quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Gelo




A temperatura cai
no inverno desumano
inferno criado de humanidade

Ah o meu coração gelado
ameaçado de morte
nessa geladeira pública

Bate simples tremendo
a agonia por dentro

Um sangue ralo se esvai
para as veias da cidade

Ah meu cérebro frio
proibido de se expressar
nesse freezer privado

Pensa como pode
em meio ao ar da geladeira social
gavetas de depósitos esquecidos
 percas de validade das carnes

Ideias vão sendo congeladas
todas mortas juntas aos sonhos
separados em pedaços

Gelo no corpo
paralisando todo
esse tudo interno 

Desabafos não esquentam mais
são casacos rasgados onde o vento entra
gélido ar de perigo

Abaixo do zero de ter importância
hipotermia de amor e carinho
é como sentido o arrepio

Sigo indo no gelo fino
pisando forte para o chão rachar

Oh não gelo meu infeliz
meu mundo se tornou
cicatriz na neve






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