sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Carne Sem Aval






Pego o cansaço e jogo ele
rodando no chão
os passos são dados
o sapato chora o piso

Arrasta calçadas
chuta a lata de vala
rua toda vazia
dentro de mim

Dou álcool ao fantoche
puxa as cordas pra lá até aqui
um bar de perigo colorido
carnaval antipático de escravos
amargo mundo largado

Saio voando avião em parafusos
o colapso da rota
estrago na fuselagem
multidão solitária
dança fantasia de mentira
problemas na política
sociedade de farsas em farpas

Tudo misturado no vacilo ferido
música dói os minutos
horas mortas padecem 
dias fúteis lavando memória
dançando na boca do capital

Cidade que percorro
povo louco prostituto
migalhas sensuais
sexo aventura do abismo
moralismo avançada doença

Carne pútrida saúde pública
escola de escândalos
estradas esburacadas do coração
impostos aos ricos de miséria
humana moderna guerra

Mexo a perna esfera planeta
poluição pelos cantos
boca em vomito feroz
manhã alucinada de jovens
gritam socorro silencioso

Veneno gratuito vírus
vencem os vícios religião endeusada
fezes na comida nesse pão 
café sem amanhã
líderes do dinheiro
pastores de contas bancárias
ataque cardíaco na lógica
sentimento roubado mentindo

Os dias passam trator no corpo
latifúndios de lama
asilo com arame de espinho
metal pesado fukoshima
terra indigna vendida
carne aval do cárcere infeliz
câncer signo de morte

Sumindo entre fantasias
mesquinha vida 
esconde ilusão
afunda caos
amor 





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