domingo, 31 de outubro de 2010

Hierarquia




Andando pelas condições humanas
subindo de degrau em degrau
se movimentando nas hierarquias do mundo
vai se sentindo que somos inimigos
de si nesse mundo perdido

Desfilando no topo do vazio
descendo de degrau em degrau
na decadente condição humana
Vou passando mal no sintoma
doenças sociais carregadas

Descobri a casa das marionetes
o lugar é uma fábrica de destruição
peças da montagem feita de seres fracos
distribuidos e arrebentados pelos fortes

São lojas mercados e lixões
todos de cadáveres humanos
sendo exibidos em vitrines
para os que podem comprar
acumular o quanto puder levar

A hierarquia é uma cidade bombardeada
é uma feia imagem manipulada
Trata-se de uma ferida no corpo
Uma pessoa que controla a outra
para ter mais poder de deter outras

A hierarquia é uma espécie de doce troféu
Quem mandar mais ganha o pirulito
feito de carcaça de meninos e meninas fracas
para os meninas e meninos fortes se deliciarem


MonoTeLha

sábado, 30 de outubro de 2010

Sonho Aposentado




Quando criança fui na escola
aprender a ganhar a esmola
viver e crescer como empregado
ou ser um patrão e sugar tudo
de quem estiver ao lado

Obedecendo os ladrões da terra
respeitando a polícia na esfera
cumprindo a lei toda vez

Nascido criado nos países com sangue
inocente derramado e desonrado
devastado continente roubado
tomado tudo até os dentes

Eu crescia e via tudo ao redor
aumentando através dos anos
os irreparáveis danos

Não conseguia trabalhar
era tido como louco e bobo
por não querer participar do jogo
sempre tudo sujo e injusto

Fazia artes e escrevia
tentava dizer o que acontecia
me machucava ainda mas
não ligava e vomitava ainda mais

Gritava pelas ruas nuas em ruínas
de uma natureza morta apodrecida
cheia de venenos eu ia e também perecia

Fumava cigarro e bebia álcool
para tentar brincar de ser adulto
virando bituca apagada
uma bela garrafa quebrada

Pensava na lógica de todos que viam
dentro da rotina as vidas vazias
esmagadas e escravizadas

Bebia com toda ira a sede todo dia
tendo que pagar e tudo respeitar
comecei a não aguentar

Preparei meu corpo minha carne
para ser espalhada com destroços
hoje sou apenas uma gravação
numa mensagem já sem vida
continuando a falar da ferida

Eu não quis mais aceitar a continuar
explodi meus sonhos para não se catarem
os pequenos pedaços que pelo concreto estão

Uma bomba nos calos do governo e dos ricos
a destruir com todo o ódio que senti
tido como terrorista mas era só desabafo
já que sempre fui tratado como desgraçado

Acordo gemendo de dor
do sonho aposentado na cabeça
de uma noite mal dormida na enfermaria
A bomba e a explosão era apenas um sonho
numa raiva que me consumia até quanto dormia

Como eu disse bebia álcool
me tornei uma suja garrafa vazia
meu corpo em cacos largados

Seguia os passos da sociedade
acabei jogado nos cantos da cidade

Enterrado num aluguel atrasado
a casa que virou uma prisão
Não posso ir na esquina
sem o bando do banco me roubar

Quando criança busquei sentido nas mentiras
que diziam ser a mais pura verdade
e perdi a chance de ter minha identidade


Trabalhei até me escravizarem
sem comer e nem beber direito
para agora triste e sozinho
apodrecer nesse leito



MonoTeLha

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pracinha






Estou numa ala do manicômio a céu aberto
tomando vários e muitos medicamentos
Usando fortes camisas de força adequadas

Sou pessoa com mente de velho esquecido
e ao mesmo tempo de uma criança desaparecida
Solitário e cercado de ninguéns variados

Me distraio com pássaros de plásticos
em assovios metálicos do brinquedo
Piu-piu numa barraca do moço desempregado
com medo da guarda pegar o seu trabalho

Olho em frente a pracinha uma loja que enoja
com muitas tevês que me dizem para não se ler

Percebo ainda a falsidade dos passantes
dizendo um bom dia ou me desculpe
como vai você muito bem obrigado

Observo o cinza do ar e meu reflexo sem sorriso
num vidro de um carro de um qualquer
que passa em sua possante lerdeza engarrafada

Oh pracinha das desgraças horríveis da modernidade
que com tantas pragas se disfarça de alegre
mas dentro do íntimo é profundo o tédio
e grande sua tristeza e sofrimento sem beleza

Não sei pra onde ir nem onde ficar
sei do fim e acredito isso ter tido início
me perco profundamente agora
nesse relógio do fim de vida

Eita coisa maldita essa lida
periferia longe do centro da vida
sem o hospital ou escola da alegria
essa chacina sem família
meu coração batendo rápido
nessa esquina da pracinha



MonoTeLha

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Autorização



Autorizo meu filho a participar
dessa patifaria generalizada
nesse passeio ao militarismo
com chance de perdas de pernas
tudo entregue nessa guerra
braços e outras partes do corpo
principalmente a cabeça

Autorizo ele a comer veneno bélico
servido pela indútria assassina
com direito a um câncer no final

Permito matar outros jovens
mesmo que nem tenha motivos pessoais
apenas seguindo ordens de generais

Servir um pedaço de pano e um hino
poder para o estado e seu domínio
e ricos poderem lucrar sem parar

Aceito ele sofrer e não sobreviver
Permito ele ir fazer tudo virar um lixo
Eu fico sem reclamar nem protestar
aceito sorrindo e consentindo

Autorizo meu marido
e minha filha e até eu vou indo
caminhando para a fila de extermínio

É aceito meu tempo perdido
educado a obedecer para morrer



MonoTeLha

sábado, 23 de outubro de 2010

Impacto Extintor




Asteróides vindo na direção
provável rota de colisão
Penetra a esfera da Terra
entra sem pedir licença

Corpo celeste que invade
destrói as cidades
devasta a natureza
levanta a poeira no ar
não se pode respirar

Eis uma catástrofe mundial
de origem natural perigo total
Caindo do céu rasgando o véu da vida
inverno infernal numa escuridão real

Além de tantas chances da vida acabar
pode-se contar mais um enumerar
milhares de chances para se entrar em pane

Asteróides que viram meteoros
caindo em cima de nossos olhos

Extinção voando pelo universo
como palavras fortes em versos
ditos e cuspidos para ferir e danar




MonoTeLha

Problema Familiar


Eu sou uma mâe de corpinho pequeno
de sexo masculino e ridículo
gesto e gestei meus desgostos

Ficar não se pode estar.

Sou passível de humanidades
minha mãe morreu
nem sorri mais nos pesadelos

Meu pai bebe muito e não deixa um gole
só uns cigarros escondidos nos sonhos
comprou um caixão para a semana que vêm

A namorada não aguenta o namoro.

Não tenho os filhos muito menos as filhas
mas sigo nas filas sem nem poder pagar
Filas de eu sozinho e triste menino
pagando uma conta de lágrimas
e gotas de puro ódio largadas


O casamento não pode ter casa.

Meus irmãos cada um numa ilusão
vidas perdidas lembradas
mas muito esquecidas de si

Os amigos gostam de serem inimigos.

Eu não sou criança não posso brincar
sou adulto tenho de me acostumar
do ato de ser velho e tudo se danar




MonoTeLha

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Vazio Solitário




O mundo em grande perigo
pela maior parte dos seres humanos
desprezíveis e indignos nada fazer

para o que destrói parar de acontecer


Os líderes poderosos avançam
com suas armas sempre apontadas
para destruir o planeta
várias e várias vezes


É culpado eu e você
por não agir e permitir
o tirano de existir


Somos errados e bastardos
sem ação contra toda a extinção


Os animais feridos e doentes
são presos num holocausto
de um lugar qualquer
Guardados pela frieza humana
sem dó nem piedade


O meio ambiente apodrecendo
ficando totalemnte decadente
muito diferente do passado
indo para apenas destroços no futuro


Brigas e tristezas
na avareza das pessoas
o ser humano se enterra vivo
morre junto dos bichos
que ele mesmo mata


Se enterra com o ambiente
que infelizmente o cerca
e morre sozinho até de si
num puro e único vazio




MonoTeLha

Desesperança




Eles levaram embora o meu sorriso
os prejuizos cantam músicas para mim
sem muito entender o motivo vou seguindo

Me deram máscaras sociais
com óleo para fazer a máquina girar
As esmolas são dadas no caso de costas tortas
e muitas músicas enlatadas para dançar

Arrastar a alegria para o alto do edifício
empurrar desse precipício moderno
é cotidiano e bem gratificado
o ser esborrachado no chão

Há um sufoco louco para respirar
e um baita sol que arrebenta a pele
Esse ar poluído para os pulmões tragos
não é o ar livre de outrora é o lixo que apavora
Porém os preços do oxigênio caem bastante neste mês
é só a metade do enorme valor cobrado pela água

Me deram um corpo para pôr em risco
mamãe enlouqueceu nos braços de papai
num estupro consentido chamado casamento
machismo e esquecimento seres violentos

Me deram um corpo para eu ser escravo
ele é todo meu e quem manda são os outros
minha vida é esse enorme desgosto

Mistura de tortura e poluição
o Estado mata os civis indesejados
e empresas lucram com isso
assim funciona o preciso sistema
acontece dessa forma nossos problemas

Corpos sem arisco e enorme perigo
nesse grande genocídio
que emperra de estar vivo

Somos todos levados ao pane
vão todos ao banho de sangue

Gritos gemidos loucura e zumbidos
enorme desesperança nas sobras dos vivos




MonoTelha

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Necrópolis



Cidades monstros do mundo
cheios de seres imundos
vão para lá e pra cá
unicamente para devastar

Consumismo e desperdício
puros assassinatos e suicídios
dentro do cotidiano falido

Nasce mais um dia
morre mais a natureza
destruição de toda beleza

Esgoto horroroso na água
fuligem e químicos no ar
solos eternos contaminados
extinguindo a vida todo dia

A cidade segue os passos
no caminho da morte e do atraso

A noite cai mais uma vez
para iniciar longos pesadelos
o desespeiro no corpo inteiro

A Terra gira nos perigos
humanidade animais e ambiente
na beira do desfiladeiro

Cavando a própria cova
cada um com sua pá
aumentando o buraco
com todo dia mais estragos
caminhando para o total colapso


MonoTeLha

Cadeado




Conversas paralizadas pela tirania
máquinas e poluição sonora desastrosa

Conversas destruidas com a roda da censura
passando por cima das crianças

Não se pode dizer
não se pode ouvir

Conversas medrosas entre duras policiais
apanhar calado ficar machucado

Dialéticas oprimidas mecanismo de desunião
sem amigos e cercado por inimigos

Sirenes ligadas
coturnos pisando em liberdades
tiros nos rostos túmulos abertos

Proibido se comunicar
já não se pode falar

Perigo isso se ler
risco em escrever
pensar é vigiado
arriscado os gestos
mesmo de modo discreto

Lá vêm eles calar e abafar
Trancam sua boca com terra
colocam vendas nos olhos

Não se pode comunicar
é proibido ouvir ler e falar
se expressar é letal

Cuidado com o cadeado
ele está sempre do seu lado
pronto para calar e matar





MonoTeLha

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Chip Perdido



Na volta pelo depósito de lixo
procurando entre carcaças rejeitadas
alguma embalagem chipada
buscando algo de você

O mundo perdido que sempre diz não
e eu que procuro encontrar algum sim
largado que seja nesse abandono
de vidas e objetos desfeitos

Procurando revirando entre os danos
um pequeno amparo estragado
enquanto naves voam em cima de mim
despejando outros restos do planeta
procuro nos meios eletrônicos
seu holograma para me alegrar

Cada circuito é visto e revisto
o vazio e desperdício escrito nos chips
pessoas e identidades destruidas
em perdidas robóticas humanas vidas
mas nada esquecido ainda dentro de mim

Vou acabando minha louca busca
não encontro nada do que quero
você foi descartada difícil demais

Policiais robôs me retiram da área proibida
chupando minha vida com seus cabos
Meu coração e emoção são destruidos
junto com minhas feridas nessa ida

Meu corpo humano começa a morrer
junto com saudades de outro ser perdido
nessa montanha de lixos malditos






MonoTeLha

sábado, 16 de outubro de 2010

Esgotado




A visão do teu rosto
é o puro desgosto
cansaço sem descanso

O resquício acabou
e do mundo nada sobrou

Ficam os ossos com pouco
do que se chamou de corpo

Rastejar até os restos
ir até o que já se acaba
sem forças nem pra chorar

Momento único para sofrer
delicadamente devagar
na tortura chamada vida humana

Vai gemendo e perdendo
aos poucos esse brilho nuclear
vai morrendo no que és
eis o câncer do mundo




MonoTeLha

Egocentrismo



O ego no centro
olhando pra si
bem no meio do umbigo
o rei na barriga

Egoismo primitivo
ranger e grunir
ao se aproximar do prato

Sempre o melhor
nunca o pior
não erros só acertos

Sem deveres só direitos
perfeitos dias e noites
roupas e objetos

Ego elegante
nem um instante feio
sempre bonito

Ser humano ego de lixo
perigo pra si e pra mim
para o ali também
futuro ou presente
referência de demência



MonoTeLha

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Agonia



Dentro de mim passa um rio
um rio de vazio
ele me causa muito frio

pelo gelo que é o ser humano


Dentro do perigo
nos sentimentos feridos
muita dor eu sinto


Uma correria dentro do pânico
estressado da agonia
de cada dia a dia


A avenida brasil me passa na cabeça
ela é triste no traumatismo craniano
não suporto suas pistas


Minha roupa morreu de luto
junto com boa parte de mim
e os vermes querem almoçar


Agonia de todo dia
me empurra pela rua
vou indo seguindo o perigo





MonoTeLha

sábado, 9 de outubro de 2010

Desaparecido



Procura-se o ser humano
foi desaparecido e esquecido
pelas ruas das cidades


Vestia roupas bobas
vivia como num circo
comia e bebia venenos


Foi visto pela última vez
dentro de uma guerra mundial
sofria de transtornos mentais


Qualquer informação que ajude
ampare e encontre um vivo
favor entrar em contato
com outros sobreviventes



MonoTeLha

Viagem no Tempo




Fui passear dar uns passos no futuro
ver se podia estar o mundo
um pouco mais seguro


Peguei a máquina do tempo
entrei por um momento no passado
olhei os fatos e vi o presente
não gostei do futuro


Meus olhos agora contém furos
a máquina do tempo é a História
os livros os filmes os indícios
as pessoas testemunhas vivas


Os dados me deixaram todo preso e trancado
numa humanidade amarrada escravizada
em uma terra devastada com a vida esmagada


Vi o futuro jogado num monte de entulho
animais extintos mortos sem nenhum sussuro
ambiente destruido contaminado e irradiado


Peguei a máquina do tempo
sobrevoei o presente momento
olhei os gatos pingados
que querem que tudo seja salvo
e indo virar tamborim e churrasco


Fui no futuro
olhei o ser vivo morto duro
pelo no presente não se fazer nada para mudar
apenas repetir os mesmos erros do passado
alienação estupidez e ignorância
fingindo não saber que a vida é pra valer
não se importando de uns terem mais e outros nada
Bichos morrendo e espécies desaparecendo


Fui no futuro
meus olhos ficaram com pregos
enxergo até agora o luto
o mundo morto no meio do entulho






MonoTeLha

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Hipermercados Letais


O supermercado faz aniversário
mas quem envelhece e morre doente
é sempre quem consome

Atenção ao alto falante
pedaços de cadáveres na promoção
fatiados picotados ou inteiros
vindos diretamente da prisão
torturados até o último pêlo
antibióticos e químicos gratuitos

Expectativa de vida doente aumentada

compre remédios na fármacia sem parar . . .

Produtos de limpeza para sujar
toda a planícies da Terra
com seus frascos coloridos
com aparências de bonitos
contaminando o lar em oferta

Grãos e sementes modificadas
num laboratório central lucrativo
de corporações monstruosas
para a destruição do solo e da vida
aos quilos sempre nas prateleiras
prontos para irem para as mesas

Drogas alcoólicas com fotos de meninas
associações de produtos com mentiras
da impossível felicidade engarrafada
pague e leve aos montes de caros baratos

Não esqueça do cigarro
para produzir câncer e catarro
Faça o que a indústria diz
compre o pacote seu infeliz

Frutas com agrotóxicos e venenos
artificiais na feira das destruições da natureza
pura impureza nos dissabores e horrores

Compre nos mercados da morte
hipermercados de super lucrativos fortes
deixando a vida e o ambiente em remendos
enchendo o carrinho e a mesa de venenos





MonoTeLha

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Miséria




A miséria e suas faces
varia com máscaras
fases e disfarces
todas sujas e humanas


Propagando a multiplicação
rodeando-se de vazios
a miséria é filha de filhos famintos
se pinta com todas as cores
mas prefere o cinza das cidades


Nas formas a miséria escolhe os desertos
nos entulhos se assenta com destroços
Está no caos dos depósitos de lixo e genocídios
em qualquer vida perdida e esquecida
nas solidões das ruas e esquinas


Com suas roupagens variadas
ou mesmo nua e crua
para o seu passeio mundial
decide seus trajetos fatais


Miséria ferida da vida pelas vias
nas salas presidenciais e cabeças de bilionários
mas tanto faz serem quais os seres
Asiáticos e Africanos ou Latinos Americanos
ricos ou pobres beija a todos
com sua boca podre mundana


Miséria mental humana
ou escravidão animal desumana
de povo em povo de bicho em bicho
tornando desabitado o habitat


Agarrada em todas as partes
invade tudo e torna trastes
miséria séria e alastrada
suga o todo que pode
destrói tudo no mundo


Miséria emperra a vida
faz deslizar a roda opressora
para passar por cima de todos


A miséria causa um sorriso vazio
num miserável milhonário qualquer
ou choro e sede nos pobres que sofrem


A miséria é a extinção num fio afiado
que corta e deixa a vida morta










MonoTeLha

S.O.S



A mensagem foi enviada
para o salvamento acontecer
S.O.S a quem pudesse obter



Não houve quem recebesse
nota-se naquela hora escondida
a sonolência nas cabeças estabelecida


Os primeiros a morrer os mais fracos
nos tragos de catástrofes os mais machucados
depois o tempo trabalhava duro


Não havia água comida ou ar
tudo começava a acabar
e a mensagem ia sendo enviada
mas ninguém vinha salvar


Primeiro os nativos e os bichos
as plantas e as florestas diversas
depois homens e mulheres tidos civilizados
das frestas das cidades de todos os lugares


Super venenos e bombas de hidrogênio
vírus estabelecidos para trucidar
entre outros perigos avisados
na mensagem enviada e espalhada
não recebida apenas tratada como piada


A humanidade a beira do colapso
não ligando e sendo avisada no agora
sua mente em retardo descompasso
agora no presente faz ver o futuro
todos mortos no entulho túmulo






MonoTeLha

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Caminho do vazio solitário




Não posso parar de caminhar
tenho de ir e continuar sem escolhas
mesmo com o pé cheio de bolhas


Caso eu pare tudo arde
a cidade onde piso é puro deslize
a música suburbana me dana
sons irritantes de monstros metálicos
perfuram meus ouvidos quase surdos


A solidão dança comigo
me balança ao luar
misturado ao cinza do ar
a poluição é meu manto
pra seguir viagem


Não tenho para onde ir
não posso nem ao menos aqui ficar
é preciso seguir e não parar


A avenida das incertezas
beira - mar das tristezas
via indigna desemparada
vida maltratada e largada na calçada


Vou seguindo aflito com medo
vazio e receio na rua escura
passo pela ponte dos carros
sinto vontade de me dar estragos

viaduto passagem para o luto


Passo em cada passo no mundo
sempre trágico e largado
vou indo sem direção
sem terra sem teto
e sem futuro








MonoTeLha

Cotidiano Animal



A cidade trabalha atrapalha a natureza
a vida dura tratada com frieza
tornando deserto certo sempre por perto
poluição para a fila de famintos
numa chibatada díaria gratuita
fábrica de sofrimentos animais


Coma rápido seu lanche
o horário é necessário desperdiçar
sua vida de pinto galinha e boi
segue para o moedor de carne
vá não se atrase

Senhor pinto

Engula junto das possíveis lágrimas
não esqueça de seu remédio
para os tédio e tristezas serem dopados

Dona galinha

Ajeite sua gravata coloque o capacete
não esqueça do lanche dos filhos
lembre-se não há perigo
nos venenos letais adicionais

Doutor Boi

Trabalhe bastante lembre-se da janta
do descanso na cama
no beijo de sua fulana
das doenças metropolitanas


Num natal papai noel qualquer
vêm lhe presentear com seu saco de lixo
coelhinhos da páscoa com bombas atômicas
e todas as delícias econômicas da miséria


Não fique confuso obedeça o comando
vai te levar indicar qual o lugar
onde será que vai morrer
se deitar e antes disso
muitas vidas ajudar
a também morrer e matar





MonoTeLha

Cadeia



Dias após dias
a prisão diminui de tamanho
já sinto a grade bater no rosto
as barras frias gelam meu coração


Visto minha camisa de força
predileta e fico parado
com pensamentos repetidos


Bebo água impotável
feito pelas minhas lágrimas
Como uma comida sem vitamina
numa bem suja latrina


Tenho gostado mais dos vidros quebrados
para ficar todo cortado do que a vista de lá fora

No banho de sol tenho preferido a chuva ácida

Apago a luz da esquina do mundo
com um papelão esquecido
na penitenciária de insegurança máxima


Minha condenação é pena de morte
fui considerado eu mesmo autor de mim
louco menino e fora dos trilhos


A prisão desconfortável toca seu alarme
tenho de apagar minha luz interior
me fechar e jogar a chave fora




MonoTeLha

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Anúncio




O dinheiro é o desespero
feito de árvores genealógicas mortas
papel moeda da esfera anti-planetária

O dinheiro é suicídio
sinônimo de homicídio
destruidor de moças e moços
crianças e idosos

Contas bancárias do coração vazias
cérebros pensando em lucros mortais
a contagem das cabeças animais
são cortadas pelos fios afiados

Uma tonelada de misérias
produzem uma grama de riquezas

Não há beleza só frieza
conservo meu cadáver congelado
para durar mais e valer mais centavos

Por favor alguém me compre
preciso dar ninharias para viver
pagar para dormir e comer
não aguento mais sofrer




domingo, 3 de outubro de 2010

Abismo




Um olá para o vazio
numa tarde de desperdício
continua a caminhada para o abismo


Vamos seguindo desunidos
destruidos os sonhos sobram os pesadelos
os medos e os defeitos negados


O corpo segue com dor
sofrimento e desprezo
num desejo de não o ter


O caminho árduo não possui retardo
há algo de rima do erro e desespero
em cada passo do descompasso mundial


O indivíduo vai se destruindo
segue perdendo suas partes
deixando de existir afundando em si


O abismo é acolhedor
recebe cada um sem discriminação
de raça credo ideia ou cor



MonoTeLha