terça-feira, 14 de julho de 2015

Indigente






Leito no frio
calor humano mendigo
sorriso meio fio
sarjeta de alegria
a cachaça passaporte cemitério
 avião de destroços
voa alto
saída do pesadelo
mundo inteiro

Serviço social necrotério
registro governo indigente
terra morada do miserável
pá é mansão lucro burguês
funcionários de poder 
assim ganham da morte do pobre
riqueza

Não se faz notícia
antes vivas feridas
agora esquecido e indigno
o mendigo




Automóvel






O cansaço vasto deserto
caminha solidão no olhar da parede
cinzas do tempo pelo canto da boca
uma música medonha para dormir 
o sono do caminho acorda planeta pesadelo
é hora de cair no vazio
pulo automobilístico do abismo
diz o chefe trânsito

As ruas de teu cérebro estão engarrafadas
há um congestionamento do sentir
pois pensar deve ser pago
moedas do ouro miséria velha
prestações do veículo corpo
um comércio letal de bebês
guardados em álcool do bar
encharcado no vício

Deita no veneno do banco de pedra
último modelo de tecnologia medieval contemporânea
bizarrices riem envoltas de lágrima combustível
é de fato o carro
corpo mecânico avariado
anos de chumbo em tráfego lento

O pesadelo foi viver o sinal vermelho em verde
a morte uma estrada ficou querida
a física inerte é o pesadelo  profundo
simplesmente por se mexer
o carro bate
a vida como acidente
faixa de pedestre
fim da linha 

 



segunda-feira, 1 de junho de 2015

Abandono







Apenas só
aguado em lama do peixe sufoco
chuva alagamento das lágrimas
a despedida menina
menino Hipócrates
parto feto falecido
doenças cifrões na tarde
o governo brinca morte
lida em dinheiro os ricos
pagando para ver a pobreza
atacar em filme videogame cruel
a sina macabra cidade carne
desperdiça vida em via
uma bicicleta merda
pedalando agonia viva
nem um centavo valia
amarga juventude perdida
também a medicina na triste esquina
asfalto do sangue ciclo
desarmonia em fim perdido
toda vida em perigo

O público agora privada
está seca sem água no banheiro maldade 
superpopulação em leito de morte róseo
ala de desamparo enfermaria número quatro
o lago de fúrias e poluição ausente sentido
idoso rosto da estátua desrespeitada
o médico Jaime Gold professor foi queimado
são facadas em farpa depressiva
vasta farsa social aos olhos em queda
falta noção o tato toque
surdez para música bonita
são as asas em corte assadas
um churrasco de sonhos
pesadelo acorda realidade
classes antissociáveis capitalismos
a fábrica de ser bandido
lucram absurdos bancos da praça mundial
contas a pagar com moeda biológica
uma guerra verme e velha
mau estar de civilização para roubar
 doenças crônicas cédulas de alto cifrão
estafilococo aureus pútrido burguesismo
uma cepa de bactéria pós moderna
comendo todas as pessoas num restaurante terrível
 gangrena gasosa sonora em barulho dos pratos
somos nós a comida de enfermo
indo até a boca do monstro caixa registradora
ceifando solidariedade e abrindo covas
uma economia assassina que diz bom dia
capitalismo ferida antiga

Há hospital doente de lixo
empobrecido com a ganância dos dentes privilegiados
mastigam também escolas analfabetas
viés notícias de televisão para cegar
a violência é produto vendido
tudo como resto do almoço na janta
migalha de sorriso
cidadão mendigo

Vão indo esperanças
seguem tristes mortes
caminhos cansados
sofrimento fútil combustível injusto
salário máximo privilégio e miséria
mansões no inferno terrestre
barraco desabando no montanha de carinho
és o terrível cargo de dor
crachá chip mental marionete
 a esquizofrenia latifundiária 
shampoo arrogante aos cabelos ferro
 toda a invalidade do mundo

Deita na sarjeta de gelo esgoto
queimando a indústria dentro do corpo
amargo câncer  ascendente açúcar refinado
diabetes tensão cardíaca e sal
telefone carcinogênico liga para você
mas a saúde lhe abandona 
pagador de impostos
encolhido no chão com o feto
é também a criança esse adulto
infortúnio sem futuro adolescente
tudo nulo

Agora é ferido por palavras 
eis fria fina poesia cotidiana que fatia
coração triste bate bate a cabeça em parede
o relógio cai nossa vida 
a esquina e vento sujo
poderosos arremessam entulhos
tanques de guerra e cérebro bélico
grades e febre rosa remédio de farmácia
chá de genocídio bruto lucro fútil
sangue de ser bicho humano abatido
também do lanche animal extinto
enlouquecendo humano sozinho
morto vivo








segunda-feira, 13 de abril de 2015

Alarme Global








Oh humanidade
 sua suja carne invade toda parte
um câncer eletrônico manual
 riscos traçados militares
 pura sede contaminada
 os grupos químicos digitalizados em pele
são pílulas de mau estar vivo caindo
caminhos bombardeiam flores
veias abertas na velhice precoce
são agora crianças vísceras ogivas vítimas
riem drogadas de web e tédio
prostituídas por água suja
tudo o novo velho
um mundo devastado cor de cinza
eis robô diz aonde ir
exato nada
bunker do coração
horror cerebral
carne de chip


São agora carros e bonecas
jaulas macaco estilo roupa contaminada
o laboratório abismo jardim da infância
futuro primitivo uga uga
novos aviões Enola Gay sabor indiferença
distribuem sacos de lixo resto índio
censurados berros gratuitos mendigos
ouvidos no alarme profundo
estado estrago vírus bactéria bélica
última moda de Paris doente
ataque do pânico anilina
bola cenoura Napalm
café com sua tia acabada em lágrima
bizarra taxa cara e vasta
a conta matemática errada dos seus dias
aflição viva da sua vida
socorro proibido
restos vivos em perigo
ataque químico


Ser miséria velha
superpopulação na tarde
delírio coletivo em febre cinema
cadeia pública
o açougue carnaval
punição básica música
universidade do crime 
loucura hospício reabilitador
 pular do prédio encantado número 1984
tomar teu veneno madrugada
assistir o canal problemático
deitar na casa triste a rua
cor cinza agonia
uma indústria de móveis
teus cômodos do coração na esquina
infartos depressivos em máscara alegre
mansões do sono remédio aos pés
pesadelos em suas colchas carnais
ferida travesseiro
pesadelo


Ruas costura
nó visão cega
cada quebrada peça
quebra cabeça de educação falida
corpo queimado inverno
o labirinto lápide
a poesia finca
analfabetismo nuclear
usina radioativa das letras
raio gama nos derrubando
sem amor
sem saída 
o beco história pós moderna
às sobras contaminam fins
inícios dos restos rastejantes
são os sonhos pintados com césio
vinculados ao amargo fardo desamparo
a natureza sua linda inimiga
falecida vítima
tristeza vizinha
a agonia


Veneno fetal infeliz
genética Frankenstein
planeta devastado com flores de plástico
continentes funerários
a brincadeira desespero
é o parque crianças e medo
 adultos mísseis desfiladeiros
é sempre para baixo depressão
sua extinção humana
mercado final
tudo bizarro
alarme global
gritaria de bebê
é você chorando
pequena dor universal
sou eu você
piano ao fundo
nota lágrima
tecla de nós







sábado, 21 de março de 2015

Guarda Roupa





São vestidos com rasgos
guarda roupa de vazios
a endumentária carne machucada
estou humano vestido com planeta
terno e gravata nuclear
há o casaco de lágrimas coletivas
uma calça preta poluição sonora
são ruas nossos desesperos de cetim
meias desenho desgraça
tinta de sangue e pau brasil
vestuário terror amassado
tecido da extinção

Nosso armário do sentimento rejeitado
a velha blusa solidão
combinação calcinha doença venérea
cueca patológica machista
tudo adquirido na liquidação da esperança
os trapos moda dos anos passados
são velhices morais em leis
é camisa pesadelo
algodão cru da fome e medo
 cinto miséria
broche horror

Casaco do suicídio global
agonia aos fios frios do calor desumano
roupa queimando índio
uma pena de pássaro esmagado
bicho pele arrancada
sapato problema crônico
chapéu doença mental
um cachecol da tristeza grossa

Uma lingerie para a noite da guerra
crianças pisadas pano de chão
idosos costura em parede
balas traçante corte de modelagem
moda sofrimento

As roupas de amor não cabem mais
camisa de força opressora
pijama despesperado modelito
decadência engomada
bermuda cor desisto do sonho
blazer sem socorro
chinelo pobreza

Há coturnos marchando eternamente no rosto
medalhas destruindo coração
sobretudo o nada

Não pode ficar nú
o uniforme obrigatório magoa
é o trabalho
destruir o mundo
fardas



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Tristeza e Frio







Multidão gemendo em coro
escorre pelas ruas com fel
preenche copos de cólera festa
somam cubinhos profundos de fezes
acrescidos com gelo social adocicado de alienação
uma plena amargura enganosa aos nossos dias
dança na beira do abismo
bêbada e triste
eis açúcar que não salva
nem alivia vida
oh nós


Um chuva ácida sensação
gotas de lágrimas fúnebres gratuitas
fere com seu frio pago de ar condicionado
uma cidade para chamar sua ignorância
vomitando uma bílis fresca
para um forte ausente abraço


Poças de solidão congelada
há o vento vazio sem sementes
beijando esse chão duro coração
um inverno ficou
estações o sabem


Cientistas e padres apodrecem
permeados de lama existencial
caldo lodo cáustico inerte
sem mexer no deserto nuclear
 o químico do ser humano
algo que faça sorrir
banguelas do hospício letal
o perigo diminuir


Já é tarde e tudo se vai
feio para a crise triste
um passeio sem chances
indo a lugar algum
assim fechamos nós
a abertura desunida
um voz despede pedaços
sonho largado


Não há perai
a dor entra sem bater
 prédio rasgado de papel higiênico
um intestino esmagado ao cárcere florido
um grafite pelas paredes
bonitos desenhos inúteis coloridos de dor
pintura rupestre de peste pessoal
trata-se do globo
planeta ao menor ponto
um ônibus passa em cima do amor
idoso Amaral 


Há uma notícia pior
tudo podia ser melhor
mas não dá mais carinho
agressão aos inocentes e banho em sangue
falta de água alegria
agora apenas tapa da cara
navalha e canto sujo
música


Cantam lunáticas mudanças de relógio catástrofe
é um mais do mesmo madrugada maldita
a dolorida ferida viva
ruas da cidade ruína
nem menino nem menina
é a morte adulta
aos pés da sepultura
dizendo pague o resto
o agora velho quilo carne
um bebê flor no lixo
ele é você 
eis o ser


Sou cinza cidade
uma sujeira azeda
minha imagem no espelho
é meu próximo


Assim afundo junto contigo
durmo profundo na fornalha
um inferno de estranhos fliperama
você e eu sozinhos continentais
embalados em violência
não há saída só o fim da vida
como frio da rua
sedento choro nosso
uma catástrofe mundial
minha pessoa
seu ser
nós









sábado, 17 de janeiro de 2015

Aviação







Poucos passos dar
levanta voo ao eletrônico hangar falido
doa dor beira abismo
caminha em si o fim e segue
analgésico navalha asa
faz carinho falta
fita o nada

Frio verão veio
abraça fezes febre nuvem
nave incêndio e ar condicionado
banho chuva de lágrima frita fuselagem 
ácido choro de sangue 
carga de ar viciado
pulmão vício vírus vizinho
arde brasa o brilho triste
combustível barato de sofrimento
visível queda ao radar
ônibus espacial

A lua é vala
apaga luz esperança esgoto
aéreo rosto de ninguém
horizonte e moscas cintilam
fede corpo torto cansaço
seu hospital doença móvel
barricadas ao léu firmamento
zumbido vento imaginário a esquizofrenia
grita música fim de festa
ouvido surdo fone de ouvido
tudo uma loucura rouca
sublime acidente vêm
vidro visto perigo

É a queda depressiva
ponto terminal
lugar qualquer
cidade perdida

Ataque de nervo óptico
turbina coração sentimento falha
estação precipício chão
sem incômodos caindo
 sono sonho em pleno pesadelo
pouso forçado
explode a vida