quarta-feira, 14 de julho de 2010

Mendigo




Desorientado

indo sem sentido
pisando no perigo

Mendigo nas ruas
seguindo perdido

Sozinho na aglomeração
amargura e desolação

Não possui família
só um pouco de bebida
e uma triste cina

Nas esquinas sua vida ele perde
pouco a pouco
já está quase morto
grita como um louco

Se deita no lixo
tacam-lhe fogo
se levanta e anda
seu corpo arde todo


Cai morto
junto de enorme
sofrimento e sufoco


MonoTeLha

Jovens sem Futuro




Juventude perdida sem perspectiva

largada pelas ruas esquecida
massa de manobra estabelecida
para uma vida iludida
sem revolta aceitando tudo
orientados a serem cegos
para acharem tudo certo
perder todos os direitos

Juventude sem atitude
não faz nada para que algo mude
fútil e inútil pra si

Obrigado a ir para a guerra
servindo um bando de vermes
a maioria achando isso bom
para a vida em qualquer situação

Amarga extinção

Apanhando dos pais
sendo espancado pela polícia
o jovem vai virando o monstro
que a sociedade vai criando
A maioria cresce e repete
não vive apenas perece

A chance da vida melhorar
é esquecida e mutilada

Jovens sepultados
tudo pode ser observado
realidade que choca
humanidade jovem morta


MonoTeLha

Controle Remoto




Polícia com suas armas

atirando e dando tapas na cara
O controle social estabelecido
cumprido por capangas dos ricos
Soldados com suas cabeças lavadas
vem com suas fardas
ofender e bater
levar para a prisão
trabalhando para a ilusão

O Estado com sua classe privilegiada
envia o batalhão de choque ou o bope
para o golpe de morte
a elite da polícia é especializada em chacina

Permissão para matar
carteira profissional de assassino
Pobres são esculachados e mortos
depois perguntam se era bandido

Gerando ódio de esquina em esquina
só quem vê ao vivo sabe a cina

Controle remoto do Estado
apertam o botão
vêm eles de arma na mão
matando qualquer um
em qualquer situação


MonoTeLha

O viciado




Dependente químico

precisando de droga
seu triste vício

Beirando o precipício
depenando o corpo
por mais um trago

Subordinado viciado
manipulado pelo Estado
marionete da máfia
sempre acusado de culpado

Não consegue parar de se drogar
Não há ajuda da saúde pública
pobre desprezado

O viciado sempre solitário
precisando de mais um trago
indo ao maldito estrago



MonoTeLha

Jogo Mortal




A toda velocidade ocorre

a destruição das árvores
suas horríveis mortes
queimadas e desmatamentos
a natureza segue sofrendo

Bichos fogem para lugar nenhum

O mar recebe lixos químicos
toneladas por segundo de detritos
o palco da vida chora esgoto

Peixes nadando na morte

O pobre solo morto
virou um deserto tolo
sem ser o que era antes
espaço cheio de vida abundante

Terra agora um enorme cemitério

O sol invade e arde
raios ultra violentos violetas
atacam as peles
todo ser agora com signo de câncer

O ar um monstro cinza que ataca
golpes de poeira e muita sujeira
químicas que matam

A extinção dá as cartas
todas marcadas
para o jogo de azar
que começou a rolar


MonoTeLha

Beco




Na ruela a vida passa

apertada sem espaço

na casinha da viela
uma minúscula janela

Olha o mundo curto
um monte de muros

Grades e prédios
sensação de tédio

Pessoas e bichos
misturados ao lixo

Labirinto da enorme cidade
mesmo andando para todas as partes
é como não se sair do lugar
não adianta mudar

Envolto tudo junto
o beco sem futuro

Ligado na esquina
o beco sempre sem saída


MonoTeLha

Pessoa




Pessoa subnutrida

passeia em uma feira
anda pela beira
come frutas sujas inteiras
não tem dinheiro na carteira

Pessoa adoecida
passeia com sua ferida
entra no público hospital
sai passando mal
tortura estatal

Pessoa analfabeta
passeia para a escola
é aprovada recebe nota
sai sem saber ler e escrever
sem nada entender

Pessoa solitária
passeia pela rua
tenta fazer amigos
só consegue inimigos

Pessoas vão indo
passeando e se destruindo


MonoTeLha

Resistência




O sobrevivente da destruição

resiste ao Estado
aos tiros de todos os lados
pessoas se matando por centavos
sobrevive a chacina da polícia
aos perigos de todas as esquinas

A barbárie o persegue
desde os seus tempos de moleque

Agora lê os livros proibidos
que a população sempre devia os ter lido

Se organiza e estuda
planta sua própria janta
Ajuda as crianças
não acredita na guerra santa

Mas isso não é nada
é tudo que pode fazer
mas amanhã mesmo
assassinado pode morrer
Resistência extrema
está de pé até quando puder


MonoTeLha

terça-feira, 13 de julho de 2010

Carne Humana




Experimente já

o bracinho frito
bebê temperado

Muita fome no ato
o quilo está barato
carne humana
vendida agora no mercado
ou no restaurante o prato preparado

Família humana com farinha
fetos em conserva na promoção

Gostoso o cérebro morto
pança e fígado saboroso
Humano mal tratado
fica bem gostoso assado
Alimentado com ração
sem espaço nem circulação
cadáver molinho

Urubus e jacarés
pagam metade na sexta-feira

Entre venha almoçar
petiscos vivos não vão gritar
cordas vocais arrancadas
entre já

Venha acabar com a fome animal
os seres humanos
torturar e assassinar


MonoTeLha

Detenção Infanto Juvenil



Reformar o pseudo reformatório
não existe fora das teorias
Porém os castigos aumentam
junto com as penas

Lavagem aos menores de idade
espancamento e humilhação
tratamento psicológico de plantão

Estado criando seus monstros
as crianças aprisionando
e a educação sucateando

Pivetes tristes moleques
viciados e desamparados
sem famílias e perdidos

São jogados em prisões
escolas de ladrões
subcondições de vida
angústia maldita

Andando nas esquinas
roubando e matando
agora se repete com o que fazem
na triste vida desses pivetes


MonoTeLha

Super Condomínio do Tédio




Sem ter o que fazer

apenas ver tevê
sentado e parado
sem pensar
sem agitar

Computador para ver o que há de dor
o horror dos links o abraça
a solidão beija sua preguiça
a rede de relacionamento não deixa recados
lhe joga nesses cantos largados
Amigos virtuais não dizem olá
não fazem brincadeira
não há beleza
a tela fria só traz tristeza

Arruinado divertimento
trabalha o repetitivo
ato depressivo

Não vai sair
não há pra onde ir

Possui a falta de vontade
que lhe parte ao meio

Deita sem sono
e come sem fome

Olha pelo vidro
a cidade cinza
Nenhuma coisa ousa
pensar ou fazer

Esta vivo mas parece morto
e tanto faz
é enorme o tédio
ao morador daquele prédio


MonoTeLha

Desvalorização da vida




Criança jogada da janela

ou arrastada a sua carne num asfalto
infâncias tratadas como lixo jogado
alta velocidade e intensidade de maldade

Seres torturados nas esquinas da vida

Fumantes que escarram seus catarros
vítimas das indústrias de cigarros

Pessoas amontoadas pelas ruas
sentindo fome e frio

Destruições das florestas
arrancando do lugar o que ainda resta

Valorização da morte
armas de grande porte
apontadas para todos
para mim e para ti

Desvalorização da vida
toda queimada e ferida
num hospital público
ela pobremente agoniza


MonoTeLha

Impossibilidades





A vontade de querer
melhorar
esbarra na impotência
num fato de não poder ajudar
vendo o problema aumentando
e as chances diminuindo

A enxurrada de atrocidades
coloca a porta abaixo
entra sem pedir licença
com excrementos até o pescoço
basta pouco para estar morto

Mesmo sem jogar papel no chão
lá vem a inundação

Mesmo sem fumar
o pulmão está sujo
sem poder respirar

Mesmo querendo amar
a solidão vêm se ajuntar

as armas só atiram
As impossibilidades ardem
invadem e não partem
Agora não dá mais tempo
estamos todos no sofrimento

vivendo no relento
molhados de chuva ácida

A vontade de viver vai se transformando
na horrível sensação de morrer

Os filhos passam a vomitar o sangue do mundo
os animais ficam pulando de mísseis
os idosos se desfazem de repente

A conduta da destruição levando o mundo
como pais que podem levar seus filhos para escola
Como problemas que transbordam
para fora de altos muros

A solução não vai entrar
pois foi expulsa pra não voltar
A esperança jaz enterrada
O sonho morre de fome
e a vida de sede





MonoTeLha

Lixo Alimentar





Contaminação que intoxica

comendo fezes de tabela
esgotos que regam as plantações

Venenos acrescentados a largos tragos
indústria imunda comida sub-mundana
comendo pra ir morrendo
através da alimentação perecendo
Entupindo de gordura
açúcar e conservantes

Banquetes de e para cadáveres
horríveis seres que comem outros seres
torturam e aprisionam
pra jogar boa parte no lixo

Jantares com sinistros paladares
engasgando com porcarias
sem nutrientes para dementes

Comendo lixo e o corpo
entrando em decadência
a vida na emergência


MonoTeLha

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Aviso às crianças




Ei crianças não vão lá

há perigo ali
há lixo nuclear
vazando acolá
A grande ameaça nuclear
espalhando radioatividade pelo ar
penetrando a terra
contaminando o lugar

Ei crianças não vão lá
Chernobyl em Prypiat
ficando largada
uma cidade fantasma

Ei crianças há perigo ali
Hiroxima e nagasaki
vejam só isso
Duas crianças queimadas
irradiadas e contaminadas
num hospital mundial logo ali

Ei crianças cuidado
ao tempo segue o perigo
milhares de anos em danos
genética arruinada
terra desprezada que se desfaz

beirando o abismo
a vida balança



MonoTeLha

Delírio Manipulado





Religião sério controle de massa

que amassa as pessoas
move-se apavorando
espalhando medos e culpas


Atrocidades pelas crendices
criando malditas leis
enforcando até bebês

Ditadura da crença
pessoas amordaçadas e rotuladas
possíveis mortas se questionarem
possíveis assassinas se obedecerem

A fé que emperra e faz não pensar

Ignorância doutrinária

Destruidores da liberdade
fazendo do futuro uma marionete
mecanismo de coerção e poder
inventando o passado
criando um presente de maldade
fazendo do amanhã uma pura crueldade
fortificando os problemas humanos
sem de fato ajudar

Folclore genocida

Monstros crentes dementes
aniquiladores da vida
seguidores e perpetuadores
da mentira criada para governar
matar e trucidar

Mito pró hecatombe

Religião eis a lama na razão
aliada da destruição humana
nojenta guerra santa
ferramenta para a extinção
que espanca a vida



MonoTeLha

Bombas e platéias




A retorcida imagem da manhã

já é pior que o do dia anterior

Eis a segunda bomba

Não se possui muitos observadores
ela caiu
e matou quase todo o resto
o que resta é só destroço

A platéia sente no rosto
o vento nuclear
fazendo apodrecer

Os aplausos se desmancham
juntos de cada pútrida mão

Cérebros afundam no desgosto
Não adianta pedir socorro
a hecatombe chegou

A bomba varre a vida
leva a ida ao fim
Não pode-se ignorar
a catástrofe nuclear




MonoTeLha

Decadência Mundial




Declínio da vida

biodiversidade perdida
espécies extintas

Meio ambiente devastado
florestas que viram desertos
futuros incertos

Crianças chorando
nas prisões
Infâncias chutadas
se sentem arrasadas

A dor se junta ao sofrimento
dançam na face devastada da Terra
como um casal apaixonado

Líderes religiosos idiotas
guerras santas sangrentas
assassinatos de ecologistas
estúpidos homicídios
destruição de árvores
reservatórios de bombas nucleares

Há veneno espalhado
para todos os lados
enorme poluição

Planeta Terra
devastado
ser humano
quase sepultado



MonoTeLha

Dialética da miséria





Sacos de lixo e pessoas

pelos cantos
largados iguais

Dialogam a pobreza
significativa nojeira

Dejetos e restos
para almoços
juntos na calçada

Fome e desperdício
trocam informações

Crianças e ratos
no chão
na altura do sapatos

Infâncias e infâmias
brincam de existir


Poluição e dor
na vida
dentro do coração
colados ao chão

Emissões e depressões
namoram sentimentos
cheios de vazios

Chuva e frio
no corpo
sem calor humano
só sarjeta e tristeza

Natureza e carência
vivências na demência
MonoTeLha

Censura




É proibido reclamar

manifestar oposição
Não se pode discordar
tem que ser obediente
aceitando engolindo
a seco a ordem


Qualquer reclamação
vai lhe levar para a prisão
ou morrer dentro de uma viatura
tendo péssimo fim
nessa vida dura

É proibido queixar-se
ou o assassino lhe abraça
ultrapassa seus direitos
quebra os ossos inteiros

É proibido falar
cantar e até andar
a censura vai tentar lhe calar
matar e trucidar


MonoTeLha

Corrupção BR





Corrupção geral

altos salários
privilégios e castelos

Propriedades e bens
garantidos pelo poder que detêm
latifundiários fazendeiros
viciados em dinheiro
dinheiro bem lavado
dinheiro bem desviado
Contas milionárias
e um povo que paga o pato

Auxílio mansão e vale terno
carros e aviões
as eleições vem ai
e o povo tolo vai votar
e qualquer um vai pisar

Esquerda ou direita
é sempre esperteza

Hospital com aval
para matar a saúde

Direito do povo de morrer

Escola pra ter esmola
educação em última colocação

Direito do povo de nada saber

Sorrisos falsos dos candidatos
para o povo votar
e o sistema continuar



MonoTeLha

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Pinacoteca




Coleção de quadros

bem pintados no salão mundial
miséria por todos os lados
Num a fome retratada gorda
tinta feita de vazio
traços ralos e amargos

Pintura da guerra
alastrada por toda a esfera
o terror de cada Estado
em estraçalhados corpos
decompositores da paisagem

Imagens ridículas do poder
detalhados pelo quadro
retalhado o povo pobre
cortado em fatias
mutilados e vendidos
aos montes as suas mortes
como divertimento e entretenimento
para quem quer tudo ter

Série em unidade
da extinção em ação
Espécies desenhadas
já apagadas

Pinacoteca das desgraças
humanas mundanas
trágica vernissage
da dura realidade
Adquira sua visão das obras
antes que toda as vidas
caiam mortas






MonoTeLha

Cotidiano





O absurdo de todo dia

que machuca a pele ferida
numa dor já pós moderna
bem antiga de chacinas

Velho decadente mundo
largado destruído e imundo
morte adiantada
entulho sinuoso
garantido e gratuito
puro desgosto

Corpos devastados

O absurdo de toda tarde
a velhice da juventude
decrépita desgastada
sem oportunidades
arde forte a pele jovem
ao sul
ao norte
ao leste
e oeste

Corpos mutilados

O absurdo de toda noite
largados e esquecidos
tristes seres vivos
no mesmo lugar
no mesmo planeta
solitários e desunidos

Corpos extintos


MonoTeLha

Açougue Público





Longas desesperadas filas

nas emergências lentas
Louca violência do Estado
hospitais públicos problemáticos
superlotados e quase sem médicos
sucateados sempre mal equipados

Entulho hospitalar
maquiagem e decoração
do Açougue Aguiar
em qualquer plantão

Encostada nos corredores
larga-se a vida numa maca
hospital Amargo Filho
ou Miguel tosco
em qualquer hospital público
um enorme sufoco

Destruição letal no prontuário
Não há remédio ou vacina
para a saúde pública

Pacientes se tornam indigentes
morrendo miseravelmente
em açougues públicos

Largada em coma
a saúde se retira
para o necrotério

MonoTeLha

terça-feira, 6 de julho de 2010

Solidão




Isolados pelos cantos

desunidos junto com cifrões
agonizando cada um
em cada parte
no labirinto a céu aberto
sem saída pelas marginais
nem entradas pelas vias principais
a cidade é uma prisão

Os seres de raciocínio avançado
vão indo ao buraco
quartos e salas vazias
esquinas solitárias de cada centímetro
das mentes quadradas
vidas fechadas
nazistas exibem suas fardas
fascistas babam em cima delas

A polícia passeia
o comercial exibe-se como carniça
as crianças fazem sabão perfumado
com cadáveres de seus amigos

Festas para as guerras
banquetes de fome
enchimentos embriagados
da cara com esgoto
atrações variadas na cidade
cumplicidade ao que é errado
réles e podre


Dentro dos corações
batimentos estúpidos
afogados em mágoas
sem salva-vidas
já pré-mortos e esquecidos


MonoTeLha

Violência Verbal





Destratar ferindo

a azeda e amarga
péssima comunicação
humilhar ao falar
cotidiano humano
da forma de se tratar

Ficar a estragar
criar tormento
antipatia dialética
blá blá blá de só reclamar
efeito de desafeto

Dizer com rispidez
a arrogância determinada
para puramente machucar
cuspir a violência verbal
dizer perverso o tom


Ofender e gritar
fazer o sentimento chorar
brigar e tratar mal
discute berra e xinga
pra lágrima sair
pra felicidade cair
para a depressão existir


MonoTeLha

Indiferença




Umas pessoas não ligam

se são indiferentes
apertam apenas o ligar
de qualquer máquina
funcionam mesmo
Há sempre alguém
apertando um botão

Efeito robótico

Umas pessoas não ligam
se são negligentes
prometem e não cumprem
acendem as luzes
apagam o sentimento

Umas pessoas são humanas
ser humano é ruim
desumano é bom
pois humano é indiferente
humano é o que fica
desumano é o que morre
desumano é o que sai
que se desfaz
humano é o que faz

Umas pessoas andam nas ruas
chão feitos de pessoas
Pessoas pisáveis
do tipo desumana
do tipo diferente
do tipo das que sentem
que são pisadas por pessoas
humanas indiferentes
Ruins.


MonoTeLha