líquido dinheiro
poder dono da rede alimentícia
máquinas de moer carne pobre
devorando almas
almoço executivo perverso
vida privilégio
meio dia

Cagam fezes fúteis empregatícias
podridão agoniza o agora
depósito a céu aberto pessoas restos
pano de chão para esgoto
limpeza ao vomito esperança
chamam isso  trabalho
chamo tristeza
nome próprio
garçom
apelido eu

Prato principal animalesco
voando pelo pesadelo sal grosso
céu sol queimadura na pele viva
terceiro grau alucinado avião em queda
carne presa mastigam com ferro
me querem nele estar quando cair
tenho sim tráfego acidente horror filmado
televisão manipula sobremesa sofrimento
querem culpa e condenação com cuspe na cara
sabor ameaça social montada
tristes fatos do cardápio
saudade

Entregam meu coração galinha ao lixo
pisam nele com ódio óleo queimado
gratuita agonia dos dias lanches vazios
palitam os dentes macabros
chefe de cozinha promotoria
toneladas de alimentos presos
latas de detritos campo de extermínio
sociedade restaurante neonazista

Desespera fibra alimentar
perseguem inocência chamando gruindo
 a feia gástrica autoria da legítima defesa
como culpa perversa punitiva pimenta aos olhos
churrasco de minha carne processada
 querem presunto
mortadela injusta
croquete velho
carne doente

Socorro vegetariano
sonho flor
justo livre
são






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