quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Madrugada Urbana





Vento sujo na fresta
assovio da cidade
madrugada e cimento
tudo tipo vazio
os lixos perdidos voando
as pessoas em maioria
nas caixas tidas casas

Outros trocando a noite pelo dia
apenas alguns seres
no viver do escuro

Mergulhos em piscinas dos bares
respiros de fumaças 
chaminés da carne
baladas de doentes
fugindo da alta hospitalar

Dores psicológicas fortes
nos pesadelos dorminhocos
acordados nos que dormem

Baratas passeiam nos cheiros
ratos namoram comidas
trepam em prédios de motéis sem pagar

A madrugada é literatura maldita
cuspida pelos seres da noite
vomitada pelas manhãs sangrentas

Perigos pouco vistos 
defeitos disfarçados
a noite o osso do dia

Madrugada amarga
toda pessoa solitária
fortalece o nada

Casais apenas  poucos
felizes e agarrados
a maioria é de vida arrasada 

Moradores de ruas
não apagam a luz dos quartos
sonham apenas casas
nos seus pesadelos urbanos

Se há frio
não existe calor humano
quando vêm o calor
aparece a frieza inumana

Nos cantos de becos
jovens errantes
fazem poesia marginal

Quando a noite cai
sobe um novo dia
sem o tal sol

Hospitais e cadeias
funcionam normalmente
angústia da existência

É ela a madrugada
espaço das horas
assim escondidas
limites da rotina do dia

Madrugada ferida do careta
linha torta da loucura
descompasso dos certos
abrigo de erros e errados
os melhores do mundo
o lado B vivo

Madrugada maldita!



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