terça-feira, 19 de março de 2013

Nonsense






Era uma vez manicômio 
 alarme tocava almoço pesadelo
hora de dormir noite na tarde
remédios em veias velhas
drogas para madrugadas
manhã sol frio

Cárcere lotado de vazios
direitos desumanos assegurados
escolas esmolas alegres
ruas viciadas no respeito
policiais fazendo cafuné em crianças
devidamente equipados de carinho 
munição que estraçalha pivete alegre

Famílias mendiga direitos
hospital alegre corrupção na piscina
danças com malotes de dinheiro
encantadas solidões namoram
gritos feridos algodão doce
oriundos com maquiagem e músculos
machistas espancam com amor

Ensinos cheios de conhecimento ausente
obediência faxineiro com garçom 
salário lápis de cor cinza
caixões musicais sucesso
desenho industrial do medo feliz
medicina perda de vidas
lixeiro do luxo
profissão invisível ecologista

Controle dos níveis de esgoto
capitalismo comédia pânico do drama
bolsas de valores cheia de ossos
risos magnatas no vazamento
petróleo colorido 

Empregos para bêbados
escravidão gratuita bares e esquinas
igrejas bem assim feitas
televisão aberta cabeças fechadas
banheiro sujo público restaurante
fome com sorrisos forçados
fezes na boca dogma na mão

Favela cidade labirinto
lixo floresta queimada 
fábricas e indústrias funcionam
corpos falhando robôs faíscas
trabalha morte uniforme de vida

Toque de recolher roupa da moda
usina nuclear energia estúpida adesivo sabedoria
tudo errado tido como certo ao velho
perigo vizinho xícara de chá césio 147
jovens em diarreia mental grátis

Amor absurdo do precipício 
queda livre relacionamentos prisões
algema de aliança abandono sabor solidão 
choro escondido esquina vida moderna
traição valor amigo em inimizade 
machismo tagarela e socos na cara
censura enlatada jantar à luz de velas
coração pisoteado sapatos de luxo

Amargo ácido e azedo poema belo podre
pessoa humana vomitando analfabetismo
países invadindo países planeta estrangeiro
crises com papel de presente bonito
gritos abafados calor inferno verão
caricaturas rascunhos mapas mal feitos
personalidades retrógradas dizem olá
café sem amanhã jornal notícia fantasia

Mundo desertos areia oceanos sujos
cartão postal desumano planeta terra
horror animais na parede
agonia esquina desprazer bairro alegria
multiplicação doenças lágrimas com sorrisos
fim perigo ser semi vivo 








segunda-feira, 11 de março de 2013

Dor





Ao desconforto do corpo
insuportável que entra 
cada respiração e batimento
mergulha na dor
banhando sem escolhas
nessas fortes gotas de sensação
indesejado imenso veneno

Natureza implacável atroz vasto
pulsa com força em corpo fraco
alarme gritante tocando 
 pé do ouvido amarrado 
sem chance de surdez

São dedos na ferida
agulhas infincando em machucado
sem parar sendo atacado
ausência de defesa
apenas dói 

Uma coberta do sofrimento
aquece a frieza com gelo
angústia travesseiro
tortura pesadelo
olhos abertos

Física e psicológica arrogância natural
deste corpo envolto do enjoo 
sistema nervoso sabor pânico
padecimento ensolarado
queimadura ao luar
dor que dói fundo
arde por toda parte
abismo insuportável sem fim
analgésico sem efeito

Saudade da saúde
dissabor e desprazer
pobreza aflita fétida 
grito contínuo eco coração partido
dó de pena gosto do horror
cólica ao horizonte

Atura excesso bagaço
sofre morte em vida
choro do grito
sofre o eu humano
sem saídas até o fim
amarga e azeda
 dor 






domingo, 3 de março de 2013

Praia





Vou escorregando entre dias
me jogo ali pelas horas
num buraco salgado
uma praia suja
poluição noturna menor
ali ficando só

Areias do pensamento nos sapatos
coceira poética em minhas mãos
pegam canetas de maresias
escrevem esgotos da impureza

Estrofes feias 
frases lunáticas crescentes 
um ar pesado paira em mim
não escolhi viver assim 
o lugar mundo me comeu
cabeça mordida
corpo dolorido

Eu cansado mar vasto
ao longo o lodo químico
do lado o desamparo
meu ser amargo

Redes de relacionamento efêmero
objetos descartáveis carnes de açougue
ausências dos alimentos saudáveis
numa mochila apenas o álcool azedo velho
junto de livros que rasgam pensamentos
acompanhado o celular de silêncio

Há notícias nas mensagens
 uma internet vigiando onda da praia
minhas fotos de rosto feio em careta
transmitindo invasão de privacidade litorânea 
criando focos de controle marítimo cerebral
altamente impróprio se molhar

Um vento bizarro espalha os restos de nada
praia deserta entupida de vazios 
desencantamento e música
um concerto acolhe peixe morto
rapaz ferido bicho lixo
 mono telha no frio

Me arrasto pelo vento
me pego lendo raciocínios
sentimento e desprestigio 
 meu passado
interpretação de texto
o futuro seria assim
ao fundo a cidade cinza
na frente o mar sujo
 eu ali sentado no nada

Chove algo não só água
ácida amargura me molha
completa o lodo local
mar ao naufrago 
humano descabido

O papel social molha na chuva ácida
mistura com a lágrima triste cinza
vômitos bêbados completam
apagando com lixo e areia
o eu mendigo do futuro
mundo em luto
afunda ali