quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Remédio







Corpo em terremoto 
balanço ao furacão
gira febre
dor

Perna esmagada
pétala mal me quer
hospital governo
crônico enfermo 

Falta o ar
sangue sujo coração duro
bolso furado
mendigo na esquina
remédio velho
vida validade vencida

Três comprimidos 
horas e horas
copo do que pinga 
álcool  vício antes de deitar
conta gotas dez lágrimas

Chão da rua cura vida
morte causa
faz falta ao ninguém





quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Sepultura Contemporânea








Enterrem meu cérebro
naquela curva da vala industrial 
pondo flores plásticas
caixão de natureza morta

Funeral químico preciso 
contaminação biológica servida
requinte cruel ao quitute 
café frio tecnológico 

Vísceras aos porcos mecânicos
herança para governos overdose tirania
 ossos fazendo farinha sem esperança

Carne dada aos vermes da internet
roupas doadas à fogueira mendiga
resto sobrado amargo
cinzas do que eu sentia

Cova caixa eletrônica para devorar-me
veneno na fauna e flora viva
dinheiro morto no meio do lodo
meu necro chorume em taças
sete palmas batidas
palmos de terra aos pobres
gratuita sepultura digital
sem vida 






Residência







Vou morar em Chernobyl
constituir família 
câncer feliz

Ogiva no jardim
roda gigante loucura
cidade cerebral mentecapta 

Comer rejeitos nucleares
café sem amanhã
almoço e janta com lama

Príncipe desencantado
Barbie anencéfala 
vizinhos típicos humanos

Escola atômica esmola
supermercado bagaço
rua filme de terror

Residir em radioatividade
acordar o pesadelo
dormir o sonho

Chernobyl frio







Tráfego Trágico





Caco carro
engarrafamento entulho
atraso quebrado e triste
lixo fedido imóvel
GPS posição meio ao vazio
centro do nada
tráfego lerdeza má vontade
pneus psicóticos cantam
o auto absurdo possante

Um barco desliza no esgoto
nossas tristezas aquáticas nas lágrimas
piores egos adoram sofrimentos
obrigam nossa dor virar uma máquina
seres cifrão na capital endinheirada
 poderes vestidos do terno caro e amargo
donos da companhia cacareco
são corações afundados em fezes
cobradores da catraca bizarra

Buzina poluição
fila círculo
motor gruindo 
passageiro inerte
via vida turva
automóvel caminhão
moto bola chutada
ônibus prisão

Lâmpadas cegam iluminando ignorâncias
aplausos da platéia antipática
peça burocrática estragando vidas
carro alegórico de carnaval censurado
avenida  do fim diário

Fumaça larga na cara
túnel ao nada
pista do vazio
luzes ilusão