Estou numa ala do manicômio a céu aberto
tomando vários e muitos medicamentos
Usando fortes camisas de força adequadas
Sou pessoa com mente de velho esquecido
e ao mesmo tempo de uma criança desaparecida
Solitário e cercado de ninguéns variados
Me distraio com pássaros de plásticos
em assovios metálicos do brinquedo
Piu-piu numa barraca do moço desempregado
com medo da guarda pegar o seu trabalho
Olho em frente a pracinha uma loja que enoja
com muitas tevês que me dizem para não se ler
Percebo ainda a falsidade dos passantes
dizendo um bom dia ou me desculpe
como vai você muito bem obrigado
Observo o cinza do ar e meu reflexo sem sorriso
num vidro de um carro de um qualquer
que passa em sua possante lerdeza engarrafada
Oh pracinha das desgraças horríveis da modernidade
que com tantas pragas se disfarça de alegre
mas dentro do íntimo é profundo o tédio
e grande sua tristeza e sofrimento sem beleza
Não sei pra onde ir nem onde ficar
sei do fim e acredito isso ter tido início
me perco profundamente agora
nesse relógio do fim de vida
Eita coisa maldita essa lida
periferia longe do centro da vida
sem o hospital ou escola da alegria
essa chacina sem família
meu coração batendo rápido
nessa esquina da pracinha
MonoTeLha
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