sábado, 22 de setembro de 2012

Inversão





Os que dizem  amar ficam longe
quem odeia quer ficar perto

Foi o vento nuclear
mudou a genética
célula de loucura
doença cotidiano

DNA de nada
ao tudo que se leva 

O ônibus errado de novo
velhas novidades
no jornal de amanhã

Quem foi que disse
se calou de fato

Pedaços de sem sentido
objetivo de vida
vide bula

Solidão gratuita
bem paga com a carne




Feche Bem a Latrina







Sou o proibido
a pessoa restrita sem visita
não podem me ler por dentro
nem olhar ou sentir-me
é proibido por vocês mesmos

dissimulem e escutem o grito
tem cores fortes
vermelho e preto

A ordem é expressa
gatilho de chantagem
lei de desunião
o não para o meu eu

O tempo corre agora me machucando
não é assim que se deseja?

Amigos dos muitos
não sei o que é isso
estou numa ala solitária

Me querem lixo
que não seja reciclado
sendo assim dou os parabéns
peço só que feche melhor
essa latrina que me encontro
por favor fechem direito

Não quero ouvir as mentiras
dos gostos e falsos gozos 
que dizem sentir por mim
num passado que deve ser calado
sigilo e censurado feito

Nem menina amor
essa já foi para fora
e nem foi abandono
tudo é de encontro a si
solidão

Sigo e ando pela
falta de espaço
parede do quarto
sem luz 
foi cortada

Roma jaz em mim
não vejo cuidados
só perto o que devasta

Dane-se o que sinto
não importa nada
apenas me sentenciam
solidão risonha
des-prezo depressa

Já perdoei os erros familiares
entrei no psicólogo do céu
me desculpei com jeito
 por exercer meu mínimo de viver

Emoção 
foi por ela que me defendi
mas não querem saber
não posso ter medo ao sair
dizem premeditar
se coloquem em meu lugar
apanhem por mim

Não tenho ajuda
não posso ajudar
só me querem isolado

Já me cortei pescoço
profundamente 
nem ligo mais
nunca fiz por beleza
ou chamar atenção
manipular o músculo
coração

Dane-se meu suicídio
todas as tentativas que tive
sempre respeitei os outros
apanho desde novo sempre
me dá vontade de sair mesmo

Pulseira de navalha na carne
claro que é de cor vermelha
já escrevi meu pior
e dolorido poema
com tal relés líquido

Pular de abismo
vira uma moda
como quem mexe
o egoísmo no travesseiro

Deixo recado
queria todo
cada um ser
sim sendo
amado

Mas não pode
não querem
fazem da vida
um brinquedo
que não pode
não se deve
ser emprestado

Eu apenas brinco de viver
uma hora eu acabo
mas não largo
meu sorriso bobo
até o fim

Me segreguem
distância firme
mas e se sentirem saudade?

Poxa, pensei nisso
crueldade eu aceitar?

Sempre acho que se pode
brincar no parquinho
cada vez um vai no balanço
mas por que eu não posso?

O que aconteceu com o amor
deve ter acontecido o mesmo
com a liberdade

Sufocada pelo ego
pela lei inventada
numa coisa de mal gosto
de não buscar ajuda
usando os outros como bengala

Não...
eu só quero ir no parquinho
brincar um pouco numa arte
fazer carinho e ter o dar amor

Mas não posso
por favor
feche direito
essa merda de latrina

Não quero ouvir
mais nenhum som
esse é o meu caixão
lata perfumada
essa é a prisão
dedicada a mim
nem sei se quero
sair daqui

Me matem fazendo
exatamente como tem feito
É crueldade eu aceitar?




sábado, 8 de setembro de 2012

Difícil Caminho




Arrasto me diante dos dias
pesos frios como gelos
costas enfraquecidas de dor
seguem quase caindo no abismo

Muitas vezes foi escrito apenas poesia
uma fantasia vista como indigna
outras vezes as mais puras lágrimas
feitas com o próprio líquido de veias
jorrado aos papéis
misturado com gotas de suor frio

O livro é escrito com papel de dor
na triste e solitária
sala de desespero

Vou indo com o corpo fraco
várias vezes cortado
pulsos e pescoço navalhados
perante o mais forte cansaço

No subterrâneo sem luz
fica meu abrigo gelado
ainda não posso ir lá fora
a radiação permanece
junto com a falta de visitas

Busco não tremer de doença
digo que estou sempre bem
nos quadros de avisos

Sentimentos tristes
perigos potentes
desertos do real
estradas esburacadas
motores sem conserto
e uma profunda solidão
são os cartões postais
que chegam diariamente

Há angústia no café da manhã
lixo comestível na hora do almoço
tristeza severa de jantar

Entre cada segundo 
falhas na fala
comigo e no contigo
oh o eu e você
ah o você e eu
assim longe de si

O sonho sofre
vive suicídio

O ser afunda
fundo abismo

Veneno velho
vermelho sangue
me olha cada um
bem no fundo de mim

Ainda pouco vivos
choramos juntos