terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Andar




Eu vou andando 
pela cidade  abismo
sem sentido pelo labirinto

Numa ida ao  trabalho 
sentindo 
meu coração se destruindo 

Placas que dizem ali  e   lá 
que não há um lugar 

Caminho vejo 
trechos caidos largados
pelos meus sapatos 
esburacados
queimam desesperança
num sinal

Pessoas passam 
e   eu bebo um rastro 
do seu veneno 

Danço um pouco 
no lodo
boca do lobo 
dentes de ferro 
berros do policial  

Me rastejo no  almoço 
restos de certos dejetos
do   amor    humano 

Aos desmaios e tonturas
na gritaria  do comércio 
das emoçôes 
eu suspiro o  delírio 

Caminho  pela rua 
a fábrica de passeios feios 
Torneio de passagens 
em direção a lugar nenhum 

Passo onde trabalho que não gosto
Me deixam ir de novo 
para o lugar que não quero ir 

Entro no ônibus 
das voltas em círculos 
cidade ferida 
lixo fedido
pessoas perdidas 
caronas não cedidas 

Vou para o lugar nenhum 
o lugar comum 
Olhar do fundo a cidade 
que arde no fim da tarde 
cobertor rosa poluido 
já  a  cobrir 

Uma despedida 
o fim de mais um dia 



MonoTeLha

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