Cai a noite
como cadáver
duma senhora doente
24 horas
começa ir embora
Gira a Terra
com pessoas
vivendo na merda
Apodrecendo
ao relento
Cada um
cada qual em sofrimento
Nas esquinas esquecidos
bebem líquidos podres
analgésicos para dores
Suas vidas são feridas
abertas onde todos
metem os dedos
Caiu a noite como defunto
de senhor acabado
O ciclo do dia começa o fim
Histórias destroçadas
vão da vida sendo retiradas
Eis a noite de próxima
trágica madrugada
Saudades em quartos
escuros limpos ou sujos
Lágrimas que brilham
tristezas sem belezas
Pessoas em pânico
se jogam em trânsito
nas suas veias
fortes calmantes
É a saída do sol
entrada da lua
no céu cinza
Bando de crianças de rua
gritam para vítimas
deixarem pertences
para suas vidas inconsequentes
Do outro lado empresas
de lucro absoluto
empurram seus empregados
para fora já é o horário
Vão indo para o subúrbio
nas sub-vidas numa ida
aos rios de sangue
rios de janeiro
Namoros terminam
amigos brigam
Policiais prendem inocentes
flagrantes forjados
pobres atacados
por armas de todos os lados
Famílias nas marquises
desabrigo e desamparo
Viciados começando
seus tragos
Hospitais lotados
plantão esgotado
enchentes por todos os lados
Vítimas vidas
no manto noturno
só no início
até a alta madrugada
muita água suja
pra rolar
A noite na cidade
alarde estabelecido
Perigo genocídio
passeio do desespero
nas cidades do submundo
MonoTeLha
o desespero é quase um aliado reflexivo para todos nós, no momento em que não adianta mais simplesmente 'confiar'
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