domingo, 8 de agosto de 2010

Despertences Despertados




Nem um prego na parede para ser pendurado
o desemprego é garantido
ser subnutrido
sem lazer
sem ter o que fazer
Não é possível
Colher de sal cheia
salário nem o mínimo
nem o trabalho informal na rua
a viatura vêm e leva tudo


Morar no morro não se pode
o preço do aluguel que sobe
favela em especulação imobiliária
postos do governo
unidade de polícia para impostos
nova violência

Nada de ter alguma coisa no banco
nem no da praça é possível
a polícia é anti-pobres
pega os pertences
joga fora para longe



Água não pode ser limpa
só dão da torneira
pois não pode chegar
em bebedouros
os donos do ouro não deixam

Restos de lanches
sem chances de matar a fome

Gratuita é porrada da polícia

a ameaça da milícia

as balas sainda da boca
indo pro oco das cabeças


Uma banho numa vala

pra fugir da chacina


Foi trocado o nome próprio
pelo título de indigente
gente que não presta
a miséria é o que resta


A tristeza tem bastante
não há um só instante
sem solidão companheira
coração na geladeira

O choro ali existe sozinho

sem ninguém para enxugar
calado quieto
num canto sem pessoas
a olhar

O que reserva é uma cova rasa
a tristeza que arrasa
o corpo que se arrasta
a dor pra lá
sem vontade de voltar
nem de ficar


MonoTeLha

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