quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Radioatividade




Diga olá para a radiação
veio afinal na sua casa
visita convidada permitida
entra sem bater e no silêncio

Nossas células dizem olá
para um câncer chegar
os filhos do futuro abrem
os parentes também

Árvores de natal se dissolvem
guardadas do cristianismo
cartões postais do islã nem chegam
judeus não comemoram ano novo
novos neonazis sorriem
pátrias patriotas se movem

A radiação sem fronteiras
as medidas de benefícios
todas caem do céu
entram nas terras
até o abrigo sem lar

Lixos nucleares de presente
mesmo para todo esse futuro

Um fala para o outro
um diz para o sufoco
religiões se apavoram
religiosos são mortos
políticos igualmente

O resto se reúne deformado
países em colapso pelos atos
nem pianos nem pianistas



MonoTelha

Polícia Psicopata




Os policiais vieram dizer ajudar
para todas as balas nos inocentes
que são doces dados de graça

A defesa do patrão é garantida
maus salários serão pagos
o brinquedo novo é comprado

Aceite as leis vocês
lambendo a bota
vomitando sangue

A civil vêm ai
a polícia do exercito também
a federal e a secreta
para sempre deixar o povo
pisando na merda

O povo alienado não vai ligar
a corregedoria é do estado
arrasado de família normal
vai entrando na cova
está tudo controlado

Não há nada de errado
sua região será vigiada
o perigo afastado
a polícia é boa
cale a boca

As drogas do sistemas liberadas
pobre pague a conta
sua luz e sua água cara

Mulher sua revista e morte são pagas
defender a si é cavar as covas
mas saiba é proibido atirar em mim

Homem desobediente
as coisas não são bem assim
a polícia veio servir e proteger
a sua morte segura e garantida

Ordem para os pobres
progresso para os ricos
ame a colonização
solidão e desumanização

Os bonecos do estado
vão arrancar todos seus pedaços
não adianta reclamar de maus tratos
Uma cadeia fétida e insalubre
uma proibição de se revoltar
atirar na cabeça policial nem pensar
siga os filmes o inimigo é o pobre
exemplo é o norte americano
um rico europeu tudo dominando

A polícia está trabalhando
junto com os de outra barbáries
amiga dos juízes e estados
sua fome e sede diz simples
morte ao ser de todo você
obedeça tudo ao viver


MonoTelha

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Burocracia





A fila não anda
ela rasteja lentamente
para receber a esmola

As costas sempre tortas
levando privilegiados
a cada passo mais pesados

As vezes recebendo anestesia
colheres de sal e migalhas
trapos coloridos enfeitados

A fila possui televisão
com seus tapa olhos visíveis
um guarda armado orientando

A fila vai seguindo viciada
indo sempre em direção ao nada
ganhando tapas na cara pelo caminho

A fila é para entrar em outra fila
em seguida entra se na próxima
que vira a esquina
a quadra
o bairro
o estado
o pais
o mundo



MonoTeLha

Estadia





Sentado na beira da sarjeta
abismo do mundo moderno
balançando as pernas cansadas
de tantas voltas dadas pela vida
sem nada que alimente a barriga

A mente fica nas pessoas passadas
caixinha de surpresas feias
a despedida forçada
a queda da alegria
o coração se torna frio
e o corpo triste

Todas as coisas erradas do mundo
batem na porta da frente
são marretadas que machucam

Levanto a cabeça da depressão
vejo o cinza da cidade que entra forte
a respiração pesa igual caminhão
sinto arder por dentro a morte

Não tenho o que esperar
só queria que tudo acaba se
que a vida fosse embora
sem tanta dor gratuita
serviços públicos de merda
gente morrendo pela guerra

Ah maldita estadia na vida
problemática e vazia
problemas subindo pelo bueiro
pela sarjeta vejo o caldo
transbordando pelo mundo

Vou me afogando
sem sair do lugar
a vida sem mudança
vai indo virar toda uma ferida
com moscas em cima
rindo da patética vida



MonoTeLha


Perfil




Sou o fraco
uma galinha e a vaca
o burro e o viado
o que se veste de trapo

Sua a puta e o filho dela
o pobre e esfomeado
 renegado na favela
preso em cárcere 

O reprovado escolar que se larga
mendigo doente viciado
espancado por mamãe e papai
dependente emocional
desvio social

O feio em ausente convite
o sujo sem dormir
desencontrado em perdas
cansaço ser escravo

Adolescente rebelde
criança pivete
velho abandonado ao asilo sujo
o louco desvairado com choque

Carregador de saudades
escravo proletário
desiludido na ruína

A má companhia
o fracasso desamparo
morto em vida por opção

Um tonto e cego
menino passando mal

Apaixonado solitário
infeliz sem rumo
relés suicida 
sem futuro
doente amargo azedado 
pesadelo e velho

Vírus
superpopulação
sou o eu
 você





domingo, 23 de janeiro de 2011

Navalha na carne



Começo lentamente
os cortes são suaves e leves
como filmes antigos editados
de pedacinhos em pedaços grandes

Como a mente deseja
a velocidade aumenta
o forte pensamento navalha
como corpos antigos em guerras

Sangue em seus pingos
lágrimas vermelhas do corpo
choro de abrir o berreiro

Menino fraco ao forte desespero
sem tentativa de resistir ao próprio enterro
gritos e lágrimas vão ficando fracas

Navalha na carne
a parte que não aguenta
que morre assim como no cinema

O corpo em choro
várias lágrimas finais
como tristeza de vida banal
não mais um filme
não mais um vivo


MonoTeLha

Cemitério de animais




Bichos tratados como lixos
indo sempre aos abismos
prato na mesa de pura frieza


Preconceitos congelados sabor cadáver
barbaridades embaladas para o consumo
imediato sofrimento preparado

Caldo de lágrimas em novo rótulo
suor de nervosismo sabor stress
fezes coloridas artificialmente
fazendo sorrisos humanos falsos

Bifes de diversas dores
bichos acorrentados até os ossos
triturados e amasiados mortos

Filhotes em lotes esmagados
datados para o café sem manhã
postos no almoço dos monstros
jantar a luz de vela de funeral

Barrigas humanas cemitérios
túmulos de pintos galinhas e bóis
fins tristes com rótulos de felizes






MonoTeLha

Plantio desumano




Plantando a separação e a frieza
regada com toda indiferença
jardins da discórdia inglória
adubada com a morte da beleza
preparo na mistura com a dor

Vai a horrível plantação do lixo
sendo cultivada dentro da vida
desumana de todo dia a dia

Fertlizante de ultra tristeza
compostos de sonhos putrefatos
canteiros de morte em cova rasa

Todo o esgoto sensação desumana
guardado para a noite junto com rancor
servindo de regar o sofrimento plantado

Pronto para ir alimentando
nossas desesperadas vidas
e gerações ainda não vindas




MonoTeLha

Férias




Fui passear na terra da solidão
conheci pessoas sem vozes
famílias que são ilhas
tentei ver seus olhares
tentei sentir abraços
encontrei o vazio apenas

São pássaros engaiolados
cheios de comida e águas
super contaminadas
vírus da desunião ativada

Suas vidas me partem o coração
há terras e caminhos por ele agora
são asfaltos de tristezas
percorridos pelo não gentil

Entrei na jaula número nove
cobertores macios sem liberdade
não pude sorrir vendo tv

Quis dizer olá para o carcerário
pedir um pouco de banho de sol
para os presidiários atentos
Um grunido feito pelo ferro
dizia isso é meu e não seu

Era um gradeado enorme
com vista para o mar amargo
navios ali sujam tudo ao redor
aviões deixam surdos ao passarem
vão por cima de todo carinho
jogando suas bombas de tédio

Minha única chance foi fugir
de volta para a terra da guerra
brigar a violência do prato de comida
a peste que ataca e que fere

Ficam as lembranças do vazio
o enorme frio na coluna mental
escrevo no meu caderno
um diário de lágrimas ocultas
na lama que leva o nome
sociedade limitada e humana



MonoTeLha

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Teatralidade Letal




Acho que o mundo é uma peça de teatro
de tragédia ultrapassada mesmo
numa grande bilheteria lucrativa

É uma esquete num avião que vai cair

Aviões sem pilotos para pousar
o rastro vai deixando sua estória no ar

Vamos mentir e dizer que o avião
é um belo pássaro no céu

Sim imagino isso

Podemos mentir que voamos em pássaros de metal
mas aviões de guerra sempre jogam bombas
Profissionais da morte precisam da vida para ter
feliz natal e próspero ano novo
um mais antiquado que o outro

Mesmo sem beber o alcool estamos alcoólatras
no bar sem fim de prateleiras cheias
A aeromoça oferece a garrafa de veneno
um vinho religioso que aliena o corpo
Cabines especiais com santuários de mentira
as igrejas são lugares para rezar
e tomar passes de bombas

Tanta patifaria em o ser humano poder ser extinto
em sua própria ignorância desumana e sádica
engolida em goles abastados e bastardos

Dá uma certa vontade de rir do choro causado
um fígado maltratado pela sociedade anônima
tripulação embriagada de capitalismo

Na hora da refeição a bordo
as pessoas fingem que não comem merda
Sendo que pelo corante e conservante disfarçam
os aperitivos para o jantar dos cadáveres
além é claro do sabor arficial de felicidade
A vida dentro desta cova voadora e rápida
pode ser mobiliada e decorada
com rostos de palhaços mal pagos

Músicas alegres de aniversário
para cada dia mais velho e decadente

Músicos desanimando a fresta de aniversário
o avião pousa é outra cidade e outra tristeza

Filmes horríveis tratados como belos
o piloto sumiu mesmo e não há comédia



MonoTeLha

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Religioso





Pobre diabo
Deus miserável
invenções humanas
nomes dados piadas

Contrários armados
municiado cada lado
fiéis pagando armas

Briga de conceitos
razão emoção
vícios divididos

Nem feio nem bonito
apenas o tédio definido
a religião do indivíduo

A cabeça e o corpo
andando por ai doidos
doloridos e tristes
sem deus nem diabo
apenas humano pesado



MonoTeLha

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Luto





Triste o choro sem esperança
o martelo do juiz sem justiça
mortes em cápsulas de munições

Amargo gosto da derrota
inglória gente caída e do lado de fora
que lutava para a vida melhorar

Luto pelos pobres povos
os bichos tratados como lixos
os vivos cada vez mais mortos

Rastejando diante das riquezas
a miséria pede sua passagem
custo do transporte pra ir embora

Os meninos de rua imunda
mundanos desumanizados
marginais com fome de tudo

As meninas grávidas de problemas
nove longos meses de incerteza
vidas inteiras de pura certa tristeza

As dores dos corpos multiplicados
doenças por todos os lados sem amparos
remédios só as mortes atuais

A máquina de ganhar dinheiro
sempre só para quem já tudo tem
para sempre os detentores do poder

Luto pelos cantos
na poesias e nas músicas
em pinturas e nos rostos

Luto de todas as cores
em todas as melaninas
todas as esquinas e culturas



MonoTeLha