Flor do lixo
poesia ao ser que ali existo
deixo na cabeceira
letras sem cor e leveza
colocadas ao vaso duro dessa vida
ao lado de tua cama
Visito o outro eu
letras sem cor e leveza
colocadas ao vaso duro dessa vida
ao lado de tua cama
Visito o outro eu
o você tido idoso
meu pai
minha mãe
câncer na cama
horóscopo não lido
Outubro rosa nuclear
hospital Fukoshima da esquina
um mundo Chernobyl alegria
dizendo boa tarde
Observo espaço
lençóis do enjoo
travesseiro fofo em ardência
um quarto de vida
alucinação química
um açúcar dublê
adoçante ser
Coquetel terapia
droga endorfina acabando no pote
biscoitos ranços com café pós moderno
uma imensa vontade de nada
tic tac relógio visita
alarme vida
desperta nossa dor
Corredor da ala lanchonete
linfoma ou gástrico
prato de sopa leucemia
compramos um cachorro quente já frio
Seio arrancado esperança extirpada
bisturi na goela da fala amorosa familiar
bisturi na goela da fala amorosa familiar
Tv no quarto ligada exibe comercial
um governa a chamar de seu
Saco de lixo nas terças
setor lixeira hospitalar área cirúrgica
a vida em colo do útero a te ninar
bagaços a postos mexidos
um governa a chamar de seu
Saco de lixo nas terças
setor lixeira hospitalar área cirúrgica
a vida em colo do útero a te ninar
bagaços a postos mexidos
sendo a massa de carne do açougue sujo
jogando fora teu carinho
jogando fora teu carinho
o quilo na manobra lucra ao gordo banqueiro
embrulhado para viagem
Ida da vila ala vala pública
dinheiro no caixa
música toca suave
faxineiro trabalha
assepsia que brilha
fio frio da navalha
hospício hospital
fio frio da navalha
hospício hospital
Manifestantes do lado de fora são humilhados
vestidos com sarcoma de kaposi
quebrando vidrinhos e latas
polícias da cabeça polida dançam cassetetes
jogam suas bombas de chocolate doente
são soldados com chip triste na cabeça
são soldados com chip triste na cabeça
tudo isso aos pés desta enfermaria
o cárcere quente convida
jogos de carta e ódio
governantes sorriem seus robôs
roubos nesta luz do dia
escuridão do país maravilha
A doença é uma novela
aliena cérebros doces
mulheres e filhos desenhos desanimados
maternidade da mágoa ao lado
Câncer cidade vírus
maternidade da mágoa ao lado
Câncer cidade vírus
excessos da depressão ferida
compre um emprego maneiro
vire trabalho
escravize liberdade
lucre carcinógeno
Hora do jantar amargo
enfermeiros e médicos queridos do além
alimentos contaminados todos nossos e bonitos
há um balanço e escorregador nessa praça madrugada
caminho da antiga casa em obra transgênica
milhos e arrozes do tumor
Vento radioativo é tarde
fim da visita
pseudo velhice bate na porta
não és mais ninguém
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