Vesti minha roupa de ruínas
era o que eu sentia para me cobrir
existia o frio do calor desumano
era preciso se proteger
casacos na mente
existia o frio do calor desumano
era preciso se proteger
casacos na mente
Pisei nos pregos cerebrais
me diziam que eram remédios
todos bons esses da psiquiatria
vestida de amiga
Coloquei minha bota de desabafo
sai da toca bengala de velho
segui na terra do lado duro
era o meu bairro
morava na rua triste dezoito
quadra deplorável casa zero
Ventanias de nãos me batiam
criei uma coragem do rir de dor
parava um pouco pra ver o mundo
tão longe indo na chuva ácida da cidade
fiquei observando na agonia distinta
o vazio batendo em mim
o vazio batendo em mim
lidando com algo bonito desmanchando
Segui pelos cinzas do chão
passos dados no cimento cidade
lendo os lábios de frio tremendo
ah meus tempos ruins incrustados
como quem faz carinho toda uma vida
que sobrar no cão atropelado
Peguei a avenida burocracia
direção ao centro do problema
buscar migalhas para os pombos sujos
meus braços e pernas
mente e coração
Olhava para fora
observa o dentro
o vazio estava me comendo
Meu olho seco e duro
precisava reabastecer um líquido
o veneno social lubificante alcoolico
comprei uma garrafa no mercado de vazios
um dinheiro das dívidas não pagas
contas passadas
Ouvia apenas o piano de gotas lágrimas
uma música invisível aos grossos
ensaiei um sorriso no caos
Oh o mundo interno
lutando para não cair
mas sem chance de jogar a partida
perde a vida na esquina
Sentei na sarjeta da montanha
era o alto patifaria da cidade
respirei o último pouco ar puro
soltei uma gargalhada
rindo pulei docemente
desse alto do meu desespero
desse alto do meu desespero
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