Quando criança fui na escola
aprender a ganhar a esmola
viver e crescer como empregado
ou ser um patrão e sugar tudo
de quem estiver ao lado
Obedecendo os ladrões da terra
respeitando a polícia na esfera
cumprindo a lei toda vez
Nascido criado nos países com sangue
inocente derramado e desonrado
devastado continente roubado
tomado tudo até os dentes
Eu crescia e via tudo ao redor
aumentando através dos anos
os irreparáveis danos
Não conseguia trabalhar
era tido como louco e bobo
por não querer participar do jogo
sempre tudo sujo e injusto
Fazia artes e escrevia
tentava dizer o que acontecia
me machucava ainda mas
não ligava e vomitava ainda mais
Gritava pelas ruas nuas em ruínas
de uma natureza morta apodrecida
cheia de venenos eu ia e também perecia
Fumava cigarro e bebia álcool
para tentar brincar de ser adulto
virando bituca apagada
uma bela garrafa quebrada
Pensava na lógica de todos que viam
dentro da rotina as vidas vazias
esmagadas e escravizadas
Bebia com toda ira a sede todo dia
tendo que pagar e tudo respeitar
comecei a não aguentar
Preparei meu corpo minha carne
para ser espalhada com destroços
hoje sou apenas uma gravação
numa mensagem já sem vida
continuando a falar da ferida
Eu não quis mais aceitar a continuar
explodi meus sonhos para não se catarem
os pequenos pedaços que pelo concreto estão
Uma bomba nos calos do governo e dos ricos
a destruir com todo o ódio que senti
tido como terrorista mas era só desabafo
já que sempre fui tratado como desgraçado
Acordo gemendo de dor
do sonho aposentado na cabeça
de uma noite mal dormida na enfermaria
A bomba e a explosão era apenas um sonho
numa raiva que me consumia até quanto dormia
Como eu disse bebia álcool
me tornei uma suja garrafa vazia
meu corpo em cacos largados
Seguia os passos da sociedade
acabei jogado nos cantos da cidade
Enterrado num aluguel atrasado
a casa que virou uma prisão
Não posso ir na esquina
sem o bando do banco me roubar
Quando criança busquei sentido nas mentiras
que diziam ser a mais pura verdade
e perdi a chance de ter minha identidade
Trabalhei até me escravizarem
sem comer e nem beber direito
para agora triste e sozinho
apodrecer nesse leito
MonoTeLha
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