quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Tristeza e Frio







Multidão gemendo em coro
escorre pelas ruas com fel
preenche copos de cólera festa
somam cubinhos profundos de fezes
acrescidos com gelo social adocicado de alienação
uma plena amargura enganosa aos nossos dias
dança na beira do abismo
bêbada e triste
eis açúcar que não salva
nem alivia vida
oh nós


Um chuva ácida sensação
gotas de lágrimas fúnebres gratuitas
fere com seu frio pago de ar condicionado
uma cidade para chamar sua ignorância
vomitando uma bílis fresca
para um forte ausente abraço


Poças de solidão congelada
há o vento vazio sem sementes
beijando esse chão duro coração
um inverno ficou
estações o sabem


Cientistas e padres apodrecem
permeados de lama existencial
caldo lodo cáustico inerte
sem mexer no deserto nuclear
 o químico do ser humano
algo que faça sorrir
banguelas do hospício letal
o perigo diminuir


Já é tarde e tudo se vai
feio para a crise triste
um passeio sem chances
indo a lugar algum
assim fechamos nós
a abertura desunida
um voz despede pedaços
sonho largado


Não há perai
a dor entra sem bater
 prédio rasgado de papel higiênico
um intestino esmagado ao cárcere florido
um grafite pelas paredes
bonitos desenhos inúteis coloridos de dor
pintura rupestre de peste pessoal
trata-se do globo
planeta ao menor ponto
um ônibus passa em cima do amor
idoso Amaral 


Há uma notícia pior
tudo podia ser melhor
mas não dá mais carinho
agressão aos inocentes e banho em sangue
falta de água alegria
agora apenas tapa da cara
navalha e canto sujo
música


Cantam lunáticas mudanças de relógio catástrofe
é um mais do mesmo madrugada maldita
a dolorida ferida viva
ruas da cidade ruína
nem menino nem menina
é a morte adulta
aos pés da sepultura
dizendo pague o resto
o agora velho quilo carne
um bebê flor no lixo
ele é você 
eis o ser


Sou cinza cidade
uma sujeira azeda
minha imagem no espelho
é meu próximo


Assim afundo junto contigo
durmo profundo na fornalha
um inferno de estranhos fliperama
você e eu sozinhos continentais
embalados em violência
não há saída só o fim da vida
como frio da rua
sedento choro nosso
uma catástrofe mundial
minha pessoa
seu ser
nós