quinta-feira, 20 de abril de 2017

Abandono



O cão foi deixado de lado
abrem porta para o desamparo
expulso ao mundo
perdido no labirinto
seguindo sem destino
nenhum amigo
fiel indivíduo

É uma criança
cachorro rapaz
o senhor idoso
a amiga maravilha
caída na elétrica avenida 
um trem passa na linha


Uma moça sem chances
o adulto apaixonado 
pivete do coração
detento sem visita
o mendigo tido como vírus
todos abandonados
expulsão do carinho
adeus vivo ao ser esquecido


Amigo e amor
se foi um dia
fim da lida vizinha
agora a solidão inimiga
vacila na vida


segunda-feira, 17 de abril de 2017

Casa de Chás





Corpo em colapso desconforto
avizinha sua parada na cidade nefasta
momento difícil às cinco horas coloniais
passa o forte sufoco na agonia da tarde
ao chá e café com bomba nuclear
o ferro velho sentimental pousa
és a ave engaiolada da cidade!

Está ali a pútrida bebida
armazenada em chaleiras segregárias
bebem os excluídos de sonhos no local
ralo dinheiro é pago
miseráveis de salário sabem ser caro
pesadelo no ar regrigerado

Segue à mesa lógica atendida
sem emotividade benigna
cadeira de desespero
preenche com o trapo esquálido
farrapo humano de desamparo

Senta sentindo sinistro serviço
acolhido pelo vazio freguês
acrescenta a colhér de mexer caos
 pede erva de trevas pós modernas
mistura o enjoô e a liquidez
vez desamor expresso
indiferença fumaça
sabor vala e tapa na cara
ingere a amarga golada
gosto da desgraça

Há o açúcar tecnológico do desprezo
 enriquecido de urãnio mentecapto
engolido com a temperatura solitária
uma dor mundial de cabeça
povoa a fria xícara

É a casa de chás das lágrimas nossas!
Uma cafeteria do abandono!
Chás para todos os desgostos!

Engole ali a depressiva vida
beirando seu suicídio
traga o veneno coletivo
o triste ser indivíduo
humano perdido como vírus
um rico mendigo
paupérrimo dolorido
patológico psiquico ser vivo

Ingere biscoito tolo no lodo
molha ao caldo de desperdício
nome vulgar ao chamado sangue
uma mordida de alegrias não vividas
fez lembrar a escola menina
onde perdeu a aurora viva

Deitar no parque não é mais possível
apenas o pesado negativo em mesa
sentado nos problemas mastigando a dor
bebe o medo nervoso
espanta moscas ou mosquitos do tédio
perturba a garganta mental
amídala cansada em pãnico
passa a gosma malévola

O rosto gelado de lágrimas
ajuda engolir esse  farto fardo
vomitando para dentro
o desgraçado pedaço
biscoito magoado

Já caindo a noite doente
lamenta sua radioatividade chorosa
uma tristeza bélica e fotográfica tumular
se acolhe na calçada suja de humanidade
um telefone celular dormitório
entrando no sono da ignorãncia
adentra certos pesadelos pessoais
frases de poesia malditas são lidas
fagulhas vivas da agonia
a vida bela farta e bonita
agora cai perdida
segue sendo ai 
extinta