sexta-feira, 20 de março de 2009

Crianças invisíveis






Tentando caminhar

resistindo a tudo
o menino de rua apresenta
um monte de cortes
de flores de aço

Não há saída desse pesadelo
os parquinhos não existem
Estes são depósitos
de sujeira

Me dá um moeda tia
Me dá uma moeda tio
Moedas pilúlas placebo

Pra servir de balinha
do ronco adulto
já velho

Crianças apodrecidas
em sociedade

Conservas
numa garrafa
escondida num pé sujo
abandonado

Ninguém é seu confidente
pois não há abrigo
nos seus braços

São invisíveis até em espelhos
crianças ricas não são elas.
Se tornam
apenas uma vitrine
do nada
que seus pais dizem
não olhe o vazio

Esses pequenos corpos
se contorcem
na calçada da sua rua
planeta organismo
na artéria entupida
do seu coração
do sangue consciência


Crianças
abandonadas
tristes
doentes
de
rua

Da
sua

e
da
minha




MonoTelha

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