Multidões de vazios do parque
me enchem com o nada
cada dia mais presente
Os muros do local estão ficando mais altos
ao mesmo passo que pontes do amor
caem no abismo existencial
Estou muito chateado
dentro do parque de desilusões
recheadas de fraquezas e violências
Estou preso nesse brinquedo
pois fui julgado culpado
meu crime foi se defender
Realidade disfarçada de amiga
me bate a face já em lágrimas
O valor pessoal
elevado ao lixo
me encontro dentro da lata
Mendigos queridos
foram recolhidos
não vão me reciclar
Sigo na viatura bate-bate
dura vida
roda gigante emperrada
fim da tentativa de liberdade
O pior que a doce prisão
algodão doce sujo de areia
é o salgado mar do suicídio
Meu sangue fica frio
patina em zero graus
coração de geladeira
pedrinhas de gelo caem
dos olhos
Só deu para
brincar um pouquinho
o trajeto do afeto afundou
tchau barquinho
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