domingo, 23 de outubro de 2011

Timidez





Não sabemos o que dizer
mas estranhamente
está tudo escrito por ai

Letras caladas pela gritaria
sem saberem o que fazer

Florestas queimadas são os textos
as poesias as ruas imundas
os seres arremetem as frases
suas dores os sinais de exclamação

Mas as pessoas estão tímidas
sem força para ver o belo

Há pichações nos muros
letras de música e pinturas
além de filmes e peças teatrais

Histórias de contos de fadas
esculturas e danças antigas
mas a timidez não vai embora

Buscamos conversas e diálogos
encontramos internet e celular
nenhum contato físico tido

Fazemos relatos de feitos
sonhos e vontades cheias

Mas é o vazio que enche
o cérebro do coração

A voz sem dúvida está cansada
cheia de força bruta que se esmaga
num anceio de pronunciar ao ouvido
algo muito difídil para se entender
que mesmo parecendo fácil
nem gritando é possível
tudo se reprime e se gela

Estamos todos longes do simples

Uma rádio fora do ar
transmite melhor o que somos
o que fazemos com nossa solidão

A falta de sintonia em existir
fazem os humanos defeitos
que nos desfazem amizades
choramos de verdade sozinhos

Foi para lá num passado imaginário
o futuro querido as coisas do presente

Há só e suave
um gemido que se espreme
entre as coisas da vida

Mortais que somos
nos tornamos bobos

Podemos se defender de nós mesmos
o ataque ao próprio corpo é evitável
trata se de uma defesa legítima
a agressão que a timidez fará é iminente
é preciso se proteger do acanhamento

O gemido come primeiro o cérebro
a história e depois o coração


É preciso amar
é preciso o amor





MonoTeLha