A temperatura cai
no inverno desumano
inferno criado de humanidade
Ah o meu coração gelado
ameaçado de morte
nessa geladeira pública
Bate simples tremendo
a agonia por dentro
Um sangue ralo se esvai
para as veias da cidade
Ah meu cérebro frio
proibido de se expressar
nesse freezer privado
Pensa como pode
em meio ao ar da geladeira social
gavetas de depósitos esquecidos
percas de validade das carnes
Ideias vão sendo congeladas
todas mortas juntas aos sonhos
separados em pedaços
separados em pedaços
Gelo no corpo
paralisando todo
esse tudo interno
Desabafos não esquentam mais
são casacos rasgados onde o vento entra
gélido ar de perigo
Abaixo do zero de ter importância
hipotermia de amor e carinho
é como sentido o arrepio
Sigo indo no gelo fino
pisando forte para o chão rachar
Oh não gelo meu infeliz
meu mundo se tornou
cicatriz na neve
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