quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Sozinho






O caminho sem trilho
percorrido pelo indivíduo
se abastece de perigo
ele vive o sozinho 
vazio ferido
trem descarrilado 

Ah gelo humano
percorre teu sabor
faz do sublime vinho
apenas azedo veneno

Seu trajeto
 é pago com lágrima
a dor confere o preço
somente segue o ir 
dando dinheiro ao rico
a isso chamam de trabalho
dizem justo o privilégio
e a paz de espírito
o lixo dado ao corpo

O indivíduo está sozinho
percorre seu coração arranhado
munição e alvo
tudo é a si
egoísmo sem fim 

O vigiam
ele coloca seu espantalho para viver
últimos créditos fichas e centavos
máquina de moer carne
 querer a todo custo engolir

O caçam
ele dança nos escombros do mundo
finge o que pode para que não olhem
este peso nas costas disfarça
fugitivo apenas por estar vivo

O machucam
ele aprende novas coisas sobre o corpo
dores e cortes profundos
água vermelha que vai
alívio vêm e a vida que sai

Não há novidades nessa noite
apenas uma nova cama
leitura do passado 
reação do futuro
sobrevivência

Uma cidade pulsando como vírus antigo
humanidade por toda parte
sintomas da doença social
mas o menino busca madrugadas
esquinas escuras e o resto de floresta
o caminho solitário 
seus sacos e trapos
planta o caos 

Há panelas 
vegetal  e água
é a casa
única que lhe ama e guarda

Esquenta um chá ao frio do coração
leva comida para barriga vazia
deita sua solidão ao relento
faz amor com a terra
no sono o sonho azul
não acorda
e assim feliz
dorme para sempre 








Um comentário:

  1. cara... fiquei quieto e sozinho aqui... entendi o esquema e tudo o mais.

    tudo esfriou em volta, ao som do bleach que tu mesmo me compartilhou.

    Sozinhos estamos juntos.

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