A crise toca seu alarme
irritante som dentro da psique
faz o grito eletrônico futurista
em ríspido estridente que permanece
oprimindo como luz vermelha de sirene
chibatando os olhos em lágrimas
Horror de uma madrugada interna
dentro do ser em meio ao vazio
nas oportunidades arrancadas
de tal músculo coração
o cérebro treme
É o dano no quarto escuro
visitante do espaço
o chão fica com lama fria
escorrida da tristeza
Razão e emoção afogadas
nem uma das duas está firme
o eu ferido exterioriza a dor
anulando o respirar
junto ao tato
morde o lábio
sente o amargo sabor de sangue
ouve próprio gemido
chora o dano
As pernas não querem o andar
ficam presas juntas com as mãos
posição fetal querendo voltar ao útero
não mais da mãe humana
mas para dentro da matéria
a própria terra
O subsolo das condições é o que sobra
notando isso com o resquício de visão
desejando pelo menos estar dopado
ou que o corpo e mente migre
para a experiência onírica
um pesadelo mais fantástico
que a realidade torpe da dor
Um segundo de pensamento
faz lembrar que não adianta escrever
sente em sentimento a vontade de gritar
ao passo que segundos retiram a ação
enterrado de volta a vontade de retorno
Oh útero terrestre
que me cuspiu num mundo pus de mim
inflamado e descontente dessa triste infecção
a céu aberto chamada existência
O rosto ganha expressão de falta
abundância de miséria
o gesto da carência inútil
não há ninguém nessa solidão
quarto escuro da rua iluminada
Momento de viabilidade crônica ruim
não há força nem ao suicídio
mente perturbadíssima
corpo em pranto
cachoeira de esgoto
sensações letais
O dano se espalha como colonização
corpo vira território atacado por usurpadores
a mente se sente uma África
o corpo a América
Metástase o câncer mental
signo que ascende
sem brilho
Capitalizado o medo
grande pânico
miséria de si
Se balança no leito
adormece ao desespero
cansaço do corpo
dano ao organismo inteiro
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