sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Contemporâneo






Crianças de hoje 
brincam no lodo atômico de ontem
para após irem na escola
desaprender a vida

Adultos nulos
com suas esperanças de desespero
envelhecem jovens quando adolescentes
idosos aos dezoito

Oh horror abrigado
liga a desconexão de nossas vidas
uma internet de abraços e beijos
insignificantes virtuais
desunião alastrada

O passado esmaga o presente
colocando o futuro no moedor
com pura carne putrefata

Sociedade desfaz amores
substitui por ódio quente
numa lanchonete urbana

Lixo virou comida
cardápio químico
para o corpo latrina

Terapia gratuita
lobotomia nas esquinas
 sessão de pessoas
assim esquecidas

Direitos a serem números
ao invés de vidas
cadáveres duros

Candidatos sorrindo
aos sem dentes
festas do dinheiro
no seio da miséria

Telefones tocando
vazios das repartições
faltas de vontades
atenção de música mecânica

O horror vendável
embalagens bonitas
feiúra no monturo
lucro e luto

Vazio no cérebro
cabeça cheia de nada
contudo entupido de ausência

Vai caindo cada indivíduo
numa multidão de vazios
humanidade amarga
que pede passagem




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