domingo, 19 de dezembro de 2010

Balada do Solitário Infeliz




Sigo arrastado pela rua
empurrado pela forte dor
um signo de câncer sem cura
há tortura em toda quimioterapia

Eis a avenida da amargura dos dias
os muros da rua feitos de carniça
carne cadáver de intolerância e competição
nos compromissos fatiados da pressa

Observo a loja de bostas
vejo as botas que pisam para vigiar
garantindo a miséria ser bem vista

Miseráveis de terno e gravata em carros
pobreza mental para lá
milionária fraqueza pra cá

Jovens pagando por lixos
genocídios do estado gratuito
cidade para todos os lados

O caminho não não vai
eu não consigo ir não há diferença
caminho e caminho ainda mais
vejo só a solidão em passos na calçadas

Paro para ouvir a poluição sonora
alguma ofensa para consolar em letras
há algum ser por ai me escrevendo nas paredes
a solidão parece ter lhe invadido a vida
tiraram os nomes e as amizades

Deve estar sentindo frio
imagino o calor desumano
o coração vivendo danos

A rua segue suja perante uma lua
cheia de vazios aqui embaixo
fracassos por todos os lados
sento me na sarjeta espreita
sinto a sujeira inteira voar
não consigo mais caminhar
vou dormir com olhos arrancados

Me agasalho com a calçada cinza
um travesseiro de morte desconfortável
realmente um zero a esquerda sonhado
pra acordar aos pés do sucesso e morrer



MonoTeLha

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