Apenas só
aguado em lama do peixe sufoco
chuva alagamento das lágrimas
a despedida menina
menino Hipócrates
parto feto falecido
doenças cifrões na tarde
o governo brinca morte
lida em dinheiro os ricos
pagando para ver a pobreza
atacar em filme videogame cruel
a sina macabra cidade carne
desperdiça vida em via
uma bicicleta merda
pedalando agonia viva
nem um centavo valia
amarga juventude perdida
também a medicina na triste esquina
asfalto do sangue ciclo
desarmonia em fim perdido
toda vida em perigo
O público agora privada
está seca sem água no banheiro maldade
superpopulação em leito de morte róseo
ala de desamparo enfermaria número quatro
o lago de fúrias e poluição ausente sentido
idoso rosto da estátua desrespeitada
o médico Jaime Gold professor foi queimado
são facadas em farpa depressiva
vasta farsa social aos olhos em queda
falta noção o tato toque
surdez para música bonita
são as asas em corte assadas
um churrasco de sonhos
pesadelo acorda realidade
classes antissociáveis capitalismos
a fábrica de ser bandido
lucram absurdos bancos da praça mundial
contas a pagar com moeda biológica
uma guerra verme e velha
mau estar de civilização para roubar
doenças crônicas cédulas de alto cifrão
estafilococo aureus pútrido burguesismo
uma cepa de bactéria pós moderna
comendo todas as pessoas num restaurante terrível
gangrena gasosa sonora em barulho dos pratos
somos nós a comida de enfermo
indo até a boca do monstro caixa registradora
ceifando solidariedade e abrindo covas
uma economia assassina que diz bom dia
capitalismo ferida antiga
Há hospital doente de lixo
empobrecido com a ganância dos dentes privilegiados
mastigam também escolas analfabetas
viés notícias de televisão para cegar
a violência é produto vendido
tudo como resto do almoço na janta
migalha de sorriso
cidadão mendigo
Vão indo esperanças
seguem tristes mortes
caminhos cansados
sofrimento fútil combustível injusto
salário máximo privilégio e miséria
mansões no inferno terrestre
barraco desabando no montanha de carinho
és o terrível cargo de dor
crachá chip mental marionete
a esquizofrenia latifundiária
shampoo arrogante aos cabelos ferro
toda a invalidade do mundo
Deita na sarjeta de gelo esgoto
queimando a indústria dentro do corpo
amargo câncer ascendente açúcar refinado
diabetes tensão cardíaca e sal
telefone carcinogênico liga para você
mas a saúde lhe abandona
pagador de impostos
encolhido no chão com o feto
é também a criança esse adulto
infortúnio sem futuro adolescente
tudo nulo
Agora é ferido por palavras
eis fria fina poesia cotidiana que fatia
coração triste bate bate a cabeça em parede
o relógio cai nossa vida
a esquina e vento sujo
poderosos arremessam entulhos
tanques de guerra e cérebro bélico
grades e febre rosa remédio de farmácia
chá de genocídio bruto lucro fútil
sangue de ser bicho humano abatido
também do lanche animal extinto
enlouquecendo humano sozinho
morto vivo