Tentando caminhar
resistindo a tudo
o menino de rua apresenta
um monte de cortes
de flores de aço
Não há saída desse pesadelo
os parquinhos não existem
Estes são depósitos
de sujeira
Me dá um moeda tia
Me dá uma moeda tio
Moedas pilúlas placebo
Pra servir de balinha
do ronco adulto
já velho
Crianças apodrecidas
em sociedade
Conservas
numa garrafa
escondida num pé sujo
abandonado
Ninguém é seu confidente
pois não há abrigo
nos seus braços
São invisíveis até em espelhos
crianças ricas não são elas.
Se tornam
apenas uma vitrine
do nada
que seus pais dizem
não olhe o vazio
Esses pequenos corpos
se contorcem
na calçada da sua rua
planeta organismo
na artéria entupida
do seu coração
do sangue consciência
Crianças
abandonadas
tristes
doentes
de
rua
Da
sua
e
da
minha
MonoTelha
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