quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Extermínio de Pobres






Atenção toda a população
isso está sendo transmito ao vivo
para cada pobre e falido indivíduo
prestem muita e delicada atenção
é dado início ao plano de governo
em proibições que vieram ajudar

Tudo para o seu melhor
combatendo o que há de pior

Estamos fechando as torneiras
Água é totalmente proibida
não importa a sede adquirida
sabemos o que é melhor pra você

Cartazes são fixados
homens de farda ao lado
ajudando a explicar o que há

Comida agora é total ilegal
não é permito qualquer alimentação
mesmo em pequena quantidade
velhos e bebês não importa a idade

A lei determina não se pode dormir
é obrigatório ficar acordado 24 horas

Postos para eletrecutar
abertos para cada região
choque gratuito ao povo

As moradias devem ser abolidas
favelas não são mais permitidas
qualquer abrigo será derrubado

Proibida permanência nas ruas
viaturas farão as ruas seguras
caso pobres sejam vistos
serão mortos em serviço

Crianças agora são seres ilegais
tratadas agora como lixos nacionais
conduziremos seus corpos ao depósito

Idosos são destroços
inválidos até os ossos
todos serão jogados em fossas

Tudo isso vai ajudando o mundo
pois somos todos queridos humanos
governo que trabalha vai tudo salvando
na atual política mundial funcionando



MonoTeLha

Passeio Urbano




Perdido na rua deserta
cercado de vazio por todos os lados
amparado apenas pelo chão

Andando pelas solitárias vias
indo pela cidade arrasada
pensando em como seguir
mesmo sem ter aonde ir

Sentando nas melhores sarjetas
observando as piores paredes
vendo toda a falta de horizonte

Se jogando em sacos de lixo
como novos detritos enviados
meu corpo urbano em cacos

Pisando em pedras brancas
desviando das pretas e vice versa
escolhendo músicas de poetas
para cantar sem ninguém escutar

Andando pelos cantos
nem me espanto mais
com a miséria embaixo das pernas

A cidade é uma loucura de pedras
seus moradores vivem nas trevas
não há mais florestas nessas terras
então o que se pode é passear
como toques de piano caminhar
de som em som aos toques

Cada passo dado
noturno descompasso
me lanço na noite sem olhos
vou indo seguindo pelos prédios
pelas grandes vias dos tédios

Escolhendo um buraco
aconchego simples e barato
descanso para um pobre desgraçado



MonoTeLha

Berro Incontido



Gritando no meio da rua
arrancando da garganta o ódio
descontente e revoltado
com a fúria posta nos olhos
o rosto expressado stress causado

Berrando para todos o desgosto
pessoas dizendo ser apenas um louco
um ser com irritação total
em seus gritos de animal feroz

Despertada ira escondida
nos peitos esquecida
o momento a fez reviver

O berro emitido da dor do ser
para as injustiças do viver
caindo de tanta raiva
chorando de ódio pelos negócios
mundo perverso capitalista
estados genocidas do mundo

Grita até seu coração parar
ataque cardíaco a estourar

Cala-se o o berro
que era silêncio a vida inteira
gritou até não aguentar
por ter acumulado o pesado

Cala-se o hoje e o ontem
a dor e sofrimento desse homem






MonoTeLha

Noite de Chuva




Os pingos vão caindo
o corpo vai se molhando
os trapos encharcando

Os espaços gradeados
não servem de abrigo
Correntes novas para prender
a falta de proteção ao ser

O frio da noite faz estragos
aos que não possuem casacos
rito mendigo sofrimento indigno

A fome é companheira
a fase do alcoolismo não é passageira
a noite toda numa lama
inteira na desgraça cheia

Chove muito nessa noite
tossindo o sangue
vermelho sofrimento caindo
gotas de água e vida trágica



MonoTeLha



Ser Desumano




O setor de cobrança já chegou
o homem está na porta
quer que pague a conta agora
ou coloca tudo para fora

Você pode pensar nos centavos
no bolso furado ou cair no chão
mas nada muda essa situação

Dentro de poucos minutos
o senhor de rosto sisudo
coloca a baixo sua vida

Batendo já sem paciência na porta
que já se tornou seu coração
esmurrado até o último talo

Ela é aberta com sorrisos
o coração vai sendo cortado
a porta aberta rangendo
as lágrimas caindo para dentro

Começa a jogar gasolina nos móveis
não acredita mais em nada que não queime
Perdeu as costas protetoras do lar
quer ficar louco e abandonar tudo que há

Vai saindo e gritando com escândalos
que o é horrível e desumano
o próprio maldito ser humano




MonoTeLha

Rua Maldita





Uma rua chamada proibida
ela é negada e errada
não dá em nada não há algo ali
de bom para tu nem pra mim

Uma rua pra chamar de sua
pra correr dos muitos tiros
cair no seu chão confortável

Uma rua direta ao vazio
onde passa um rio
em janeiro transborda
pelas bordas o esgoto

Uma rua cobertor para o frio
um espaço para fritar ao sol
local para sentir fome e sede
passar muito mal na sujeira
gastar a vida inteira nela

A rua dentro do coração
passando pessoas pisando
cuspindo e xingando


MonoTeLha

Semana Proletária




Os dias da semana vão passando
empurrados pela capitalismo
seguindo seus frios caminhos

Segunda pra segurar a vida no braço
carregar peso pra ganhar mínimo
dores fomes e homens mandando

Piadinhas dos superiores
no almoço sem tempo
com alimentos sem sabores

Terça para o terror se instalar
apreciar a falta de direitos
os medos e desejos proletários

As dívidas aumentam em juros
o futuro parece um túmulo
nome sujo atrasado no mercado

Quarta é o que parta o coração
desilusão que explora a mente
um patrão vindo com escravidão

Mais valia tentar sair e abandonar
mais se pergunta como filhos
poderiam então se alimentar
não pode sair somente ficar

Quinta desliza sua vida pra baixo
aos amargos pés a serem beijados
um aumento vazio só tormento

Descontado caso chegue atrasado
mesmo que trânsitos engarrafados

Sexta sem a mínima beleza
horas extras e cansaço adiantado

Bebe cachaça até ficar anestesiado
pela toda sua história no trabalho
a exploração que o deixa em retalhos

Sábado trabalhando até tarde
após longa jornada vai pra casa

Insalubre social violência policial
extorsão nas ruas por se parecer
com esses ou aqueles que vão morrer

Domingo cada pingo de lágrima
lubrifica a exaustão repetida dos dias

Tiros com barbaridades na comunidade
de loucos tanto do estado ou de marginais

Chora e se revolta com seu salário
fica antipático e depressivo ser vivo

A semana vai semana vêm
a exploração continua
eterna tortura até a sepultura


MonoTeLha

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Aula de Música





Uma canção doce e falida
toca numa rádio pirata
localizada no fim do mundo

Sons desconcertantes
estou dançante no abismo
precipício de mim

Uma nota zero tocada
na aula abandonada
o professor uma caveira feia
colegas estão de luto
sempre grande absurdo

Noções musicais animais
a fome e a sede
num nó maior ao pescoço

Aprendendo com o maestro
os instrumentos de extermínio
destruição em massa da platéia
para o recital catastrófico

Orquestra caída em pedações
o vento uiva com sujeira
a música do caos em caos
cada vez pior e maior

Eu aluno escuto
reproduzo e crio
a morte no ouvido

Numa existência estúpida
a marcha fúnebre toca
assim que sairmos da mãe
exatamente quando nasce o ser




MonoTeLha

Caminhos contemporâneos





Os caminhos vão aos lugares dos venenos
restos de florestas e sobras de vidas em cidades
lugares variados do planeta mal tratado

Nas águas terras e nos ares poluição apenas
friamente a maior parte são só problemas
povos que comem lixo puros detritos
agrotóxicos plantados espalhados
carnificina alimentar no jantar


Extinção cotidiana mostra a sua feia cara
dentro das gerações arruinadas
o mundo virando um labirinto sinistro
os caminhos vão indo ao nada
guiados diretamente ao vazio

Sem direção certa mas indo ao vasto arraso
caminho direto de ruínas em ruínas
orientados pela ignorância dos leigos

Segue a humanidade cega
vai indo com muita pressa
se jogando de passo em passo
para dentro de um grande buraco



MonoTeLha

Mídia de Massa





Capas de jornais e telejornais
notícias banais e manipulação
pobres mortos ricos bonitos
alienação e conflito assistidos

Governos legais atuais
povos ilegais eis as leis para vocês
mídia de massa toda vez

Mídia de todo dia
o poder se inicia
marionete de manhã
fantoches tardios
cadáveres 24 horas

Fala a edição todo controle
remota ação manipular o problema
os chefes são os que ordenam

Todo dia é dia de se alienar
nada fazer para mudar
apenas participa e soma
engole sua droga na mente
agradeça se não virar indigente

Acredite sem se revoltar
ligue a tv compre o jornal
a mídia diz esqueça de você
querido ser robótico obedeça
seja sua própria tristeza



MonoTeLha

Resistência




Ainda resta as sobras
desse mundo em destroços
em cada pedaço arrasado
podem ter casas e asas
para abrigarem as armas

Mundo imundo sofrido
culturas censuradas
crianças espancadas
pessoas mortas torturadas
mas restou alguns livres
uma pequena resistência
podendo ainda ridicularizar
essa merda de poder

Nos militares e em seu lixo estatal
pegar subir e escrever nas suas testas
que tudo que fazem é uma merda

Indivíduos cuspindo no ridículo
não se entregam nem pedem trégua
resistência teimosia ao sistema





MonoTeLha

Rótulos



Os animais mortos expostos
os bois assassinados as galinhas trucidadas
sorriem contentes nos produtos
embalagens felizes das indústrias

O engravatado no comercial
a menina na moda e o rapaz no exército
sempre em propagandas
mentindo sobre a bonança

Ratos alegres esmagados em ratoeiras
alunos contentes em suas carteiras
Veja que grande beleza
a mentira estampada vendida

São sorrisos e alegrias
nas torturas de de todo dia
seres perfeitos em rótulos
estampadas violências em frascos
cada um pode comprar sem parar
adquirindo o terror vendido como amor



MonoTeLha

Anseio Final




No berço da morte mesmo sem descanso
com muito desgosto há ainda um gesto
escrever na parede uma simples simples

Em frente e continue a revolta!

Os órgãos vão falhando dementes
esperando o falecimento completo
amargura continuada no leito

Podendo olhar por mais uns instantes
para a frase escrita um pouco antes

Se segura na visão com um anseio
uma mente cheia de revolta e desejo
pedindo ao jovem ao lado para levar
a frase aos que pudessem agitar

Seguir em frente a revolta presente

Para poder morrer em paz
se sentir capaz até o fim
de lutar agitar e jamais se calar



MonoTeLha



Alienado




Parado no tempo
estagnado em tormentos
alienado da cabeça

Nada faz para mudar
só quer saber do umbigo
apenas o seu mesmo

Não se importa por ajudar
levar informações e conhecimentos
para gerar libertações nas ações
mas só quer rir e nada de agir

Está todo manipulado
boca ouvido cérebro
corpo todo tolo

Máquina de comer e cagar
sem desejar se questionar
menos ainda raciocinar

O alienado podia mudar
transformar o mundo
mas ele não liga para mudança
somente pela sua pança

Egoísta retardado alienado
sua patética vida uma merda
atrapalha o que interessa

Falando suas besteiras
nada de consciência alheia
ausência de mínima inteligência
só repete o blá blá blá
seguindo o rebanho sem parar



MonoTeLha


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Engarrafamento



Andando pelas ruas sujas
vi meu stress parar no sinal vermelho
Minha vida engarrafada pelos cacos
nesse meu olhar de túnel poluído
para fora do carro observo outros presos
nessas celas de pneus e buzinas

Olhei a lata do lixo cheia do eu
possui tudo de resto das embalagens
emocionais e fisiológicas desumanas

O eu em mil partes de plástico
restos apodrecidos de cadáveres engolidos
tudo aquilo que desperdiço

O trânsito não anda meu corpo reclama
Olho as construções enormes
vi pelas calçadas misérias ainda maiores

Dentro do carro com um pulmão cheio de catarro
percebo a poluição por todos os lados
sem o mínimo respeito aos seios
estuprada mãe natureza destruída vida bonita

Minha vida engarrafada presa numa ambulância
sem poder passar sem poder se alegrar
estático e pálido sem me mexer
engarrafado meu coração agitado
corpo parado dentro desse carro
sem poder sair ou seguir




MonoTeLha

Fome Urbana




O olhar triste segue como navalha
junto de um aperto no coração
o filho pedindo pra comer
e não pode algo lhe oferecer

Passar na feira e pegar as sobras
revirar o lixo atrás de algum indício
buscar nas latas de lanchonetes

Nada é encontrado para matar a fome
que deixa o corpo muito maltratado
Abre o saco preto de rango azedado
não há hoje como engulir a lavagem

Entra no mercado pega feijão com arroz
coloca escondido embaixo da blusa
em seguida toma uma surra
sai de viatura pra delegacia apanhar mais
ser desgraçado pela conduta social
vai preso e fichado todo arrebentado

Espera julgamento para seu tormento
seu filho segue pelas ruas drogado
agora viciado no crack amparado

O que sobrou foi a exclusão
a prisão a droga e as ruas
o que restou foram injustiças
marcada na miséria dessas vidas


MonoTeLha

Bunker




Preparando as bagagens
não é bem uma viagem
água e comida para a vida
roupa remédio e literatura

Tudo pronto e me defronto
olho a porta do buraco
vejo que estou fraco

Abrigo nuclear eis o novo lar
onde terei de me agasalhar
radiações gama vindo me visitar

Tenho de esperar a pior parte passar
talvez dê pra sair lá fora uma hora
daqui a uns anos daqui a momentos
Havia um tempo bem me lembro
que o medo atômico era pequeno
mas o monstro cresceu
subiu pelo mundo e o destruiu

Assovio enquanto a terra treme
segue tudo arrasando lá em cima
e nós aqui embaixo enterrados
de alguma forma já sepultados



MonoTeLha

domingo, 21 de novembro de 2010

Supermercados Sociais



A dor está na promoção
o sofrimento vêm de brinde
o quilo do medo abaixou de preço

Na seção social o analfabetismo
está totalmente gratuito

Potes de homofobia e racismo
a preços de custo zero

Adquira o cartão da extinção
que dá direito a xenofobia
em todas as partes do mundo

A miséria em total liquidação
junto com a doença incluída

Não esqueça de levar o cupom
que bem preenchido pode ganhar
diretamente a morte em mãos



MonoTeLha