Mal estar fatal
passando mal
indo para um hospital
açougue público do Estado
Olha para um lado
e olha para o outro
a miséria está no olho
a ver a falta de viver
Num corredor observa a vida
virar apenas caminho até a morte
sem exames nem remédios
com poucos médicos
A situação caótica é um cartão de visita
feito da uma mistura de merda com cadáver
o desespero diz bom dia
e o pânico uma boa noite
Tudo está no devido fora do lugar
contaminado desfecho
dentro de quatro paredes
uma prisão desconfortável
quarto de hospital do animal
pobre passando pela via
caminho público letal
Na madrugada de agora em diante
a angústia sufocante deita em leito
gemendo suas péssimas tragédias
Plantando agonias cinzas pelo caminho dos sonhos
Colhendo a doença incurável do horror
Olhando para dentro e as coisas desfocadas
da loucura agora a sua primeira dama
Os pensamentos afundam na carne ao lado da dor
de cada poro de cada tato possível
Vai perdendo dessa coisa de estar vivo
numa balada de ir morrendo
muito sofrendo e gemendo
sua doença come até o seu nome
só resta o prontuário
checado e garantido como terminal
O hospital é um cemitério
não tão gratuito
a vida que não é bela jaz ali dentro
Centro da cidade da doença total
morrer é uma maravilha
viver é um pesadelo acordado
garantido pelos chefes de Estado
homens de negócios e afins
Vai caindo
sem escolhas
a sensação de piora
e a morte
lhe beija a boca
num corredor solitário
enfim