segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Silêncio




Nada emitido
apenas o silêncio frio
machucando o ouvido
cabos ao coração

Telefone mudo
boca fechada sem fala
folha branca que apaga palavra
volume zero no microfone desligado
fim de papo

Audição pisada
censura braba
assim que cala

Livros queimados
filme que se destrói
peça do teatro banida
canção que se foi
 
Decibéis nulos
presos nessa garganta
vômito para dentro
silêncio gritante


 


domingo, 27 de janeiro de 2013

Incêndio







Entre os cacos do caos
nossos corações em pedaços
correm nas cinzas do tempo
todos pisoteados pelo cruel fim
seguem um rio grande que vêm do sul
feito por lágrimas tristes

Sem santidade apenas Maria queimada
inquisição capitalista
trágedia no meio da festa
jovens assim vencidos

Incêndio de matéria prima
dinheiro inflamável organizando
intoxicação e portas fechadas
despreparo de sempre
princípios rasgados junto das vidas 
aos montes nesse chão de dor

Boate sem boa noite
música da marcha fúnebre
namorados morrem abraçados
celularem que tocam até as vísceras
 chamadas perdidas para sempre

Incêndio mundial
favelas que ardem
capitalismo maldito
ausência de amor aos indivíduos
o perigo da vida em desperdício
queima também meu coração 
aflito morto vivo triste
sentindo toda morte e feridos
sofrimentos de horror indigno






terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Egocentrismo






Elogio ao ego super nutrido
dito chamado de bonito
ser assim tido rico
um lixo perigo
sem se importar veste sua vista
espelho de todo dia
alheio ao outro
narciso afogado

Carinho em si
vírus de ti
política abandonada
rabo que abana feliz
ao osso para egoísta
rancher dentes caninos

Área de proteção
telas e grades
prisão perfumada
um abismo entre corpos
flores do mal cultura avançada
a casa de carne que estraga

Ego super herói do eu
vilão da mídia psicológica de massa
entrada na casa de tortura grátis
descontos na liga de falsa bravura
deturpa e entorpece
vestido de salvação

Pseudo psique superior
fogueira das vaidades
entrada pelos fundos do precipício
ego cada dia mais velho
viciado e aflito
diz por favor
 mais elogio no equívoco
mais vício por pavor

Ego centro
sozinho com espelho de ouro
longe do outro
ainda vivo mas já todo morto

O ego náufrago jaz no deserto
sozinho na multidão de lágrimas
à deriva nesse centro
terra do vasto teu eu
longe de você





sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Chá da Tarde





O vento entra traz oportunidade
espalha o radioativo aos meninos 
 meninas e bebês
 mulheres secas em atômos bonitos
 homens vazios no núcleo querido
nessa tarde que invade

Ei Césio
venha beber um chá comigo
tenho 137 amigos amores trabalhos
casinhas de campo e uma baita pele adocicada
vamos beber esse chá para espantar frieza
bomba nuclear de chocolate na geladeira

Senhor Urânio como andam os negócios
vou trabalhar para ti com carinho e amor
serviço noturno da calmaria
venha conosco e senta
o vento movimenta
rosto da gente

Ei Césio
venha beber álcool comigo
tenho 137 garrafas de vinho da tristeza social
líquidos solitários da energia elétrica 
desperdício de luzes acessas
estudando como montar a bomba de hidrogênio
meninos aplicados estudiosos
aplausos pela destruição
causado pelo objeto construido

Hiroshima e Nagasaki são apenas duas crianças
cada um apenas o simples litle boy com diz tio Sam 
que vão na escola aprender
delicadamente como o ser pode morrer

Césio meu amigo
venha vamos beber a água gelada
o calor está demais logo desejo um refresco
a boca fica seca como os desertos contaminados
aquecidos nesse inverno nuclear
vamos beber para espantar frieza desumana

Senhor Urânio aceitou o meu trabalho
limpeza de lixo nuclear no campo vasto
felicidade de sorrir banguela
toda essa lágrima do futuro oculta em câncer

137 telefonemas lhe convidando
aos pedidos de carinho na minha pele macia
genética assim toda vizinha

Nessa manhã é tarde
o dia virou noite
não se sente o pensar
eu apenas bebo o chá




quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Vida Criminal






O crime compensa para os bancos
finanças de carcaças gélidas 
 frieza cardíaca do lucro
absurdamente sujo através dos juros
furtos e assaltos dos seres roubados 
esquálidos econômicos

Crime como delícia
 redes de tv em seus programas
 com violência diária mamada
teta que se chupa do que ela mesma provoca
filmes doutrinas criando vítmas
 discursos de ódio e vingança
apresenta a dor no jornal

Anúncios de propagandas
 embutidos de produtos e serviços como praga
aos alienados fartos de moléstias
passam nos intervalos vastos

Toda gama das intituições tidas como justiça
juízes promotoria políciais e advogados
são aquecidos pelo cobertor do crime
junto com todos os não citados
recebem suas partes das vidas lucrativas
cortadas com a espada do poder
fatiados com sangue novo e ralo
  
Desigualdade na balança monetária da injustiça
o peso arranca as cabeças famélicas
esmaga os pobres e ai começa a sair 
o salgado  creme do crime 
 enquanto aos poucos ricos e suas montanhas de luxo
milhares de lixo em toneladas aos pobres
habitat de hecatombes dizem boa dia
carpe diem de sofrimento

As leis criam o tráfico desde seu berço de ouro
a propriedade é um roubo legislado
o ilícito faz festa de aniversário todo dia
ganhando seus presentes devorados
temperados com códigosde ossos
letras feitas com sangue inocente

Menos para os negros, índios e brancos pobres
o que crime não compensa 
nem um centavo pútrido do capital

Estes que não recebem nem educação e saúde
moradores  do chorume social
sobrevivência azeda junto com porrada
tortura cadeia e pena de morte pelas ruas
as avenidas são lavadas de vermelho

Apenas raros privilegiados
seduzidos ao crime são punidos
a maioria pobre sem chance
engrossa o caldo de cadáveres sociais

Os que sobram tidos como restos
farrapos humanos em maioria
são levados aos campos de concentração
devidamente neonazista histórico
 para serem tidos como reabilitados 
 voltam ainda piores
ao seio canceroso da civilização
mãe sociedade
pai estado
filho bandidagem



domingo, 13 de janeiro de 2013

Delírio Futurista







Estamos diante uns dos outros 
por meios aos amontoados vazios da vida
o ranço e o rasgo na alta velocidade
nossos dados através dos raios e cabos
a própria vida só passando na roleta 
tarifa o peso nas costas da vida
ela gira o corpo fraco e pouco

Respira mas economiza o tanque
o preço do tubo lhe deixa sem chance
é oxigênio ou  veneno
a existência um vazio tremendo

O sol escaldante  lhe queima
trabalha para ter sua quantia
chibatada das horas escravas
roleta de novo na noite
perversa volta para casa
tarifas nas costas feridas
junto ao amontoado das ferozes máquinas
pintadas com sorrisos bonitos

Não importa o que há dentro do pãnico
mas eis o motivo para o desespero
somos  bilhões de desumanos
sofrendo o planeta descascando
 arrancadas florestas pelos dentes de lucro
rastejam o câncer no pasto contaminado
sobram cavalos mecânicos bizarros

Humanidade que arde
uma dor assim ancestral paralisante
filhos paridos no precipício
nascem fetos fétidos
febris e velhos

Lembrando ainda os que já passaram
por aqui e os que virão.... 
hahahahaha todos tolos
ri o riso de horror
um programa que computa a dor
abriga o perigo aos indivíduos
comando para extermínio do corpo físico
caçado através do online
qualquer ataque de máquina
destruir o ser que pode ser eu ou você

 Todos tem direito a sofrer na labuta
a derrota da existência derretida e dura.
depois sair direto para outro vazio
o descanso genético
morte da sua carne cansada e doente
a ausência suprema pelas ruas
o ritual de silêncio do seu desaparecimento

Natureza semi morta espécie andróide
 pague o caixão tumular eletrônico
devolução propriedade de nanotecnologia
aliada da aliança poder capital
república software governo privativo
estupro até o final do indivíduo

Mentiras nas vias da cidade
 é uma peça de teatro... 
livres para compor... músicas enlatadas
 esculturas da carne de si machucadas
parado em coletivos desanimantes
poesias de endecha numa televisão da web
amargo chocolate de plástico
vazio existencial colorido

Mudanças de comportamento na prisão
detentos querem virar combustível
nutrir a máquina de energia
morrer mais rápido
sofrimento zerado
fim grátis de agonias

Obediências civis do café azedo da manhã
lendo seus jornais eletrônicos chorando
 procurando novos venenos para a noite
semelhança ao passado
lazer proletário

Inocentes tapas na cara
aos falsos culpados que ali passam
a robótica não perdoa
aplica seu golpe na superpopulação
choque do proibido 
leia sempre o aviso

Cidade do futuro
máximo destroço de passado em luto
fim terminal do passeio temporal
ampuleta eletrônica
quase a hora de descer do mundo

Os bonecos se mexem
fora de cargos governamentais 
numa lama semi tóxica de maior qualidade
 são tiranos do poder tirando férias
mundo da lua apartamentos de luxo
vista para a Terra cinza

Estes mais ainda mil vezes
afundados numa fantasia
recheada de ilusões felizes
música de pássaros e bichos
todos extintos
ossos do passado

A morte ali parecia sim a delícia
comestível no jantar em família
jaula humana futurista
tida como certa e correta
verdadeira mera balela

A vida vale tanto quando
no passado dos fatos
mas hoje a espécie apenas se fere
numa bengala de tecnologia
para a ferida extremamente fria






sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Contemporâneo






Crianças de hoje 
brincam no lodo atômico de ontem
para após irem na escola
desaprender a vida

Adultos nulos
com suas esperanças de desespero
envelhecem jovens quando adolescentes
idosos aos dezoito

Oh horror abrigado
liga a desconexão de nossas vidas
uma internet de abraços e beijos
insignificantes virtuais
desunião alastrada

O passado esmaga o presente
colocando o futuro no moedor
com pura carne putrefata

Sociedade desfaz amores
substitui por ódio quente
numa lanchonete urbana

Lixo virou comida
cardápio químico
para o corpo latrina

Terapia gratuita
lobotomia nas esquinas
 sessão de pessoas
assim esquecidas

Direitos a serem números
ao invés de vidas
cadáveres duros

Candidatos sorrindo
aos sem dentes
festas do dinheiro
no seio da miséria

Telefones tocando
vazios das repartições
faltas de vontades
atenção de música mecânica

O horror vendável
embalagens bonitas
feiúra no monturo
lucro e luto

Vazio no cérebro
cabeça cheia de nada
contudo entupido de ausência

Vai caindo cada indivíduo
numa multidão de vazios
humanidade amarga
que pede passagem




quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Levante




Toca o alarme
desperta a dor
dormiu  floresta
acorda  cidade

Desencanto pelas frestas
vivendo nos becos da vida moderna
o super macaco vai atrás das bananas
cada dia mais difíceis e caras
antes frutas agora pílulas
enlatada vida

No coletivo de indivíduos
o egoísmo reunido
uma estrada em direção ao nada
trabalho e casa

Ser vira produto
consumo em fato 
lixo no canto largado
pessoas e bichinhos
 
Levanta e planta
mas o trator vêm em seguida
destruir seus sonhos de criança 
árvores de plástico balançam 

Corrida na esteira
streess quilométrico
engarrafamento grátis
cidade e mais cidade

Cinema dos filmes do circuito interno
desencanto no rádio de manhã
violência para almoço
estupro indiano no jantar

Casamento entre desamores
patri e matrimônio penitenciário
para toda lua de fel
fim das amizades
término do carinho
com estampa de sorriso
 
Dorme na cama 
acorda no detrito policial
falando ao passado
mamãe me eduque
papai por favor escola
 
O lazer do cansaço
vira não nascer do parto
compram-se lágrimas
mate sua sede apenas com elas
capitalismo carinhoso

Arrogância femista
imbecilidade do machismo
em promoções anunciadas
parcelas de cem tristezas
lojas abertas dia e noite

A cabeça dói o peso
preço do analgésico para ser sem razão
coração robótico e sentimento mecânico
que na vida diz sempre
sim ao não

Vai acordando do sonho
despertando para o pesadelo


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Passeio





Vesti minha roupa de ruínas
era o que eu sentia para me cobrir
existia o frio do calor desumano
era preciso se proteger
casacos na mente

Pisei nos pregos cerebrais
me diziam que eram remédios
todos bons esses da psiquiatria
vestida de amiga

Coloquei minha bota de desabafo
sai da toca bengala de velho
segui na terra do lado duro
era o meu bairro
morava na rua triste dezoito
quadra deplorável casa zero

Ventanias de nãos me batiam
criei uma coragem do rir de dor
parava um pouco pra ver o mundo
tão longe indo na chuva ácida da cidade
 fiquei observando na agonia distinta
o vazio batendo em mim
lidando com algo bonito desmanchando

Segui pelos cinzas do chão
passos dados no cimento cidade
lendo os lábios de frio tremendo
ah meus tempos ruins incrustados
 como quem faz carinho toda uma vida
que sobrar no cão atropelado

Peguei a avenida burocracia
direção ao centro do problema
buscar migalhas para os pombos sujos
meus braços e pernas
mente e coração

Olhava para fora
observa o dentro
o vazio estava me comendo

Meu olho seco e duro
precisava reabastecer um líquido
o veneno social lubificante alcoolico
comprei uma garrafa no mercado de vazios
um dinheiro das dívidas não pagas
contas passadas

Ouvia apenas o piano de gotas lágrimas
uma música invisível aos grossos
 ensaiei um sorriso no caos

Oh o mundo interno
lutando para não cair
mas sem chance de jogar a partida
perde a vida na esquina

Sentei na sarjeta da montanha
era o alto patifaria da cidade
respirei o último pouco ar puro
soltei uma gargalhada 
rindo pulei docemente
 desse alto do meu desespero





Sessão de Cinema




O filme está gravando
roteiro do tempo moderno
atores todos humanos
animais cortados do cenário
 danos defeitos cinematográficos

Definitivo longa de terror
chamado humanidade
dirigido pelo capital

Luz  nuclear
câmara de gás a céu aberto
ação  tirania

O papel principal 
desempenha sua invasão 
destrói povos por poder
sorri e fuma sofrimento em cena

Dignos figurantes morrerm
ampliam o sentido de cinema
farsa filmada com realismo
 perigo visto como lindo

O trailer passa na tevê
alistamento militar obrigatório
a guerra que traz a paz

Entrega do oscar
ogiva nuclear
cartas de armas
químicas e biológicas
numa noite estrelada

Ficará em cartaz 
será colado fixo nos famélicos
com suas esmolas dadas
vão assistir a sessão das dez


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Astrologia





Meu signo é câncer numa mama mental
 nem sou mamãe
pois não gestei meus sonhos
sendo o menino ferido e mínimo
 nesse velho esquecido


Coração de pedra rachada
concreto cérebro
paletó de cidade


Remédios vencidos
minha data de juventude anulada
uma terapia que destrói 
foi o melhor até agora


Passível de escolhas
molha o rosto de lágrima
sair  pela tangente
dor alheia e dentro


Astrologia do último dia
uma fuga
saída de emergência


Esfrega os olhos e alucina
vê mundos
pula fora deste





Cidade Cerebral








Correndo pelo meu cérebro urbano
noto serviço de limpeza falho
antes sonhos agora lixos
acúmulo em montanhas
devidamente existenciais

Ideias revistadas
polícia moral dos costumes
espancando crianças
recebendo ordens que vêm de fora
além da prisão de liberdades

Neurônios ofendidos revoltados
fazem música poesia e alarde
negam medicamentos calmantes
desejam o fim da tirania

Observo hospital
escola e cadeia
todos são agora cemitérios

Lado emocional uma ala em conflitos
cidade perdida com perigos
 vírus mental rondando vícios
corpo em desencontro de si

Estou dentro de mim
mas fui devastado pela sociedade
que invade minha memória
construindo prédios modernos

Sigo correndo
ruas sem luz
amor caído
oportunidades perdidas
em toda e qualquer esquina
numa psiquê de vida social indigna

Alagamentos na razão
afogando dados em desamparo
mergulho e resgato duas ideias
sobrevivo ao sentido
volto a correr por construções
ruínas feridas da vida

Pegando atalhos
meninos doidos no hospício
quadros de arte rasgados
comida de ração nos pratos
gritaria reunida

Pernas cansadas de anos
envelhecendo a cada hora
vários dias pesados do ardil 22

Vou correndo 
entrando no beco do horror
sem saída
ali durmo e sonho o pesadelo
que é quando desperto
para esse  lado aqui de fora