Crianças de hoje
brincam no lodo atômico de ontem
para após irem na escola
desaprender a vida
Adultos nulos
com suas esperanças de desespero
envelhecem jovens quando adolescentes
idosos aos dezoito
Oh horror abrigado
liga a desconexão de nossas vidas
uma internet de abraços e beijos
insignificantes virtuais
desunião alastrada
O passado esmaga o presente
colocando o futuro no moedor
com pura carne putrefata
Sociedade desfaz amores
substitui por ódio quente
numa lanchonete urbana
Lixo virou comida
cardápio químico
para o corpo latrina
Terapia gratuita
lobotomia nas esquinas
sessão de pessoas
assim esquecidas
Direitos a serem números
ao invés de vidas
cadáveres duros
Candidatos sorrindo
aos sem dentes
festas do dinheiro
no seio da miséria
Telefones tocando
vazios das repartições
faltas de vontades
atenção de música mecânica
O horror vendável
embalagens bonitas
feiúra no monturo
lucro e luto
Vazio no cérebro
cabeça cheia de nada
contudo entupido de ausência
Vai caindo cada indivíduo
numa multidão de vazios
humanidade amarga
que pede passagem
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