Comer colér de sal
cheia no fim do mês
ficar no prego
Aturar o esporro
do seu dono
Faça isso
limpe aquilo
Carregue agora
o peso
da obediência
Dar de comer
aos animais filhotes
da selva de pedra
Colocar lixo na mesa
e de sobremesa um não
Proletário otário
correndo atrás de salário
empregado na parede
medo de ser demitido
a todo momento
é a rotina
A fila pra tomar seu lugar
é grande
pra ganhar até menos
andando em remendos
Sem se revoltar
Voltar pra casa
ver tudo no lugar
as contas não pagas
a miséria farta
alastrada
Comer colér de sal
cheia no fim do mês
Ficar no prego
Acorda vai trabalhar
não pra si
não pra rir
não pra ti
Acorda vai se escravizar
pra sangrar
pra chorar
não pra ti
não por ti
Acorda pra matar
seus filhos
Os levar pra escola
a ensinar
a obedecer
e a continuar
escravidão
e todo o horror
rolar
acorda vai trabalhar
MonoTelha
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