sexta-feira, 25 de junho de 2010

Pequeno manifesto anti-preconceito





Uma pessoa ser mulher não quer dizer que é inferior

Uma pessoa ser homem não quer dizer ser superior

Uma pessoa ser de quantidade de melanina maior ou menor não indica ser melhor ou pior

Uma pessoa ser de cabelo colorido não faz ser ou não ser uma pessoa drogada

Uma pessoa ser gay não quer dizer ser doente

Uma pessoa ser artista não quer dizer ser vagabundo

Uma pessoa ser ateu não quer dizer ser ruim

Uma pessoa ser pobre não quer dizer ser lixo

Uma pessoa ser diferente não quer dizer ser errada

Uma pessoa ter doença não quer dizer ser monstro

Uma pessoa ser estrangeira não quer dizer ser problema

Uma pessoa ser vegetariana não quer dizer ser fresca

Uma pessoa mais velha não quer dizer ser entulho

Uma pessoa ser mais nova não quer dizer nada saber

Uma pessoa ser rica não quer dizer ser melhor

Uma pessoa ser analfabeta não quer dizer ser estúpida

Uma pessoa ser religiosa não quer dizer ser boa automáticamente

Uma pessoa simples não quer dizer ser sem personalidade

Uma pessoa animada não quer dizer com certeza alienada

Uma pessoa ser anarquista não quer dizer ser desorganizada

Uma pessoa não padronizada não quer dizer ser louca

Uma pessoa não saber algo não quer dizer que não quer saber

Uma pessoa ser da favela não quer dizer ser bandido

Uma pessoa ser um humano não quer dizer ser melhor que um animal



MonoTeLha

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Abaixo da Linha da Miséria




Vivendo abaixo da linha da miséria

pertencendo ao estrume da vida
largado pelos cantos cantando loucuras
falando sozinho sem nexo

Vivendo abaixo da alegria
junto da tristeza
sozinho sem ajuda

Entrando na exclusão
vivendo muitas vezes andando de camburão
sem ajuda sempre sem ninguém

Come lixo regado ao chorume
adentra nos hospitais públicos carniceiros
não tendo mais do que mais doenças

As vezes pertencendo a um ensino
que sempre lhe faz analfabeto
Chora e não pode ter muitas lágrimas
já é expulso do banco da praça
pela polícia anti-pobres

As vezes nas capas de jornais da burguesia
tendo o dano moral sendo execrado
réles desgraçado sem direitos amparados

Deseja se matar para a dor parar
tenta sobreviver alguma coisa fazer
Mas não tem algo para fazer

A droga do Estado lhe ampara
lhe dá a morte e o sufoco
deixa aos poucos morto
e faz não tem mais chance
espera a morte logo
se tiver um pouco do que chamam de sorte



MonoTeLha

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Crise do Futuro




A potência econômica quebra a cara
caquinhos de pessoas pelo chão se desfazendo
choram gotas de chorume
numa dor gratuita

Impérios reduzidos a pó
sem ter o que comer
plantações de mortes no campo
cidades cemitérios abrem suas tumbas
o filme de terror da realidade
flocos de sorvete atômicos
um deserto nuclear diz olá

Passando agora pelo que causou
sofrendo a miséria
ação e reação do vazio dos corações
a enorme crise mundial chegou
num natal mundial colorido

A água contaminada engarrafada
com a cólera e a injutiça ambiental
bebida a largos goles
pelos países ricos


Não podem mais alguma coisa extrair
tudo se acabou
matérias primas cessam
na ilusão de tudo ter
ganham o nada

Tudo está perdido
nesse mundo destruido
comam os detritos
em coma os corpos caem
e não se levantam

Bárbarie Urbana



O colapso crucial
cruza nossas vidas
perigo em cada esquina

Seres violentados e violentos
sem destindo e indo provocando
sofrendo e causando o perigo
Qualquer um é alvo
mortos por alguns centavos

Sociedade de controle
bem armada e municiada
estraçalha quem pegar migalhas

Mundo perverso das ruas
selva de pedras
viciados em merdas
estado lucrando com as drogas
rogando por mais doentes
pessoas inconsequentes

Marginalidade beirando as reles oportunidades
gaiolas de ratos esfomeados num laboratório
pessoas em ruas vigiadas querendo beber água

O kaos invade a cidade
faz o ódio surgir
A crueldade fria emergir
Humanidade escravocrata de si
destruindo tudo que quiser existir


MonoTeLha

Vigilâncias Vs. Insurgentes




Vigiam sistematicamente a pobreza
para se ter a certeza
de na miséria assim permanecer

Há câmeras para todos os lados
policiando junto com equipamentos de segurança
garantindo a propriedade privada
de existir nesse caquético mundo

Policiais prendendo batendo e matando
por quem se revoltar
pela imbecilidade aprovada
no corpo das leis montada

Os melhores não obedecem e lutam
querem comer
querem beber
e ter qualidade em viver

Insurgentes eis o ideal tipo de gente
pessoas decididas insubmissas

Os confrontos se travam no campo de batalha
que é a própria vida

Uns morrem
Uns apanham
Uns são presos
Uns vivem
Mas não desistem e resistem !

MonoTeLha

Aniversário Nuclear



Agosto mês do desgosto
aniversário da bomba atômica
herança de bondade humana
Tecnologia a serviço
da matança indiscriminada e fria

Hiroxima e Nagasaki
duas crianças queimadas
contaminadas e irradiadas

Capitalismo e guerra em ação
poder mandar no mundo
suas bombas anti-humanas
Fazer dele o circo das desgraças
existencias sendo dizimadas

Ataque nuclear
soledade para todos
socorro para ninguém
sofisticação para sofrer

Atuais bombas aperfeiçoadas
mísseis disparáveis
novos ataques
para qualquer parte
sempre possíveis
sempre a caminho
para repetidas pretenções
de provocar as extinções


MonoTeLha

Tirania Global




Escravocracia governo mundial
do impêrio econômico global
torturando e matando
para o privilégio existir

Faz escorrer o sangue
pelas doloridas feridas
no entorno do cofre de jóias
que esmaga o corpo dos pobres

Lesão escovada com aço
sem a mínima pena
escorraçando inocentes
fábrica de indigentes

Obrigado a servir
empurrar as correntes
sorrir para a desgraça
sofrer e ir dormir
Acordar e de novo
tudo repetir

Produzir escultura da aberração
a tirania em ação
robóticos subservientes doentes
dando chibatas em pele e osso
em qualquer rebeldia e revolta

Mundo humano genocída
esmagando crianças
estuprando infâncias
Oprime no ato de escravisar
para o império sempre triunfar



MonoTeLha

Pesadelo real



Dos sonhos sobraram
as cinzas
Da vida morta queimada
a vida destruida

O pesadelo em marcha
num movimento continuo
destruindo tudo
A realidade arde
há morte por toda parte

Navegar pelo esgoto
em volta do globo
Quem resta e quem sobra
fica a deriva

O fedor
a peste
o medo
num círculo opressivo
pessoas em puro suicídio


A enorme agonia desperta a dor
acomoda o desespero
Não há saída do pesadelo
a vida virou um enterro
como filme de terror
real roteiro no mundo inteiro


MonoTeLha

terça-feira, 22 de junho de 2010

Guerra de Lucro




Tudo se acabou

se incendiou
só o nada resta pra mim
A amada e o filho apodrecem
cadáveres agora
lindo e animados antes
Liberdade enterrada
militares condecorados
Cidade bombardeada

Guerra boçal com aval
lucro para o telejornal
burguesia estado e indústrias de armas
corporações da morte S.A
matança assistida
povos assassinados
e ricos sorrindo com seus cifrões

Eu despedaçado me despeço
manifestação súbita e violenta
da pura injustiça
que me faz virar cadáver

exterminação enraizada no seio da vida
nas tramas dos estados
Segregação biótica
marionetes controladas para trabalhar
sem nada dizer
sem nadar reclamar
apenas obedecer
no militarismo podre
matar e morrer


Não importa de qual estado
será morto por estúpidos velhos
que mandam em jovens cretinos
que obedecem ordens cegamente

Povos explorados
milhares de mortos
de ambos os lados


MonoTeLha

A baixa




Contando os mortos

cidades destruídas
sobreviventes despedaçados
Na baixa da guerra
que é a pura miséria

Olho para qualquer direção
e só vejo a destruição

Não há o que fazer
os exércitos estão ai
para matar eu e você
qualquer um tanto faz
desde que a máquina de guerra
lucre mais e mais

Militarismo crueldade milimétrica
balas traçantes na boca de crianças
com sabor azedo e amargo dessa vida

As feridas são muitas
várias idas para a vala rasa
câncer e contaminação
espalhando-se sem parar
Metais pesados carregados pelo povo
sempre torturas a cada ano novo

A baixa da guerra
é a miséria patética
na esfera da Terra
Explosão morte devastação
extinção da população


MonoTeLha

Alienado ser




Aqui está o ser

cativeiro da miséria
vivendo no perecimento
escravo de facínoras
comendo lixo químico
Empunhando a coleira alegremente
pedindo mais chibatadas
e pesos nas costas
Salários baixos
implorando por mais porradas
Balas de borracha na coluna
numa alegria em ser paraplégico forçado

Agressões de especulações imobiliárias
bem aceitas e bem vindas
Sucateamento da saúde e educação
amor pela cadeia e prisão

Aqui está o que Ler
Jornais que alienem mais
livros de religiões algemas
na cabeceira da dor de cabeça
Descritivas de contas não pagas
queridas ameaças de despejo
e desejos de direitos não cumpridos

Aqui está o viver
a desgraça do ser
alegria em ter corrupção moral
fraude racionalizada e amada

Aqui está o corpo
animal morto tido como troféu
ser humano extintor destemido

Aqui está a dor
querer sentir mais
o sofrimento
a ilusão
e o terror


MonoTeLha

Poluição atmosférica




A fumaça empesteia o ar

traz um mar de destroços
Dói até os ossos respirar
suja o pulmão
trazendo dor no coração

A vista arde
todas as partes cinzas
paredes corroídas
séria antipatia atmosférica

Caminhando no corredor
o centro populacional
sufocadas ruas fechadas sem oxigênio
sem saída de emergência
natureza diferente do passado
Agora os canos entupidos
engordurados e com sujeira

Destruído meio ambiente
faz jorrar problemas

Indústrias com suas chaminés
faz o ar ficar sujo da cabeça aos pés
Carros fazendo catarros
corpo devastado
poluição para todos
para todos os lados

Artificialização e químicas sinistras no ar
para danificar e sufocar
até não não mais se podre respirar


MonoTeLha

Pré - IML





Ninguém

nenhuma pessoa ajudou
quando o rio transbordou
a água chegou no pescoço
a idosa subiu na geladeira
e morre na frieza humana

Ninguém
o nutriente do vazio
Estado omisso
comunidade desunida

Ninguém
só a idosa
agora só o cadáver
em cima do parelho congelador


MonoTeLha

Consumo do sofrer




Milhares de propagandas vomitadas

para dentro do cérebro
entupindo os tubos de coisas estúpidas
consumismo enfiado goela a baixo

Aprender a perder a natureza
para se ter uma vida artificial
tratar o que é vital como algo banal

Comer lixo
entulhar detritos no planeta
beber esgoto
Assistir merdas defecadas na Tv
falsas alegrias na programação
vida triste na realidade
sobreviver perecendo e morrer

Tudo garantindo para uns no poder
o melhor de tudo ter
Grandes populações catastroficamente
o rejeito podre ser

Exprimir o barulho de dor
produzindo um som depressível
vemos crianças nas ruas
vemos bichos nas jaulas
chorando como adultos
homens e mulheres
pedindo para parar o tormento
de seus enormes sofrimentos


MonoTeLha

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Cidade Planejada




Desastre e esperteza imobiliária
pronto para causar pobreza
trazer miséria para a maioria das pessoas
especulações segregadoras

Classe dominante criadora
dos subúrbios e periferías
ordenando a falta de oportunidades
e locais sucateados para os pobres
Misérias mantidas para criar
suas mansões garantidas

Ambição imobiliária
destaque em destinar verbas
situações manipuladoras
dinheiro público controlado pelos chefes de estado

Luxo aos ricos
Lixo aos pobres

O roubo do bando
eis os assaltantes não descritos pelo jornal
mídia escrava mão da burguesia
escondendo a agiotagem
Burgueses patifes lastrocídas
Condenando sempre o povo
nunca os especuladores carrascos
controladores da cidade planejada

Lucro aos ricos
miséria aos já pobres
Pobres barracos na beira da vala
Ricas mansões na beira do litoral

Miséria alastrada para os pobres
Riqueza e desperdício ao podre de rico


Assim a cidade é montada
como se dá o mundo
produção de guerras
arrogância existencial
hecatombe mortal



MonoTeLha

A casa Desumana




Residência dos seres
construida com estupidez
arquitetada em injustiça planificada
mantida por ligas de detritos
Domicílio humano
casa dos genocídios

É peculiar o lar podre
paredes de nojeiras
um chão funesto
rostos de crianças inimigas pisáveis
tapetes coloridos das dores
energia nuclear iluminando
rejeitos radioativos vazando
quadros de bombas atômicas
e decoração de sofrimentos

No Lixo da casa
as melhores pessoas
as melhores ideias
e as únicas chances


Moradia condenada
desabando
caindo
indo
ao
fim



MonoTeLha

Rejeitos



Lixos são feridas
permanentes do amanhã
e não cicatrizantes no hoje
Passeiam nas classes sociais
toneladas de misérias contaminantes

Todos os dias doem bastante
sem remédio
sem mistério
O horror impuro dado de presente
destruindo o futuro

Aniversários diminuindo
pessoas e bichos
cada vez mais cedo indo
morrendo e perecendo

Turismo na cidade fantasma
com estátuas sorridentes
num frio congelante do calor desumano
embaixo o lixo segue voando pelos espaços
contaminando a vida que sobra
Brota a bruta flor da morte

Tudo se esquece
se perde na transformação
destruição da natureza
A morte escolhida enfim
biodiversidade no fim




MonoTeLha

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A escola do muro




O alarme ensurdecedor toca
alunos adentram para paredes frias
do concreto aprisionador


Todos uniformizados com coleiras
recebem suas palmatórias morais
prontos para decorar a cartilha


Exercícios robóticos reprovadores
nos mecanismos coercitivos
turmas disciplinados pelo medo

Professores autoritários
e decadentes funcionários
obrigam seus tempos
seus horários
Alunos subservientes
aceitam as ordens
vidas doentes



Obediência ao lado imundo do mundo
aprender para competir
capitalizar e se auto iludir
Os alunos da escola do muro
estão sempre a seguir
e mundo tristemente destruir



MonoTeLha

Rio de realidade




Sentado na beira da vala
com a ponta do sapato no esgoto
Olhando como é podre
fecho os olhos e entro num pesadelo
penso no mundo inteiro

Sinto o frio
a morte no rio
a vida por um fio

Vejo o tiroteio de olhos cerrados
armas e balas que tem asas
voando de mão em mão

Qualquer um mata qualquer um
daqui ou dali
de lá e acolá

Na verdade a realidade se parte
arde total
Estamos dentro da vala
na água suja quente
mergulhados e arruinados
em classes sociais

Sinto o fedor do lixo
aroma de suicídio
a biodiversidade morta
num latão de resíduos
sendo jogado no abismo
repetidamente

Não adianta remédio psquiátrico
para tapar o sol com peneira
os raios ultra violeta passam

Há quem não veja a enorme sujeira
por estar cheio de capital
ou algum dinheiro na carteira
não vê a morte e desespero
rondando as vidas inteiras



MonoTeLha

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Arte Poluente






O ato de poluir
ir sujar e corromper
para lucrar sem parar
tornando a natureza morta
perto pintável e poluente
Tintas da desgraça
obras já vendidas para todos

em todos os cantos em todas as casas

Todos pintando seus quadros

obra coletiva da arrogância de todo dia
dramática realista
a vida plasmada numa tela fria
de desgraça assistida

Esqueça as meninas
esqueça os meninos

Todos ficaram velhos
antes da hora
infância perdida
Poluentes aos doentes
almoce a degradação
aceitando a indigestão
Vomite tudo e coma novamente


A cidade arde em chamas
pura poluição gratuita
alimentando humanos
em seu mundo podre
de poder perdas e danos

Exposição da miséria humana
vernissagem de carcaças
vidas desemaparadas
largadas em intoxicação

Detritos domésticos
agentes químicos
rejeitos industriais
embaixo do tapete
mera performance artística

Beba esse chá de esgoto
comendo umas ogivas
Vamos indo nessa arte poluente
abertura da sepultura
cultura da ignorância em abundância
Arte para todos os mortos artistas decadentes
plasmando a piora
o degradante cotidiano fim




MonoTeLha

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Lixeira






O mundo cheio de lixos

vazio de limpeza e natureza
precisando de algo como socorro
crianças e bichos
tratados como detritos
jogados pelas valas esquecidos

A dor se espalha regada por sofrimentos
gerações em mutilações
contaminadas irradiadas
câncer epidemia de todo dia

O sono das pessoas
faz dormir a vida
adentrando pesadelos
para o despertar da morte
Cadáveres trabalhadores
assistindo televisões de noite
vomitando canais
se tornando reles boçais

Seres perdidos na lata do lixo
Mundo atacado desesperado
por si mesmo
proibido de existir

Aos montes e montanhas de lixo
de ontens e hojes
de provável não futuro
perdidos em qualquer ideia e tempo
Destruindo o prazer
adentrando o apodrecimento
apenas largados na lixeira
estando todos a morrer



MonoTeLha

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sujeitos Verbais






EU pobre passo fome

TU burguês desperdiça comida

ELE da polícia vigia minha revolta

NÓS aqui do planeta brincamos de ódio

VÓS burgueses não deixam viver as pessoas
só apenas os da sua laia

ELES policiam a miséria alastrada e desumana


EU observo sua riqueza
de dentro da minha pobreza

TU se blinda e se fecha
em inúmeros bens

ELE revista humilha e prende
pela minha roupa de trapos
e cara de descontente

NÓS dançamos todos o perigo
de existir na injustiça

VÓS patéticos subservientes sem revolta
olham ao redor da dor e não voltam atrás

ELES burgueses militares e governadores
mestres da agonia assassina
de tudo querer mandar
de tudo querer possuir


EU TU ELE NÓS VÓS ELES
sujeitos verbais
cada um em cada passo
vivendo a beira do colapso




MonoTeLha

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Período Noturno





Cai a noite

como cadáver
duma senhora doente

24 horas
começa ir embora

Gira a Terra
com pessoas
vivendo na merda
Apodrecendo
ao relento
Cada um
cada qual em sofrimento

Nas esquinas esquecidos
bebem líquidos podres
analgésicos para dores

Suas vidas são feridas
abertas onde todos
metem os dedos

Caiu a noite como defunto
de senhor acabado

O ciclo do dia começa o fim


Histórias destroçadas
vão da vida sendo retiradas
Eis a noite de próxima
trágica madrugada
Saudades em quartos
escuros limpos ou sujos
Lágrimas que brilham
tristezas sem belezas

Pessoas em pânico
se jogam em trânsito
nas suas veias
fortes calmantes

É a saída do sol
entrada da lua
no céu cinza

Bando de crianças de rua
gritam para vítimas
deixarem pertences
para suas vidas inconsequentes
Do outro lado empresas
de lucro absoluto
empurram seus empregados
para fora já é o horário
Vão indo para o subúrbio
nas sub-vidas numa ida
aos rios de sangue
rios de janeiro

Namoros terminam
amigos brigam
Policiais prendem inocentes
flagrantes forjados
pobres atacados
por armas de todos os lados

Famílias nas marquises
desabrigo e desamparo

Viciados começando
seus tragos

Hospitais lotados
plantão esgotado
enchentes por todos os lados

Vítimas vidas
no manto noturno
só no início
até a alta madrugada
muita água suja
pra rolar


A noite na cidade
alarde estabelecido
Perigo genocídio
passeio do desespero
nas cidades do submundo



MonoTeLha