quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Missão MIlitar




A guerra filmada é vista
em alta tecnologia de extermínio
em cada ser mínimo e esquecido
bombas e fuzis muito poderosos
arrancam tudo dos corpos
esperança e batimento cardíaco
mal deixam os ossos sobrarem

Convites são feitos nada de feio é dito
somente se diz entre já para a carnificina
a chacina repetida é sempre todo dia

Militares mandam tudo pelos ares
metralhar crianças cartão de visita
missões de direitos desumanos

Entrar no país e roubar matando
ordens lá de cima obediência simples
arrancar da terra a riqueza toda
plantar a morte sem esperança

Fuzilar todo o coração desamado
chutar o rosto de bebê com coturno
destruir tudo sem retorno

Campanha militar em ação
munição usada em ser vivo
matar tudo em seu destino

Gasolina e fogo no mundo
poder e gatilho para a mira certa
eis a missão militar nada secreta
a Terra deixar de ser o lar



MonoTeLha

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O Concerto




Uma solidão de cada um em seu canto
a bateria bate seu coração disparado
a banda só diz coisas feias e alheias
vocalista bobo comendo letras

Um show inteiro de lixos
músicas ou sons feitos feios
improvisos só malditos

Rimas repetidas e pobres
da falta de assunto na mídia
chupados do telejornal

Solos solitários da canção
madrugadas de repetir o estúdio
da falta de vontade e ilusão

Repetório inglório de tudo igual
sons musicados sem notas
instrumentos quebrados
músicos fora da banda

Gravação principal ao vivo
som do passar o vão
da vida e da morte
catando cantando misérias
entrevistas de merda comida

A música aos ouvidos surdos
dedilhadas amputadas
gritos poéticos de torturas

A banda toca ao vazio
todo dia toda música cheia
letras de podre horror

Realidade de sons ensurdecedores
vida sem poesia nas letras
ingressos do concerto morto

A partitura corta o mundo ao meio
a banda começa com orquestra
o sofrimento já pode ser ouvido
começando
e o mundo acabando


MonoTelha

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Loucura Humana




Armas de fogo gelam com frieza humana
todos os corpos caidos pelos lucros levantados
a humanidade rasteja em diamantes e lixo

A hipocrisia feminina e a masculina
fazem um sexo proibido aos menores de idade

Crianças são entulhos e doenças
vendidas nas prateleiras em promoção
frascos e embalagens de vazios saudáveis

Aviões jogando suas bombas passageiras
mortes de vidas inteiras divididos corpos

Eu aqui na praça lembro dos sonhos adolescentes
me vistir de super herói pra me jogar
do extremo alto de um porta aviões
sem isso ser uma guerra mundial

Os dias vão passando as bolsas financeiras
mudando dali pra lá de cá pra lá
explorando e matando sem parar
nacionalismos estadistas humanos

Isso tudo é meu
nada disso é seu

Sai daqui vou te matar
e meu filho alimentar

Notícias de jornais meu amor
cotidiano do outro lado do mundo
nem sempre tão belo nem limpo
Europa América ou Ásia
nuclear dejetos de aniversário
fim do oxigênio nos oceanos
planos por água abaixo
suas gostosas e tesudos humanos
vomitados pelas séria merda

Realmente não há o que dizer de ganhos
centavos a frente do poder corrupto indigente
me levem ao nada seu líder de desenho desanimado
tecnologias me enchem os culhãos de merda vazia

Fico num almoço sem sentido cheio de fome
educado e retardado espero migalhas de partidos
espero a sua esperança cheia de desespero
sinto saudade de um cachorro sem passeio
me sinto nele em qualquer prisão colorida

Um blá blá blá glorioso da falta de assunto
uma contínua falta de burrice central
vamos dar aos cavalos a força central
humanos estúpidos me dizem sou humano

Sou o centro de uma merda total
não há saídas para o pesadelo
o sonho me desculpe a culpa
anda de cadeira de rodas e não vê o sol

Um lixo me faz companhia inimigo fiel
humanidade de planos e besteiras
apresentado aos montes de instrumentos
vai pegando os objetos valiosos

O lixo é agora o todo tudo
a morte cotidiana vendida em tubos
punks observando a miséria em absoluto




MonoTeLha

Noite de natal




Os restos são para nós
vamos dividir o que há
a lavagem sem reclamar
é desse lixo o que restou

Brincar alegremente nessa sobra
somos uma máscara sem família
uma grande e seguida trilha ao nada

Estão os de família lá dentro
os órfãos aqui bem do lado de fora
um feliz natal de merda por nascer
superpopulação a perecer

A polícia vem ali cassetete de presente
olhos roxos cor de violência
miséria de presente aos sem futuro

Papai noel voltou a pensar
passar uma hora por aqui
deixar um pacote variado de doenças
mais um enorme saco de problemas

Foi uma cartinha da indústria
linhas de crueldade bem escritas
traços de quem é socialmente aceito

A rua está aqui na sua ceia
um cadáver de si mesmo
famintos viciados a comer
data capitalista para viver

Feliz natal faça mais filhos
a máquina dos genocídios funciona
eis a lucrativa árvore das mortes

Feliz natal com sangue jorrado
a religião de dízimos aumentados
a questão da ilusão que vai aqui

Apenas religião capitalismo e ilusão

Encontrado o presente
o futuro sem amor
apenas lucro extinção e dor



MonoTeLha

domingo, 19 de dezembro de 2010

Balada do Solitário Infeliz




Sigo arrastado pela rua
empurrado pela forte dor
um signo de câncer sem cura
há tortura em toda quimioterapia

Eis a avenida da amargura dos dias
os muros da rua feitos de carniça
carne cadáver de intolerância e competição
nos compromissos fatiados da pressa

Observo a loja de bostas
vejo as botas que pisam para vigiar
garantindo a miséria ser bem vista

Miseráveis de terno e gravata em carros
pobreza mental para lá
milionária fraqueza pra cá

Jovens pagando por lixos
genocídios do estado gratuito
cidade para todos os lados

O caminho não não vai
eu não consigo ir não há diferença
caminho e caminho ainda mais
vejo só a solidão em passos na calçadas

Paro para ouvir a poluição sonora
alguma ofensa para consolar em letras
há algum ser por ai me escrevendo nas paredes
a solidão parece ter lhe invadido a vida
tiraram os nomes e as amizades

Deve estar sentindo frio
imagino o calor desumano
o coração vivendo danos

A rua segue suja perante uma lua
cheia de vazios aqui embaixo
fracassos por todos os lados
sento me na sarjeta espreita
sinto a sujeira inteira voar
não consigo mais caminhar
vou dormir com olhos arrancados

Me agasalho com a calçada cinza
um travesseiro de morte desconfortável
realmente um zero a esquerda sonhado
pra acordar aos pés do sucesso e morrer



MonoTeLha

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Festa da Guerra




Hoje vai ter uma guerra
muitas bombas e armas
seu inimigo ou você morrer
infelicidade e magoa no coração
agora todos sofrendo juntos vamos lá


Atirando pra todos os lados
descarregando cartucho desumano
a festa da guerra faz aniversário

Corpos pelo chão apodrecendo
esse é o seu dia o dia infeliz

Capsúlas coloridas festivas
a ferida é a mira o ser no centro
a morte a guerra e o lucro

Intervalo entre ataques
nação dizimada executada
os corpos caem no abismo

A Terra balança sua mão de cadáver
o arsenal quase no fim
após a hecatombe o silêncio de funeral



MonoTeLha

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Indiferença Alimentar




Joguei a chave da minha prisão fora
larguei ela delicadamente no abismo
estava dentro de um sonho chamado pesadelo
me largo viro e vejo a falta de espaço
as ausências de oportunidades tatuadas

Só quero saber de comer agora
nada mais me apavora o peito
a cabeça levanta primeiro
penso e me lanço pra frente
depois o corpo inteiro

Meu café dessa manhã será a lobotomia
trarei cães de guarda dos ricos para comer
eis o almoço meu cérebro com tempeiro
já de tarde sem raciocínio beberei perigo
me afogando de senso comum

No lanche da tarde nutrirei de agonia
o peso de toda minha apatia
serei um velho com preconceitos
poderei passear dentro do vale da mentira
crendo em cada centímetro percorrido

Jantar a luz de corpos queimando
uma sobremesa de indiferença
uma tristeza dopada
rotulada de alegria

Palitar os dentes com ossos de gentes
arrotar a ignorância da mente
saborear a indigestão da população

Quando o coração parar e acabar
vamos fazer precisamente uma estátua
destruir uma escola e colocar ela no lugar



MonoTeLha

Sarau Desumano





Recitando lixo aos depósitos de detritos
aumentando a literatura da miséria nua
a cobrir a terra devastada de nossos dias
os seres totalmente desprezíveis se olham
vomitam vontades não exercidas

É terminantemente proibido o prazer
nenhum lazer que faça a pele viver
estar na vida apenas para sofrer e morrer
produzir ao abastado e desaparecer

Ir para a fábrica verdadeira prisão
alucinação gratuita de bebidas
um ferro feroz passado nas feridas
o presente sempre sem futuro

A chatice repetida da morte assistida
dentro de uma tela fria tida como carinho
são proferidas sinistras sentenças e vazios
simplesmente apertam os botões de lágrimas
o cérebro chora dentro de um quarto
o pânico abate no matadouro as crianças

O mundo humano segue sua rotina
a ferida é requerida e ganha sem burocracia
a dor povoa todos os duros corações
as multidões se dilaceram em si
perdidos indo de encontro ao vazio



MonoTeLha

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Empregado





O cansaço sem descanso dos dias
vai deixando o corpo derrubado
machucados variados estão exaustos
na vida de condenado a ser escravo

Trabalhando para morar e comer
sobrevivendo no meio do sistema
esbarrando nas migalhas estraçalhadas
os sorrisos do trabalho são falsos
como navalhas cortam a verdade
ser explorado na cidade até tarde

Come por dentro certezas esfomeadas
foi que larguei minha liberdade
por lavagem troquei alimento
a moradia afinal virou prisão mundial

Vou me ofendendo a cada minuto e segundo
no passar das horas e anos do calendário

O peso nas costas só aumenta
junto com muitos problemas
tenho que me magoar sem parar
ir no horário ganhar a chibata
proletário escravizado solitário

Meu cartão de ponto
vale uma cova rasa

Meu salário deixa a alegria no mínimo
vou indo sendo da vida demitido




MonoTeLha

sábado, 4 de dezembro de 2010

GPS




Pegue a rua das desumanidades
vá para a avenida da miséria
contorne a praça da angústia

Veja os policiais e a falta de hospitais
vai encontrar uma escola decadente
gente embaixo da ponte sem dentes
siga na direção da zona morte

Percorra a área de fogo cruzado
entre na via de cadáveres largados
perto da indústria de armas lucrativas
em meio aos varejistas de drogas
marionetes jovens dos poderosos

Entrando pela esquina da ilusão
vai se vendo o capitalismo em ação
ande mais devagar para o poder te vigiar
departamento de câmeras e controle civil
receba seus tapas na cara e o salário

Ao ir percorrendo vai recebendo as doenças
pagando as dívidas no setor de cobrança
atenção para cada centavo que deve ser pago

Na estrada da infelicidade pegue o atalho do lixo
permanecendo em linha reta pelo fim da terra
vai chegando ao cemitério da ignorância
vire ali para pagar os débitos finais do carnê
em altos juros bancários e honorários
encontrará o túmulo decorado com flores atômicas
para o maldito cadáver do ser desprezado
lugar final destinado para junto dos sonhos
estar concluído esquecido e enterrado






MonoTeLha

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Pesar Ignorado




A fome na barriga ronca alto
mas não é sentida nos alimentados

Longe do famélico há nutriente
dentro dele possui apenas deficiência
parece ilógico mas há negócio
em tantas comidas e desperdícios

Na falta de uns a riqueza de outros
é montado mercados de seres
vendendo restos para faturar banquetes

A dor no sistema nervoso alheio
não se atreve a mandar conselho
possibilidade do outro também sentir
as mais dores fortes até tarde

A carência não se importa em cartas
não liga para avisos em grandes obras
não responde perguntas nem filosofias
vive em torturas indo para sepulturas

A miséria é compartilhada e dividida
para todos os que já nada possuem
ela está nos pratos vazios da fome
na ausência de saúde dos homens
mulheres crianças e idosos sem nomes

Não há uma mínima mensagem aos olhos
a ignorância é alastrada por toda a parte
mercados abertos para vender vendas
todos os olhos sempre bem tapados
para não ver nada aos lados

A dor não emite o deslize ao poderoso
ela permanece na falta do analgésico
ela grita dentro das feridas obtidas

O S.O.S não é lido
não chegam avisos
há vidros embaçados
a salvação passa direto
ela é apenas uma alucinação



MonoTeLha

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Caminho da Ditadura Mascarada




Vão pisando em cada coração
até que saia o sangue de toda artéria
chutando o sonho da gente periférica
enterrando os filhotes ainda sem morte
grito sufocado do choro pela terra

Crueldade dos poderosos atravessando os ossos
tirando o cálcio e colocando cimento de indústrias
para lucrar em mais algum veneno aplicado

Continuam e não param até sair os olhos
ocultam o cadáver do esfomeado nas notícias
preparam o banquete na mesa das injustiças

Vão rindo dizendo estar tudo melhorando
dando esmolas para os de costas já tortas
migalhas de educação e tecnológica prisão

Não se importam com o ciclo vicioso
giram e giram mais rápido a roda da tortura
lançam suas viaturas atrás de qualquer criatura
culpam os varejistas de drogas pelo que assola
o estado cria e o estado mata indo atrás
em cruéis e robóticos dias atuais

Seguem com seu poder de muitos tentáculos
mãos e braços esmagando qualquer um
armaduras de ditaduras pelas ruas

O poder vai abrindo as covas
deitando muitas pessoas mortas
para lucrar e mandar ainda mais



MonoTeLha

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Extermínio de Pobres






Atenção toda a população
isso está sendo transmito ao vivo
para cada pobre e falido indivíduo
prestem muita e delicada atenção
é dado início ao plano de governo
em proibições que vieram ajudar

Tudo para o seu melhor
combatendo o que há de pior

Estamos fechando as torneiras
Água é totalmente proibida
não importa a sede adquirida
sabemos o que é melhor pra você

Cartazes são fixados
homens de farda ao lado
ajudando a explicar o que há

Comida agora é total ilegal
não é permito qualquer alimentação
mesmo em pequena quantidade
velhos e bebês não importa a idade

A lei determina não se pode dormir
é obrigatório ficar acordado 24 horas

Postos para eletrecutar
abertos para cada região
choque gratuito ao povo

As moradias devem ser abolidas
favelas não são mais permitidas
qualquer abrigo será derrubado

Proibida permanência nas ruas
viaturas farão as ruas seguras
caso pobres sejam vistos
serão mortos em serviço

Crianças agora são seres ilegais
tratadas agora como lixos nacionais
conduziremos seus corpos ao depósito

Idosos são destroços
inválidos até os ossos
todos serão jogados em fossas

Tudo isso vai ajudando o mundo
pois somos todos queridos humanos
governo que trabalha vai tudo salvando
na atual política mundial funcionando



MonoTeLha

Passeio Urbano




Perdido na rua deserta
cercado de vazio por todos os lados
amparado apenas pelo chão

Andando pelas solitárias vias
indo pela cidade arrasada
pensando em como seguir
mesmo sem ter aonde ir

Sentando nas melhores sarjetas
observando as piores paredes
vendo toda a falta de horizonte

Se jogando em sacos de lixo
como novos detritos enviados
meu corpo urbano em cacos

Pisando em pedras brancas
desviando das pretas e vice versa
escolhendo músicas de poetas
para cantar sem ninguém escutar

Andando pelos cantos
nem me espanto mais
com a miséria embaixo das pernas

A cidade é uma loucura de pedras
seus moradores vivem nas trevas
não há mais florestas nessas terras
então o que se pode é passear
como toques de piano caminhar
de som em som aos toques

Cada passo dado
noturno descompasso
me lanço na noite sem olhos
vou indo seguindo pelos prédios
pelas grandes vias dos tédios

Escolhendo um buraco
aconchego simples e barato
descanso para um pobre desgraçado



MonoTeLha

Berro Incontido



Gritando no meio da rua
arrancando da garganta o ódio
descontente e revoltado
com a fúria posta nos olhos
o rosto expressado stress causado

Berrando para todos o desgosto
pessoas dizendo ser apenas um louco
um ser com irritação total
em seus gritos de animal feroz

Despertada ira escondida
nos peitos esquecida
o momento a fez reviver

O berro emitido da dor do ser
para as injustiças do viver
caindo de tanta raiva
chorando de ódio pelos negócios
mundo perverso capitalista
estados genocidas do mundo

Grita até seu coração parar
ataque cardíaco a estourar

Cala-se o o berro
que era silêncio a vida inteira
gritou até não aguentar
por ter acumulado o pesado

Cala-se o hoje e o ontem
a dor e sofrimento desse homem






MonoTeLha

Noite de Chuva




Os pingos vão caindo
o corpo vai se molhando
os trapos encharcando

Os espaços gradeados
não servem de abrigo
Correntes novas para prender
a falta de proteção ao ser

O frio da noite faz estragos
aos que não possuem casacos
rito mendigo sofrimento indigno

A fome é companheira
a fase do alcoolismo não é passageira
a noite toda numa lama
inteira na desgraça cheia

Chove muito nessa noite
tossindo o sangue
vermelho sofrimento caindo
gotas de água e vida trágica



MonoTeLha



Ser Desumano




O setor de cobrança já chegou
o homem está na porta
quer que pague a conta agora
ou coloca tudo para fora

Você pode pensar nos centavos
no bolso furado ou cair no chão
mas nada muda essa situação

Dentro de poucos minutos
o senhor de rosto sisudo
coloca a baixo sua vida

Batendo já sem paciência na porta
que já se tornou seu coração
esmurrado até o último talo

Ela é aberta com sorrisos
o coração vai sendo cortado
a porta aberta rangendo
as lágrimas caindo para dentro

Começa a jogar gasolina nos móveis
não acredita mais em nada que não queime
Perdeu as costas protetoras do lar
quer ficar louco e abandonar tudo que há

Vai saindo e gritando com escândalos
que o é horrível e desumano
o próprio maldito ser humano




MonoTeLha

Rua Maldita





Uma rua chamada proibida
ela é negada e errada
não dá em nada não há algo ali
de bom para tu nem pra mim

Uma rua pra chamar de sua
pra correr dos muitos tiros
cair no seu chão confortável

Uma rua direta ao vazio
onde passa um rio
em janeiro transborda
pelas bordas o esgoto

Uma rua cobertor para o frio
um espaço para fritar ao sol
local para sentir fome e sede
passar muito mal na sujeira
gastar a vida inteira nela

A rua dentro do coração
passando pessoas pisando
cuspindo e xingando


MonoTeLha

Semana Proletária




Os dias da semana vão passando
empurrados pela capitalismo
seguindo seus frios caminhos

Segunda pra segurar a vida no braço
carregar peso pra ganhar mínimo
dores fomes e homens mandando

Piadinhas dos superiores
no almoço sem tempo
com alimentos sem sabores

Terça para o terror se instalar
apreciar a falta de direitos
os medos e desejos proletários

As dívidas aumentam em juros
o futuro parece um túmulo
nome sujo atrasado no mercado

Quarta é o que parta o coração
desilusão que explora a mente
um patrão vindo com escravidão

Mais valia tentar sair e abandonar
mais se pergunta como filhos
poderiam então se alimentar
não pode sair somente ficar

Quinta desliza sua vida pra baixo
aos amargos pés a serem beijados
um aumento vazio só tormento

Descontado caso chegue atrasado
mesmo que trânsitos engarrafados

Sexta sem a mínima beleza
horas extras e cansaço adiantado

Bebe cachaça até ficar anestesiado
pela toda sua história no trabalho
a exploração que o deixa em retalhos

Sábado trabalhando até tarde
após longa jornada vai pra casa

Insalubre social violência policial
extorsão nas ruas por se parecer
com esses ou aqueles que vão morrer

Domingo cada pingo de lágrima
lubrifica a exaustão repetida dos dias

Tiros com barbaridades na comunidade
de loucos tanto do estado ou de marginais

Chora e se revolta com seu salário
fica antipático e depressivo ser vivo

A semana vai semana vêm
a exploração continua
eterna tortura até a sepultura


MonoTeLha

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Aula de Música





Uma canção doce e falida
toca numa rádio pirata
localizada no fim do mundo

Sons desconcertantes
estou dançante no abismo
precipício de mim

Uma nota zero tocada
na aula abandonada
o professor uma caveira feia
colegas estão de luto
sempre grande absurdo

Noções musicais animais
a fome e a sede
num nó maior ao pescoço

Aprendendo com o maestro
os instrumentos de extermínio
destruição em massa da platéia
para o recital catastrófico

Orquestra caída em pedações
o vento uiva com sujeira
a música do caos em caos
cada vez pior e maior

Eu aluno escuto
reproduzo e crio
a morte no ouvido

Numa existência estúpida
a marcha fúnebre toca
assim que sairmos da mãe
exatamente quando nasce o ser




MonoTeLha

Caminhos contemporâneos





Os caminhos vão aos lugares dos venenos
restos de florestas e sobras de vidas em cidades
lugares variados do planeta mal tratado

Nas águas terras e nos ares poluição apenas
friamente a maior parte são só problemas
povos que comem lixo puros detritos
agrotóxicos plantados espalhados
carnificina alimentar no jantar


Extinção cotidiana mostra a sua feia cara
dentro das gerações arruinadas
o mundo virando um labirinto sinistro
os caminhos vão indo ao nada
guiados diretamente ao vazio

Sem direção certa mas indo ao vasto arraso
caminho direto de ruínas em ruínas
orientados pela ignorância dos leigos

Segue a humanidade cega
vai indo com muita pressa
se jogando de passo em passo
para dentro de um grande buraco



MonoTeLha