Andando de barco no esgoto
não me deixa parar de ver
sujeira e tristeza
Meus olhos com lágrimas
contém da poluição
boa parte que me arde
me separa ao meio
É sempre tão fria a lâmina da realidade
que nôs corta e entorta a vista
Está tudo sem cabeça
e para baixo
caído e indiferente
aos montes de vazios
Andar de avião no ar sujo
me faz ver tudo morto
só barbárie em toda parte
Me desculpe não poder atender
a telefonia do cãncer celular
a chamada de espera SOS
foi desligada
A natureza morrendo num mundo sendo vendido
os preconceitos evoluindo virando bombas
no meu avião
no barco
e tanque de guerra individual
solidão total
Num coletivo sem sentido
a vida beirando o lixo
o indivíduo pede ajuda e agoniza
sem que ninguém lhe acuda
Trem fora dos trilhos
meninos indo ao genocídio
a guerra que enterra
no deserto das possibilidades
Os vermes numa alucinação real
comendo sonhos
devorando as esperanças
A clínica de desentoxicação mundial
está fechada para os viciados
Drogas Estatais, mundiais e boçais
O hospital sem médicos e com aval
para receber as vítimas sozinhas
nas ilhas desertas do sentir
O shopping do desespero
vende pânico mais barato
pra comercializar a sede animal
destrutiva e indiferente
com força total
A loja de bichos vende crianças escravas
e seres sem vozes humanas
mas as bandas tocam
imploram seus ódios sem amores
sons de dor e muito terror
Gritar virou besteira
igual ao choro
ao mundo todo
ao socorro que não chega
nem lá nem cá
Fomos andar a pé
entrarmos numa caverna qualquer
prédios de risadas televisionadas
Esperando tudo se aniquilar
pra depois tentar passear
num mundo com umas sobras
restos de obras desumanas
MonoTeLha
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