Correndo pelo meu cérebro urbano
noto serviço de limpeza falho
antes sonhos agora lixos
acúmulo em montanhas
acúmulo em montanhas
devidamente existenciais
Ideias revistadas
polícia moral dos costumes
espancando crianças
recebendo ordens que vêm de fora
além da prisão de liberdades
Neurônios ofendidos revoltados
fazem música poesia e alarde
negam medicamentos calmantes
desejam o fim da tirania
Observo hospital
escola e cadeia
todos são agora cemitérios
Lado emocional uma ala em conflitos
cidade perdida com perigos
vírus mental rondando vícios
corpo em desencontro de si
Estou dentro de mim
mas fui devastado pela sociedade
que invade minha memória
construindo prédios modernos
Sigo correndo
ruas sem luz
amor caído
amor caído
oportunidades perdidas
em toda e qualquer esquina
numa psiquê de vida social indigna
Alagamentos na razão
afogando dados em desamparo
mergulho e resgato duas ideias
sobrevivo ao sentido
volto a correr por construções
ruínas feridas da vida
Pegando atalhos
meninos doidos no hospício
quadros de arte rasgados
comida de ração nos pratos
gritaria reunida
Pernas cansadas de anos
envelhecendo a cada hora
vários dias pesados do ardil 22
Vou correndo
entrando no beco do horror
sem saída
ali durmo e sonho o pesadelo
que é quando desperto
para esse lado aqui de fora
Caótico! Adorei!
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