sexta-feira, 29 de julho de 2011

Viagem do Ônibus 485





Entrando pela saída

eis o passeio
lendo o letreiro
seta para baixo
vamos subindo

O motorista não viu
que somos atores
para essas câmeras

A passagem é ir e vir
sem pagar o absurdo

Não se viu o cobrador
eis o moço do ônibus
o trânsito
a máquina
o desemprego

Ator e a atriz
bem assim

sem nem um centavo
burlando e sendo
cada um feliz


Poema em homenagem à poetiza Alice Solto

MonoTeLha

Passeio pós moderno




Não sei o que é

nessa rua apagada
se é amor
ou ódio puro

um inimigo
ou amigo

mas vou seguindo
abrindo o caminho

A rua apagada
é vida pós moderna
volta como pré história

Somos eremitas do passado
sem as velas
Somos seres urbanos
sem as lanternas

Nesse meio dia
quarenta e cinco graus
valoriza a máquina
e não o animal

Há satélites lá em cima
e internet aqui em baixo

Não há como saber
qual empresa vai matar
e o governo a sua lei
na veia do corpo
envenenar no pacote

Parece tudo vendido
para o tio sam
ou um dos chineses
talvez para o europeu

Não há como saber
quem o quer abraçar
sem nas muitas latas do lixo
criar para sua vida um anexo

Segue o caminho
para casa ou precipício
as placas empurram
nessas ruas imundas

oh cheiro no ar de ilusão

Sopra um vento frio
de alta tecnologia
damos abraços para esquentar
em salas de bate papos
altamente virtuais

Ai a gente se despede
andando pela rua apagada
sem saber quem somos



MonoTeLha