Arrasto me diante dos dias
pesos frios como gelos
costas enfraquecidas de dor
seguem quase caindo no abismo
Muitas vezes foi escrito apenas poesia
uma fantasia vista como indigna
outras vezes as mais puras lágrimas
feitas com o próprio líquido de veias
jorrado aos papéis
misturado com gotas de suor frio
O livro é escrito com papel de dor
na triste e solitária
sala de desespero
Vou indo com o corpo fraco
várias vezes cortado
pulsos e pescoço navalhados
perante o mais forte cansaço
No subterrâneo sem luz
fica meu abrigo gelado
ainda não posso ir lá fora
a radiação permanece
junto com a falta de visitas
Busco não tremer de doença
digo que estou sempre bem
nos quadros de avisos
Sentimentos tristes
perigos potentes
desertos do real
estradas esburacadas
motores sem conserto
e uma profunda solidão
são os cartões postais
que chegam diariamente
Há angústia no café da manhã
lixo comestível na hora do almoço
tristeza severa de jantar
Entre cada segundo
falhas na fala
comigo e no contigo
oh o eu e você
ah o você e eu
assim longe de si
O sonho sofre
vive suicídio
O ser afunda
fundo abismo
Veneno velho
vermelho sangue
me olha cada um
bem no fundo de mim
Ainda pouco vivos
choramos juntos
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