domingo, 22 de março de 2009

Trabalho escravo





Comer colér de sal

cheia no fim do mês
ficar no prego

Aturar o esporro
do seu dono
Faça isso
limpe aquilo
Carregue agora
o peso
da obediência



Dar de comer
aos animais filhotes
da selva de pedra


Colocar lixo na mesa
e de sobremesa um não


Proletário otário
correndo atrás de salário
empregado na parede
medo de ser demitido
a todo momento
é a rotina

A fila pra tomar seu lugar
é grande
pra ganhar até menos
andando em remendos

Sem se revoltar
Voltar pra casa
ver tudo no lugar
as contas não pagas
a miséria farta
alastrada

Comer colér de sal
cheia no fim do mês
Ficar no prego

Acorda vai trabalhar
não pra si
não pra rir
não pra ti

Acorda vai se escravizar
pra sangrar
pra chorar
não pra ti
não por ti


Acorda pra matar
seus filhos
Os levar pra escola
a ensinar
a obedecer
e a continuar
escravidão
e todo o horror
rolar
acorda vai trabalhar



MonoTelha

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