sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Indiferença Alimentar




Joguei a chave da minha prisão fora
larguei ela delicadamente no abismo
estava dentro de um sonho chamado pesadelo
me largo viro e vejo a falta de espaço
as ausências de oportunidades tatuadas

Só quero saber de comer agora
nada mais me apavora o peito
a cabeça levanta primeiro
penso e me lanço pra frente
depois o corpo inteiro

Meu café dessa manhã será a lobotomia
trarei cães de guarda dos ricos para comer
eis o almoço meu cérebro com tempeiro
já de tarde sem raciocínio beberei perigo
me afogando de senso comum

No lanche da tarde nutrirei de agonia
o peso de toda minha apatia
serei um velho com preconceitos
poderei passear dentro do vale da mentira
crendo em cada centímetro percorrido

Jantar a luz de corpos queimando
uma sobremesa de indiferença
uma tristeza dopada
rotulada de alegria

Palitar os dentes com ossos de gentes
arrotar a ignorância da mente
saborear a indigestão da população

Quando o coração parar e acabar
vamos fazer precisamente uma estátua
destruir uma escola e colocar ela no lugar



MonoTeLha

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