quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Rastejo









Rastro entre restos
raspas na migalha cinza comida
pedaço prédio jogado fora
sobra esquecida cimento
a batida cardíaca desliza
eis o chorume lubrificante
hospital jaula pintada com merda
marron bombom engolido
bolso gordo plano de saúde doente
pagamento à vista vida
custo olho cego da cara
assim pisado com coturno
estado péssimo estrago
corpo em cansaço vasto
sozinho solitário
cidade cérebro 
 

Segue a peste nada leve
toca na porta caída do sentimento
o incêndio apagado
rescaldo com lágrimas sujas  
      um chão duro ao sentir 
a humanidade em continentes
o escravo mendigo abandonado
índio cuspido na cara 
saliva do catarro acido sulfúrico social
patife patrão podre
 soco na surra ao global nativo falido
arrasto de farrapo que se maltrate
dano lasco
todo vago
ser perdido


Mecanismo febril relógio
ponteiros empurrando no buraco
genética ultrapassada carne
sem futuro no prato mijado sabor verme
lixo colorido pseudo comestível 
esmola dor gratuita
sempre escolaridade algema dada
  sofrimento cifrão cela
riso elétrico já velho
lucro luto
 sangue duro


Filhos para a privada
fazem fezes nas bocas
fome intestinal perversa
fronteira África ferida de ebola feliz
uma Europa antiga ladra sorri
 cúmplice e escrava América
planos em Ásia
tecnologia radioativa
cega Oceania balde de lixo nuclear
qualquer problema serve
ferramenta desespero
choro euforia extintora
oh capitalismo pleno


Segue a fila
fulmina vida
definido grande perigo
podre gratuito abismo
agonia grito em vírus 
todos nós jogados no lixo
entulho vivo





 
                

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